Economia

Qual o tamanho ideal do corte de gastos? Economista diz que R$ 50 bilhões são factíveis para ‘correção de rumo’

04 nov 2024, 12:30 - atualizado em 05 nov 2024, 8:14
corte fiscal
(Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

A economista-chefe do Inter, Rafaela Vitoria, acredita que um corte de R$ 50 bilhões no crescimento das despesas do Orçamento de 2025 é factível e passará credibilidade de que o governo comprometido com a política fiscal.

Há algumas semanas, o governo prometeu um pacote de medidas de contenção de gastos públicos. A expectativa é de que esse reajuste fiscal seja anunciado esta semana, de acordo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Segundo a economista, em entrevista ao Money Times, a expectativa é que o país registre um déficit de R$ 100 bilhões no ano que vem, se não houver novas revisões de regras. Com isso, o corte ideal, segundo Vitoria, seria algo próximo a esse montante.

No entanto, ela pondera que tal número “é difícil de ser executado”, considerando o crescimento natural da previdência e as regras de despesas obrigatórias. “Acho que algo próximo de R$ 50 bilhões é factível e seria um bom número para o curto prazo”, diz.

A economista do Inter afirma que a “grande expectativa” do mercado quanto ao reajuste é uma correção do rumo fiscal.

“O governo aprovou um novo arcabouço fiscal no ano passado, mas, na prática, vimos um crescimento mais acelerado de despesas. Então, claramente, o arcabouço não foi suficiente para conter um aumento de gastos que, em parte, está contratado pelos vários programas sociais e, principalmente, pelo aumento real de salário mínimo”.

Vitoria diz que, para firmar tal compromisso, o pacote a ser anunciado pelo governo deve trazer não só uma revisão de gastos no curto prazo, mas também uma reavaliação das regras no longo prazo — como a desvinculação de gastos de saúde e educação à receita.

Para a economista, o maior problema hoje é que os gastos pressionam a demanda. “Temos um mercado de trabalho aquecido e uma inflação acelerando”, pontua.

A redução de gastos por parte do governo traz dois benefícios: melhora a percepção de risco fiscal e desaquece a demanda, o que pode melhorar o mercado de trabalho e aliviar a inflação. “Estamos em um momento excelente para o governo reduzir gastos sociais, com o mercado de trabalho nas máximas. A política anticíclica é importante não só em períodos de recessão, mas também em períodos de crescimento”.

Pacote fiscal deve sair esta semana

Haddad disse nesta segunda-feira (4) que as medidas de contenção de gastos públicos estão ‘muito avançadas’ do ponto de vista técnico.

Em entrevista a jornalistas, ele afirmou que fará reunião sobre o tema nesta segunda com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem caberá definir a forma de comunicação das medidas.

Segundo Haddad, sua viagem à Europa nesta semana, que acabou cancelada a pedido de Lula, estava dependendo da definição das medidas fiscais.

“Como o presidente pediu para eu ficar, e como as coisas estão muito adiantadas do ponto de vista técnico, eu acredito que nós estejamos prontos nesta semana para anunciar”, disse.

O ministro já esteve com Lula na manhã desta segunda, mas afirmou que o encontro teve como pauta as reuniões do G20. Uma nova reunião, na parte da tarde, será focada no tema fiscal.

Ele disse que há “várias definições” sobre as medidas de gastos e que o presidente passou o fim de semana trabalhando o assunto, em contato com técnicos, mas não apresentou detalhes do pacote.

“Por deferência ao presidente, ele que vai organizar a comunicação, a reunião da tarde tem essa finalidade, vamos aguardar algumas horas, ele que vai definir quem comunica, como comunica. Peço algumas horas para termos um encaminhamento da parte dele”, afirmou.

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