Novo presidente da Câmara defende agenda fiscal e alfineta: governo precisa cortar despesas
O presidente da Câmara dos Deputados recém-eleito, Hugo Motta (Republicanos-PB), garantiu nesta terça-feira que a Casa seguirá reforçando e apoiando a pauta da estabilidade fiscal, também prioridade declarada do Executivo, mas acusou o governo de ter “dificuldades” em cortar gastos.
“A saída com o aumento da arrecadação, ela não resolverá o problema se não trancar a torneira do outro lado. Porque não é quanto está entrando no caixa, é quanto está saindo”, avaliou Motta, em entrevista à GloboNews.
O novo presidente da Câmara avaliou a atual situação econômica do país como “grave”. Afirmou, por outro lado, ter uma boa relação com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que, segundo o deputado, encara o controle das contas públicas de maneira semelhante à do Congresso, mas vem tendo sua opinião vencida nas discussões internas do governo.
“Eu acho que eles (o governo) têm ali uma dificuldade de entendimento, que me parece que o ministro Haddad tenha ficado vencido nas discussões internas e na tomada de decisão final”, disse Motta.
“Foi assim, me parece, no assunto de corte de gastos que foi anunciado no final do ano, que acabou trazendo uma repercussão muito negativa”, acrescentou o deputado.
No final do ano passado, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou um pacote de medidas fiscais, mas elas foram recebidas pelo mercado como insuficientes para controlar a trajetória de gastos. A recepção foi pior ainda porque ao mesmo tempo o governo anunciou a futura isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.
Para Motta, a posição do Parlamento em relação à situação fiscal pode ajudar o ministro da Fazenda.
“Eu acredito que esse bom relacionamento com o Congresso pode ajudar o ministro Haddad numa agenda onde a responsabilidade fiscal possa sim ser colocada como uma prioridade. Ele terá de nós total apoio nessa agenda, estamos prontos para discutir.”
Motta foi eleito no último sábado com o apoio de partidos governistas e de partidos da oposição, a partir de compromissos com os dois espectros políticos.