Money Times Entrevista

Fintech americana vê ‘revolução’ no mercado de crédito do Brasil; ‘quem largar na frente, vai beber água limpa’

09 out 2024, 16:11 - atualizado em 09 out 2024, 16:19
Fintech
(Imagem: Divulgação)

O mercado brasileiro de tomada de crédito está próximo ‘de uma revolução’ diante de mudanças que permitirão acesso a mais dados, vê Fábio Torelli, CEO da OneBlinc, fintech americana que acaba de chegar ao Brasil.

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Apesar de ter sido fundada nos Estados Unidos, a OneBlinc possui sócios brasileiros. Segundo Torelli, em entrevista ao Money Times, o mercado no país tem potencial de crescer R$ 200 bilhões, só baseado em uma informação melhor.

A nova regulamentação de plataforma, como gov.br e e-social, promete trazer mais democratização e transparência dos dados.

“Conseguimos usar a tecnologia e o cliente, sendo dono daquela informação da carteira de trabalho, pode permissionar um banco, um agente financeiro a ter a informação da carteira de trabalho, onde você tem renda, promoção, PLR, bônus, você tem tudo“, diz.

Ainda segundo Torelli, com os dados, as instituições poderão fazer uma melhor decisão de crédito, além de ficar menos dependentes do modelo de renda presumida.

“Se o cara é motorista de Uber, de iFood, de 99, ele tem muita dificuldade para comprovar a renda dele. Os modelos de renda presumida têm uma dispersão gigantesca”, destaca.

Segundo Torelli, esse modelo, oferecido pelos tradicionais bureaus de crédito, dá margem de erro relevante, gerando ineficiências para os bancos, com real prejuízo para o consumidor final.

Outra imperfeição está relacionada à dificuldade de acesso aos dados das pessoas.

No Brasil, é prática comum os bancos comprarem as folhas de pagamentos de empresas e, dessa forma, garantirem o acesso a melhor informação disponível sobre a renda do cliente, dentre outros benefícios como o atalho para alcançar a “principalidade” do cliente, termo em voga no mercado.

Consignado privado

Além disso, a OneBlinc também está de olho na nova regulamentação para o segmento de empréstimo consignado privado, que passa por processo de elaboração.

Atualmente, este tipo de empréstimo é forte no setor público. Os cerca de 10 milhões de funcionários públicos e 40 milhões de aposentados e pensionistas do INSS movimentam uma carteira de R$ 600 bilhões.

Já o consignado privado engatinha. Com a mesma quantidade de pessoas envolve um montante de apenas R$ 40 bilhões.

Bancos já estão de olho

De acordo com Torelli, os grandes bancos já mostram interesse na nova ferramenta. Afinal, ter uma baixa inadimplência é o sonho de consumo de qualquer instituição financeira.

Ele diz que há contratos fase de implementação, enquanto outros estão sendo negociados para o final desse ano ou o começo do ano que vem.

“A tendência é que a gente tenha aí alguma coisa como 40, 50% do mercado bancário brasileiro com acesso a isso até metade do ano que vem”, diz.

A OneBlinc, no entanto, já possui um grande parceiro. Em 2022, o Bradesco (BBDC4) participou da Série A de aportes, no valor de US$ 20 milhões.

Questionado se há algum outro player atuando na mesma área, Torelli responde que não.

“Estamos fazendo m acesso mais inteligente, mais fácil, sem fricção para a conexão com a carteira de trabalho digital e social”.

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