Fitch eleva Brasil e corta EUA: onde acertamos e os americanos erram?
A agência de risco Fitch trouxe, num espaço de uma semana, uma qualificação negativa sobre os EUA e uma positiva sobre o Brasil, mostrando que o governo americano têm problemas com a governança fiscal, e que o governo brasileiro têm se esforçado em garantir seus compromissos financeiros e apresentado bons resultados fiscais.
A medida sobre os EUA surpreendeu o mercado, na última terça-feira (2), com o downgrade do rating de crédito dos Estados Unidos, de AAA para AA+. A agência ainda cita uma “deterioração fiscal” nos Estados Unidos nos próximos anos e as várias negociações em torno do teto da dívida – resolvidas de última hora.
Brasil tem problemas, mas tem evoluído
Brasil tem problemas, mas tem evoluído. Esse foi basicamente o recado da agência uma semana antes, ao elevar o rating do Brasil, de BB- para BB (com perspectiva estável).
A Fitch basicamente avalia a capacidade dos países de assumirem seus compromissos financeiros, olhando para a situação fiscais dos países no longo prazo.
A métrica vai de AAA (que significa “mais alta qualidade” de crédito) até C (que representa um risco excepcionalmente alto de calote). Para o Brasil chegar ao nível dos EUA, precisaria de 7 avaliações positivas consecutivas.
No caso do Brasil, o desempenho fiscal e macroeconômico foram considerados melhores que o esperado, ajudando no novo rating. Porém, nem tudo são rosas. A agência aponta que o país tem ganhos limitados pela alta dívida do governo, rigidez fiscal, fraco potencial de crescimento econômico e pontuações de governança relativamente baixas.
No entanto, a Fitch observou o que o governo tem feito para melhorar o ambiente fiscal e citou uma expectativa de que novo governo trabalhará para mais melhoras, afirmando que as novas regras fiscais e medidas tributárias em implantação no Brasil coloquem uma âncora melhor sobre a consolidação fiscal.
EUA: governança em risco
Um dos principais pontos do rebaixamento da nota de risco da Fitch sobre os EUA é em relação à governança do país. No caso, a agência avaliou que os padrões de governança nas questões fiscais e de dívida se deteriorou muito nos últimos 20 anos.
O caso recente mais relevante foi a delonga do presidente do país, Joe Biden, em conseguir um acordo com o Congresso para elevar o teto da dívida, hoje de US$ 31,4 trilhões.
Conforme uma possível resolução se adiava, os agentes econômicos passaram a falar em um “calote da dívida” dos EUA, visto que o prazo para o acordo era no dia 5 de junho -e foi resolvido 10 dias antes.
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Brasil pode atrair mais capital, avaliam economistas
O downgrade dos Estados Unidos pode gerar um cenário de investimentos melhor para o Brasil, na avaliação de dois economistas.
Segundo André Perfeito, economista-chefe da Necton, a mudança no rating americano é “o downgrade do andar térreo de um prédio, onde todos os andares acima descem um andar”. Mas, embora o Brasil seja ‘um andar decaindo’, o país pode se beneficiar de capital estrangeiro com o aumento de risco imposto pela situação”.
Perfeito avalia que “o sinal é positivo para os mercados de capital brasileiros”, visto que o Brasil “está melhor na margem”. Ele avalia que o país pode atrair capitais de curto e médio prazo.
A opinião é compartilhada pelo economista Rodrigo Antunes, da WTI Invest. Segundo ele, o Brasil tem feito um bom trabalho na economia e atraído capital “em função do valuation atrativo de nossas empresas”
Ele afirma que a possível redução da Selic sinalizando responsabilidade fiscal deve atrair dinheiro estrangeiro.