Política

Flávio Bolsonaro nega em depoimento que teve conhecimento prévio de operação na Alerj

20 jul 2020, 17:28 - atualizado em 20 jul 2020, 17:28
Flávio Bolsonaro
Flávio Bolsonaro, que era deputado estadual em 2018, foi ouvido em Brasília nesta segunda pelo Ministério Público Federal (MPF) (Imagem: Roque de Sá/Agência Senado)

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) negou nesta segunda-feira que tenha tido conhecimento prévio da operação Furna da Onça, que investigou deputados estaduais da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) em 2018, em meio ao processo eleitoral daquele ano, disse uma advogada do parlamentar.

Flávio Bolsonaro, que era deputado estadual em 2018, foi ouvido em Brasília nesta segunda pelo Ministério Público Federal (MPF) no âmbito das investigações sobre o suposto vazamento da operação, que levou deputados estaduais à cadeia e revelou movimentações financeiras atípicas em mais de 20 gabinetes de parlamentares da Alerj.

Foi naquela operação que nasceu a investigação sobre as chamadas “rachadinhas” na Alerj, tendo como base relatórios financeiros do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

“Ele negou obviamente. O vazamento nunca chegou ao conhecimento do senador e nenhuma informação da Furna da Onça”, disse a jornalistas a advogada Luciana Pires.

A advogada argumentou que um dos alvos da operação Furna da Onça, o deputado André Correa, tinha apoio à época de Flávio Bolsonaro na disputa para presidência da Alerj, e que Flávio não teria apoiado Correa se tivesse tido conhecimento prévio da operação.

“O senador disse categoricamente que não tinha conhecimento prévio… se ele soubesse ele não apoiaria um alvo da Furna da Onça”, afirmou.

Depois de depor, Flávio, que é filho do presidente Jair Bolsonaro, disse em rápida declaração a jornalistas que “isso é página virada”.

“Isso é página virada”, disse Flávio Bolsonaro após o depoimento (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Procurado, o MPF ainda não se manifestou sobre o conteúdo do depoimento.

A denúncia de vazamento foi feita pelo empresário Paulo Marinho, ex-aliado da família Bolsonaro e suplente do senador Flávio Bolsonaro.

“Infelizmente há pessoas que se utilizam da máquina pública para se promover. Tem pessoas que são candidatos e precisam de voto… é mais uma invenção espetaculosa”, afirmou a advogada. Marinho é candidato a prefeitura do Rio de Janeiro pelo PSDB.

A defesa de Flávio Bolsonaro informou que a oitiva presencial durou cerca de 40 minutos e o senador falou, na condição de testemunha, que se mantém à disposição da Justiça e das autoridades.

Esse foi o segundo depoimento prestado por Flávio Bolsonaro neste mês. O senador já tinha sido ouvido por videoconferência pelo MP fluminense nas investigações sobre as “rachadinhas” na Alerj.

O ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz, acusado de coordenar o esquema da “rachadinha” no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj, também já foi ouvido nos dois inquéritos. Queiroz e a esposa estão em prisão domiciliar no Rio de Janeiro.