Fleury terá que enfrentar Dr. Consulta, Panvel e Raia Drogasil se quiser avançar
O Fleury (FLRY3) revelou uma série de novidades em seu Dia do Investidor, realizado na última segunda-feira (15). A empresa pretende focar, principalmente, em sua estrutura digital. Mas o anúncio não foi suficiente para convencer os analistas da Ágora Investimentos.
Segundo Fred Mendes e Flávia Meireles, apesar do plano da companhia ser robusto a longo prazo, ele esbarra nos desafios envolvidos no estabelecimento da nova estrutura “dada a possível concorrência de outros players, como Dr. Consulta ou mesmo de drogarias, como Raia Drogasil (RADL3) ou Panvel (PNVL3; PNVL4)”.
Além disso, eles observam que o Fleury negocia a um preço sobre lucro de 26 vezes para 2021, enquanto a sua concorrente Hermes Pardini (PARD3) negocia a 12 vezes.
Dessa forma, os analistas mantiveram a recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 29, potencial de valorização de 7%.
“De maneira geral, o evento trouxe informações positivas que nos ajudam a esclarecer muitas coisas sobre a nova plataforma de saúde e a entender melhor os serviços que o Fleury deseja construir além do diagnóstico. Acreditamos que o Fleury deva se beneficiar no longo prazo, pois traz eficiência ao setor por meio da atenção primária e isso pode levar, principalmente, à redução da sinistralidade para as operadoras de saúde”, pontuaram.
Pulo para o digital
Um dos pontos mais destacados do evento foi o investimento no digital. O Fleury pretende criar uma plataforma online de saúde, chamada Pupila, para facilitar a dispersão do conhecimento por toda a rede.
“A integração dos serviços digitais de saúde parece estar se desenvolvendo mais rápido do que esperávamos, com novas estruturas sendo adicionadas para configurar o Saúde ID, um projeto de integração de serviços”, disseram.
A administração do Fleury também vai elevar o investimento em medicamentos de precisão, como investimento em um sequenciador de DNA.
Além do diagnóstico
A companhia mira aumentar a participação em outros setores, como o atendimento ambulatorial, o que seria, na visão dos analistas, “uma nova vertical de crescimento”.
Com isso, o Fleury deve buscar mais ativos que possam aderir à estratégia de integração de serviços para seus clientes.
Recentemente, a companhia comprou, por R$ 120 milhões, o Centro de Infusões Pacaembu (CIP) e 80% das quotas de emissão da Clínica de Olhos Dr. Moacir Cunha.
“Isso pode até possibilitar a conquista de um pedaço do mercado hospitalar (atendimento ambulatorial)”, afirmaram.
Outro projeto, o Interstellar, pretende dar mais eficiência para atender à demanda potencialmente maior de processamento de exames.
Para isso, a empresa quer se mudar para uma nova sede, aumentando o número de exames por dia em até 500 mil, hoje em 150 mil, e revisar processos para torná-los mais eficientes.
De olho na expansão
A administração do Fleury reafirmou o plano de entregar entre 73 e 90 novas unidades até o final de 2021. Desde 2016, abriu 55 novas unidades.