Fluxo estrangeiro inunda B3, mas gringo pode saciar apetite em breve, prevê Guide
Os investidores estrangeiros iniciaram 2023 com um apetite voraz por ações brasileiras. Dados mais recentes da B3 mostram que os gringos já colocaram quase R$ 10 bilhões no mercado secundário (ações já listadas) no acumulado do ano até a quinta-feira da semana passada (dia 26).
Enquanto isso, o investidor pessoa física retirou pouco menos de R$ 2 bilhões líquidos na B3 em janeiro até o dia 26. No mesmo período, o investidor institucional sacou pouco mais de R$ 7 bilhões. Os dados são da própria B3.
Gringo x local
Para o analista Mateus Haag, da Guide Investimentos, de um lado, os locais parecem ter sido mais abalados pelos discursos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus ministros. Por outro, os gringos parecem acreditar que o atual governo será parecido com o primeiro mandato de Lula, em 2003, independente de seus discursos.
De qualquer forma, o forte fluxo comprador de investidores estrangeiros chama a atenção. Para Haag, esse ingresso de recursos deve-se ao valuation baixo das ações no Brasil.
Além disso, o maior crescimento econômico doméstico e as chances de redução da taxa Selic ainda em 2023 também favorecem essa alocação. “A situação dos mercados desenvolvidos é bem diferente”, ressalta o analista, em relatório diário.
Afinal, os riscos de recessão nos Estados Unidos seguem latentes. Ademais, o Federal Reserve deve aumentar os juros pelo menos mais uma vez neste ano, amanhã.
Ou seja, lá fora, as perspectivas econômicas são ruins e o valuation dos mercados é ainda muito próximo da média.
Estrangeiro de 2023 é o mesmo de 2019
Conforme análise da Guide Investimentos, o movimento dos estrangeiros na bolsa brasileira neste início de 2023 lembra o que aconteceu em 2019. Ambos os anos foram marcados por períodos pós-eleições presidenciais.
“Um ponto que chama atenção é que em 2019 o bom humor dos mercados com o novo governo foi abalado somente a partir de fevereiro, quando o Congresso foi empossado. Até lá o mercado subiu com pouca volatilidade”, afirma Haag, referindo-se ao início de mandato de Jair Bolsonaro e mencionando o gráfico, abaixo.
Para o analista da Guide, 2023 pode ser similar a 2019 também neste aspecto. “Com o retorno do Congresso, é provável que a volatilidade dos mercados aumente”, prevê.
Vale lembrar que o recesso parlamentar chega ao fim amanhã, quando acontecem eleições para presidência nas duas Casas legislativas. “Com a posse do Congresso, vamos passar a ter medidas sendo efetivamente apresentadas e posteriormente votadas”, concluiu.