Fleury vai continuar crescendo mesmo com Selic alta, diz CEO
O Grupo Fleury (FLRY3) está com uma estrutura de capital “muito adequada” para continuar crescendo mesmo com a Selic em 13,75% ao ano, disse a CEO da companhia, Jeane Tsutsui, ao Money Times.
A empresa divulgou nesta quinta-feira (4) uma queda de 15% do lucro líquido do primeiro trimestre, a R$ 93,9 milhões, em um reflexo dos juros elevados impactando a linha de despesas financeiras.
“Todo o mercado está enfrentando essa situação, mas nós estamos com nível de alavancagem muito adequado”, ponderou, destacando a margem bruta de 28%. “O Fleury tem uma disciplina em termos de controle de custos e despesas”.
Tsutsui afirmou que a companhia se preparou para o cenário atual ao chegar no final no primeiro trimestre com uma relação dívida líquida/Ebitda de 1,2x, menor do que o patamar do mesmo período do ano passado, de 1,4x.
O Ebitda da companhia totalizou R$ 345,8 milhões, em uma alta anual de 5,9%, enquanto a receita líquida subiu 13,5%, a R$ 1,24 bilhão. A margem líquida caiu de 10,1% para 7,6% em um ano.
“No primeiro trimestre do ano passado, a gente teve uma receita muito importante vinda de covid-19”, lembra a CEO. “O grupo faz testes e houve o pico de ômicron na época. Se tira covid das duas bases [trimestrais], o crescimento foi de 20%”.
O CFO Jose Filippo acrescentou que a estratégia de preservação de liquidez e menor alavancagem vai continuar “por algum tempo” porque a queda da Selic não será abrupta. “Isso nos prepara para analisar oportunidades”, ponderou. No ano passado, o Fleury ainda teve um payout de 35% do lucro.
Combinação com Hermes Pardini
O Fleury deve aumentar ainda mais a receita nos próximos trimestres por conta da combinação com a concorrente Hermes Pardini, comprada no ano passado, destaca a CEO. A conclusão da operação aconteceu em 28 de abril e a partir desta semana a ação da antiga rival deixa de ser negociada na B3.
Em 2022, Fleury fez R$ 4,8 bilhões de receita e a Pardini atingiu R$ 2,2 bilhões. “As empresas combinadas têm nível de sinergia de até R$ 220 milhões de Ebitda incremental por ano para capturar”, afirmou Tsutsui, ponderando que há uma “curva de captura”.
A empresa, destacou, ainda segue crescendo organicamente: foram quatro unidades de atendimento abertas recentemente, sendo três de diagnóstica e uma de ortopedia, além do avanço das unidades existentes. “A gente cresceu 10,9% na marca Fleury”, acrescentou a executiva.
Em atendimento móvel, o avanço foi de 31,1%, enquanto que em novos segmentos os ganhos chegam a 99,2% – sendo 38,9% via crescimento orgânico.
“A gente tem feito um trabalho extenso para ganhar mercado, inaugurando novas unidades, expandido serviços nas unidades existentes. Comparando agora com o pré-pandemia, nós crescemos 22,2% a receita por metro quadrado nas unidades existentes”, disse.
Tsutsui vê uma tendência macro de envelhecimento da população, com mais doenças crônicas, e um comportamento pós-pandemia de maior preocupação com saúde, que implicam em uma demanda maior por medicina diagnóstica, uma das áreas de atuação do Fleury.
“O grupo faz muita inovação. Ano passado lançamentos 600 novos produtos e serviços“, disse a CEO. “Isso é muito importante na área médica, muito em linha com avanço da medicina”.