Finanças Pessoais

Finlandeses perdem controle de dívidas pessoais, com o avanço de dinheiro “virtual”

10 fev 2020, 13:57 - atualizado em 10 fev 2020, 13:58
Recorde: 7% da população não consegue pagar suas dívidas (Imagem: Unsplhash/@tap5a)

Na Finlândia, que liderou o mais recente Relatório Mundial da Felicidade das Nações Unidas, o banco central está elaborando uma estratégia de alfabetização financeira para os cidadãos.

A ideia, concebida em um país que já supera grande parte do mundo rico no setor de educação, é descobrir se um pouco mais de perspicácia financeira ajudará finlandeses a se endividarem menos.

O endividamento das famílias finlandesas dobrou nas últimas duas décadas em um cenário de queda das taxas de juros e obsolescência gradual do dinheiro como forma de pagamento.

A população da Finlândia, sede de empresas como Nokia e Rovio, criadora do famoso game Angry Birds, é conhecida pela maior habilidade em tecnologia do que a maioria. Mas a disposição de adotar pagamentos digitais em vez de dinheiro coincidiu com menos disciplina nos hábitos de consumo.

Agora, um recorde de 7% dos 5,5 milhões de cidadãos da Finlândia não conseguem pagar as contas, um aumento de 30% em relação aos últimos dez anos. Nos últimos anos, autoridades alertaram sobre o crescimento em particular do crédito ao consumidor.

O que os olhos não vêm…

Juha Pantzar, presidente da Guarantee Foundation, que ajuda pessoas muito endividadas a recuperarem o controle das finanças, diz que o fato de que “o dinheiro desapareceu” criou uma nova realidade que “obscurece a percepção de muitas pessoas sobre o dinheiro”.

E-commerce Cartões Pagamentos
Dinheiro virtual: avanço dos meios de pagamento eletrônicos estimula displicência, segundo autoridades da Finlândia (Imagem: Unsplash/@rupixen)

“Muitas pessoas têm dificuldade em estimar onde o dinheiro é gasto, quanto terão no final do mês e quanto podem se dar ao luxo de pedir emprestado”, disse.

Há cerca de 20 anos, o dinheiro vivo era usado em 70% das transações de pagamento nas lojas, e os cartões representavam o restante.

Agora, essas métricas mudaram: cartões, celulares e outros modos de pagamento digitais foram usados em mais de 80% das operações em 2018, de acordo com dados compilados pelo banco central.

Olli Rehn, o governador do Banco da Finlândia, diz: “Muitos consumidores já mudaram para o mundo digital” quando se trata de pagamentos. “As pessoas não têm mais as limitações físicas de orçamento que costumavam ter e isso dificulta a administração de suas finanças.”

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