Fiocruz diz que vacina da AstraZeneca é extremamente segura; monitora eventos adversos
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsável pela produção no Brasil da vacina contra Covid-19 desenvolvida pela AstraZeneca e a Universidade de Oxford, afirmou nesta terça-feira que o imunizante é extremamente seguro, conforme demonstrado em ensaios clínicos, e que não há evidência de aumento do risco de formação de coágulos sanguíneos pela vacina até o momento.
Diversos países europeus, incluindo os maiores membros da União Europeia Alemanha, França e Itália suspenderam o uso do imunizante nos últimos dias após casos isolados de hemorragia, formação de coágulos sanguíneos e baixa contagem de plaquetas em pessoas que receberam a vacina, à espera do desfecho de uma investigação da agência reguladora de medicamentos da UE sobre os casos.
Nesta terça-feira, a diretora-executiva da agência europeia EMA, Emer Cooke, disse que não há indicação de que os incidentes envolvendo a formação de coágulos, que ela chamou de “muito raros”, foram causados pela vacina, a afirmou que os benefícios do imunizante continuam a superar os riscos. A investigação da agência continua, acrescentou.
Em nota, a Fiocruz reforçou a posição da agência europeia e também citou declarações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da AstraZeneca a respeito da segurança da vacina.
“Mais de 17 milhões de pessoas, na União Europeia e no Reino Unido, e cerca de 3 milhões de pessoas no Brasil já foram vacinadas com esse imunizante sem que houvesse, até o momento, evidência de aumento de risco de formação de coágulos sanguíneos em qualquer faixa etária”, disse a Fiocruz.
A fundação citou informações divulgadas pela AstraZeneca de que, até 8 de março, foram relatados 15 eventos de trombose venosa profunda e 22 eventos de embolismo pulmonar em investigação da farmacêutica referente à vacinação de mais de 17 milhões de pessoas na União Europeia e Reino Unido, sem demonstrar “evidência de aumento do risco de eventos trombólicos para qualquer faixa etária, gênero ou lote de vacina de determinado país”.
Na segunda-feira, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) disse que vem monitorando cinco casos suspeitos de eventos tromboembólicos ocorridos no Brasil, “não havendo, até o momento, correlação estabelecida entre o uso da vacina Fiocruz/Astrazeneca com eventos adversos relacionados à coagulação sanguínea”, e acrescentou não haver motivo para a adoção de qualquer medida sanitária.
Segundo a Fiocruz, a área de farmacovigilância da fundação tem se mantido em estreita comunicação com a Anvisa e com o Programa Nacional de Imunização (PNI) para monitoramento e análise de notificações de eventos adversos.
“Os eventos adversos compreendem qualquer ocorrência indesejável, sem que necessariamente exista relação causal com a vacina”, afirmou.
A Fiocruz tem contrato para produzir 210 milhões de doses da vacina ao longo deste ano, sendo 100,4 milhões com insumos importados e o restante de produção 100% nacional.
Até o momento, no entanto, a fundação não entregou doses envasadas localmente ao Ministério da Saúde devido a atrasos no cronograma, tendo repassado somente 4 milhões de doses que foram importadas prontas da Índia.