Fintechs terão maturidade para monetizar clientes?
Analistas de mercado têm apontado a monetização dos clientes como um dos principais gargalos a serem desobstruídos pelas fintechs brasileiras mais maduras na praça.
Coincidentemente, o Nubank anunciou nesta semana seu primeiro semestre no azul, após a companhia revelar que conseguiu atrair mais clientes para seu cartão de crédito.
Outro grande expoente entre as fintechs nacionais é o C6 Bank, um dos primeiros bancos digitais brasileiros a atingir 10 milhões de clientes, que deve encarar o desafio listado pelos especialistas Gustavo Schroden, do Bradesco BBI, e Maria Clara Negrão, da Ágora Investimentos.
Com a estratégia de acelerar a oferta de crédito, a instituição financeira cresceu 91,4% sua carteira de crédito no 1° semestre de 2021, atingindo R$ 9,5 bilhões, o que a torna uma das maiores carteiras de crédito entre os bancos digitais.
O crédito corporativo representa atualmente 11% do total da carteira de crédito, mas a expectativa da administração é de chegar a 50%.
Nem tudo são flores
Apesar da expansão, o crédito consignado do C6 Bank foi suspenso em dezembro de 2020 pelo regulador (Senacon) devido a reclamações recorrentes de clientes.
A dupla de analistas relembra que a fintech enfrenta outro desafio significativo: lucros. A instituição teve prejuízo líquido de R$ 292,7 milhões nos primeiros seis meses do ano e menos R$ 235,1 milhões no mesmo período de 2020.
“Embora reconheçamos a concorrência das fintechs, acreditamos que, à medida que as empresas amadurecem, a monetização do cliente pode começar a se tornar uma preocupação, especialmente para as fintechs mais antigas”, concluem ambos especialistas em relatório obtido pelo Money Times.
Mais competição
A concorrência das fintechs no Brasil é cada vez mais brutal e não preocupa apenas os bancos tradicionais como Itaú Unibanco (ITUB4) ou Bradesco (BBDC4), por exemplo.
Cada companhia luta por atrair primeiro uma parcela da população brasileira ainda desbancarizada.
“Estima-se que aproximadamente 50 milhões de brasileiros não possuem contas em banco e outros 50 milhões usam suas contas apenas para receber seus salários. Esses consumidores, que hoje são esquecidos pelos programas de recompensas atuais no Brasil, também querem e precisam desse tipo de benefício, ainda mais em um cenário de inflação crescente”, explica Henrique de Mello Franco, CEO da Gelt no Brasil, ao Money Times.
Como exemplo da disputa acalorada, a Gelt é uma das principais plataformas de cashback em alimentos e produtos do dia-a-dia no Brasil, fundada em 2015 na Espanha, e em franca expansão por países da América Latina.
A fintech já pagou mais de R$ 2 milhões em cashback para os brasileiros nas compras em supermercados, enquanto a brasileira Méliuz (CASH3) promove “dinheiro de volta” e cupons de desconto em lojas ligadas ao varejo em geral.
“Acreditamos no cashback como a maneira mais eficiente de fidelização do consumidor final. Vemos o crescente movimento de conglomerados, dos mais diversos setores, investindo em alternativas de cashback, visando expandir as fronteiras de suas marcas. Queremos ser uma facilitadora para essas empresas, oferecendo o máximo de assertividade dentro da inteligência de mercado”, explica o CEO da Gelt ao Money Times.
E assim como a Nubank (que planeja IPO na Nasdaq em um futuro próximo) está focando em seu cartão de crédito, a Méliuz anunciou em outubro que firmou parceria com a Captalys para ofertar um produto de crédito para os usuários que possuírem o novo cartão Méliuz, previsto para ser lançado em 2022.
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