Flávia Jabur: “criptomoedas são o futuro, como também o presente, mas é preciso estudar o mercado”
Nesta segunda-feira, o Crypto Times realizou uma entrevista com Flávia Jabur, jornalista e apresentadora do Cripto Morning, da corretora BitcoinTrade.
Flávia discutiu um pouco sobre o mercado cripto, as desconfianças que as pessoas ainda têm, o papel das mulheres nesse nascente mercado e o que um novo entrante de cripto precisa fazer antes de investir nesses ativos. Confira:
1) Flávia, pode nos contar um pouco sobre sua trajetória profissional?
Eu comecei na Band do Paraná, como estagiária. Eu apresentava o programa de futebol Os Donos da Bola, com outros especialistas. Também fazia a produção do jornal da noite e da manhã na Band. Depois, saí um tempo da Band e acabei voltando.
Fui repórter em um programa de luta, de artes marciais, pois eu treino há mais de dez anos. Então eu entendia e gostava. Depois, saí de lá e fui para um site de notícias de cripto.
Foi bem engraçado porque eu não entendia nada de criptomoedas. A gente vê mulheres aí no mercado, mas tem mais homens trabalhando. Acabei entrando nesse mercado a convite de um amigo meu. Eu não entendia nada, mas sabe como que é jornalista. Jornalista aprende tudo! E cripto não é fácil.
Entrei em 2019, quando tinha mais informação do que para a galera que entrou antes do que eu mas, mesmo assim, era difícil entender sobre o mercado.
Passei alguns meses estudando bem a fundo criptomoedas para entender e passar para as pessoas, da maneira mais clara possível — é o trabalho que o jornalista faz também. Comecei a estudar, comecei a escrever para o site. Depois, o site acabou fechando e eu acabei indo para a BitcoinTrade.
Estou na BitcoinTrade desde então, fazendo todo esse trabalho de informar as pessoas sobre o mercado, fazer programas diários para trazer especialistas, com análises gráficas.
Entrei na BitcoinTrade por conta de um programa chamado Desafio Cripto, com doze especialistas do mercado financeiro, para mostrarmos para as pessoas que não é um mercado difícil de entender, mas que não precisa ficar fazendo day-trading, comprando e vendendo todos os dias. Não, você pode mexer uma vez por semana na sua carteira, ter a sua profissão e, mesmo assim, ter um lucro legal.
O programa foi um sucesso. As pessoas gostaram bastante. Conseguimos passar essa mensagem e esse programa teve um cunho social: todo o lucro que os especialistas tiveram na carteira deles foi doado para instituições de caridade.
A gente pegou o começo desse boom e, depois de dezembro, disparou ainda mais. Se fosse hoje, as carteiras dos especialistas estariam bombando ainda mais.
Fora isso, a gente começou com o Cripto Morning, que é um programa diário, de segunda a sexta-feira, às 9h30 no canal da BitcoinTrade no YouTube.
A BitcoinTrade se preocupa não só em ser uma corretora, para comprar e vender criptomoedas, mas sim em ensinar as pessoas a investirem no mercado, a buscarem pela melhor oportunidade, pois é um mercado muito volátil. Tem que tomar cuidado.
Eu me identifiquei muito com o mercado cripto, e até mesmo com o de futebol… Cripto tem tudo a ver com liberdade e gosto muito de falar sobre isso.
2) Como você começou a se envolver com o mercado cripto?
Foi engraçado porque eu só sabia que o bitcoin existia e ponto. Eu queria mudar, então meu amigo me convidou para escrever para esse site de notícias. Eu não sabia o que era. Em 2017, eu só ouvia falar do bitcoin e só — eu acredito que é assim para a maioria das pessoas.
2019 foi um ano em que tinha muita pirâmide financeira. Muita gente perdia dinheiro, caindo em golpe por falta de conhecimento sobre o mercado, justamente pela visão de ganhar dinheiro fácil, por ganância.
Eu olhei para isso e falei: “vou aprender e vou ajudar essas pessoas a entenderem esse mercado e olharem de forma diferente e menos preconceituosa”.
No começo, eu pensei: “como assim uma moeda que não se pode tocar?” e as pessoas até da minha família diziam “Não sei, Flávia? Cripto? Mas eu não sei se isso é confiável”.
Me propus a estudar e, a partir do momento em que eu entendesse muito bem, iria começar a investir. Estudei, entendi, me apaixonei e comecei a investir. Eu quero muito passar educação para as pessoas.
A BitcoinTrade até ganhou o prêmio de corretora mais transparente do Brasil justamente, pois a gente busca trazer informação para as pessoas verem que é um mercado legal, seguro, que pede liberdade e as pessoas têm que ter uma visão diferente sobre isso.
3) Em suas palavras, o que são criptomoedas?
Criptomoedas são moedas virtuais. Assim como o real e o dólar existem, o bitcoin também, que é uma moeda, só que totalmente virtual.
O bitcoin é legal pois tem 21 milhões de unidades. Assim como o nosso dinheiro, em que a gente sempre fala do lastro… Hoje o governo pode chegar lá e imprimir o quanto quiser de dinheiro e é isso o que estamos vendo desde o começo da pandemia, não só no Brasil como também fora.
Então o bitcoin tem um lastro: 21 milhões de unidades que serão produzidas. A gente sabe como vai ser feito, como é feito toda a produção, como funciona a mineração.
Criptomoedas são o presente, são o futuro, mas as pessoas até desconfiam: “como vou me sentir seguro em relação a isso?”. Mas, hoje em dia, muitas pessoas não usam mais papel-moeda. A gente está com o dinheiro no banco, só passa o cartão e a gente também não toca.
Nem todas as criptomoedas possuem uma credibilidade, pois várias irão sumir — é por isso que precisamos estudar o fundamento e é por isso que o bitcoin é o bitcoin.
Existe essa questão da liberdade, de a gente não depender do governo, de uma instituição, e para sermos donos do próprio dinheiro. Isso é muito revolucionário.
4) Você sentiu algum tipo de dificuldade ou receio de ser uma mulher, jornalista e apresentadora nesse setor tão nascente?
Eu não tive contato com outras jornalistas mulheres que falam sobre criptomoedas. Acredito que sou uma das únicas jornalistas que falam de cripto no Brasil. Fui muito bem-acolhida nesse meio e nunca tive problemas.
Já ouvi outras meninas que trabalham com cripto falarem que tiveram problemas de homens tendo preconceitos sobre serem mulheres falando sobre cripto.
Mas falando por mim, nunca tive problemas. Sempre fui bem-recepcionada no mercado. Tive pessoas que me ensinaram com calma o que era, como funcionava, e acredito que ter uma jornalista falando sobre cripto no mercado é muito importante.
As pessoas consideram o jornalista como uma pessoa que entende e que passa credibilidade, por passar a informação da maneira mais neutra possível.
É isso o que eu busco fazer diariamente para as pessoas: trazer a informação, de forma mais imparcial e clara possível para todas as pessoas entenderem, tanto para quem está começando como para quem já está no mercado.
Acho que, de preconceito, só teve uma live que eu fiz em que um cara entrou e disse: “mulher falando? Vou sair da live”. Mas fora isso, sempre fui muito bem-recepcionada, tanto pelas mulheres como pelos homens.
Acho que é muito importante para as mulheres verem que tem uma mulher falando sobre cripto — porque existem muitas no mercado de ações. Ainda são poucas mulheres e poucos homens que estão falando sobre cripto no Brasil, pois é um mercado pequeno.
Acho que estamos crescendo bem, pois as mulheres do mercado são bem unidas e sempre tive um bom relacionamento e isso me ajuda muito a crescer e a ter mais credibilidade.
As mulheres estão se interessando. Cripto é liberdade e mulheres buscam por liberdade na sociedade. A gente quer que as pessoas olhem o homem e a mulher de maneira mais igual.
É um mercado mais masculino, então acho que a maior dificuldade é trazer mais mulheres para esse mercado, para que elas percebam que têm o potencial de falar sobre isso, já que mulheres são mais “pé no chão” do que os homens — que querem mostrar resultado. Podemos falar de tudo o que a gente quiser.
Acho que existe um medo das pessoas, e das mulheres em geral, em falar sobre isso, de entrar para o mercado financeiro. Não tem por que ter esse medo. Temos uma comunidade pequena — e feminina também —, mas todo mundo se ajuda e isso é muito legal.
Uma coisa que eu gostei e senti uma diferença, em relação à televisão, é que um sempre quer ser melhor do que o outro. Em cripto, eu não senti isso em momento algum, pois todos se ajudam.
É um mercado em que as pessoas podem crescer e as mulheres vêm crescendo nesse mercado — pouco, mas a gente vem assumindo nosso lugar e as pessoas vão confiando no nosso trabalho.
5) Considerando que o mercado cripto é disruptivo e teve grandes avanços, o que podemos esperar no quesito “equidade” — igualdade de direitos entre homens e mulheres?
É um mercado novo, que surgiu há pouco tempo. Acredito que, com o tempo, teremos mais mulheres à frente de grandes empresas falando sobre isso.
Existem outras meninas no mercado que estão falando sobre tokens não fungíveis (NFTs) e finanças descentralizadas (DeFi) e abrindo empresas relacionadas a isso.
Acredito que num futuro muito próximo, veremos mais mulheres dominando o mercado, na frente de grandes corretoras e projetos.
6) Qual é o papel das mulheres no mercado cripto? O que você acredita que elas podem mudar?
As mulheres podem mudar essa visão de que o mercado financeiro é dos homens. Sim, é um mercado que predomina da presença masculina, mas acho que as mulheres podem, cada vez mais, mudar e mostrar que, não, que o mercado financeiro também é para mulheres.
Cada vez mais, elas estão independentes. Acredito que vai evoluir muito e que as mulheres irão olhar para cripto em busca de liberdade financeiro e cripto pode fornecer isso para nós de todas as maneiras possíveis.
7) Tem uma mensagem para as mulheres que ou desejam investir nesse setor ou participar ativamente de algum projeto?
Cripto para todo mundo, não só para as mulheres, como também para os homens. É um mercado muito legal, que a gente tem que estudar, que não é só o futuro, como é o presente.
Vemos bancos centrais criando suas próprias moedas digitais (CBDCs), o Brasil desenvolvendo um real digital. A gente precisa olhar para isso, e não deixar para depois. Precisamos olhar para cripto, estudar antes de começar a investir.
Não existe a ideia de “estou chegando atrasado”. Estuda, vai com calma, pois é um mercado que aceita todo mundo, que permite um rendimento e um lucro muito legal, apesar de ser um mercado volátil, mas que exige calma para não ter prejuízo. É um mercado que dá oportunidade para todos.
8) Qual seu preço-alvo para o bitcoin até o fim de 2021?
Este mês, eu acredito que ele vai continuar muito lateralizado, pois é um momento em que as altcoins estão se destacando muito, mas eu acredito que, até o final do ano, o bitcoin poderá chegar a US$ 100 mil.
Temos muitas instituições entrando em cripto, o que é um grande diferencial de 2017 para cá. Antes, não tínhamos essa segurança e maturidade de hoje.
Temos Tesla, MicroStrategy, Square e o Mercado Livre comprando bitcoin. Se as instituições olham para isso, tem um por quê. Não é a Flávia dizendo para vocês que criptomoeda é legal. Não, são as grandes instituições para cripto, investindo seu dinheiro, como algo que eles acreditam.
9) O que podemos esperar da BitcoinTrade no restante de 2021?
Temos muitas novidades. Podemos esperar programas novos, uma segunda edição do Desafio Cripto, outras novidades de conteúdo que vamos produzir. Vem novas criptomoedas em breve.
É um ano que estamos focando em crescer bastante, em trazer produtos de qualidade para todo mundo. Vem coisa boa por aí!
10) Você tem algum recado final para os investidores em cripto?
Um alerta que deixo é o cuidado que as pessoas têm que ter. Cripto não é golpe. Infelizmente, muitas pessoas ainda acreditam nisso. Cripto exige pesquisa, entendimento, busca por uma corretora de confiança, qual preza por segurança, por transparência…
Focamos na transparência para os clientes se sentirem seguras ao entrarem nesse mercado. Não acredite em promessas de rendimento, pois é uma renda variável, e o preço pode subir e cair. Vai com calma, não deixa a emoção influenciar por causa da volatilidade.
Existem milhares de criptomoedas no mercado e por isso é importante estudar o projeto. O que muitas pessoas também não sabem é que é possível comprar frações do bitcoin em vez de comprar 1 BTC inteiro.
É ir com calma no mercado. Há milhões de pessoas que ainda não entraram nesse mercado, que ainda vai crescer. Tem lugar para todo mundo. Então estudem e entrem com calma.