Fim do real? Lula propõe moeda comum para a América do Sul
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) propôs nesta terça-feira (30) a criação de uma moeda comum para os 12 países da América do Sul. A proposta foi feita durante a cúpula dos países sul-americanos, em Brasília.
Segundo Lula, a criação de “uma unidade de referência comum” reduziria a dependência de moedas estrangeiras na região, como o dólar — pauta defendida reiteradamente pelo presidente nos últimos meses.
Tanto na ida à Argentina, em janeiro passado, como na viagem ao Japão durante a cúpula do G7, em meados deste mês, Lula fez declarações contra a hegemonia da moeda norte-americana no comércio internacional.
Neste contexto, o presidente deseja que as operações de importação e exportação entre os países da América do Sul sejam feitas em moeda comum. Isso não significa que os países vão substituir as moedas locais.
Como funcionaria uma moeda comum
O plano de Lula é criar uma unidade de referência comum para o comércio exterior feito entre membros do continente, porém cada país manteria a sua moeda corrente para uso doméstico.
Em tese, a moeda comum protegeria os países sul-americanos das flutuações cambiais. No entanto, economistas apontam para a falta de informações sobre o funcionamento do instrumento na prática.
No início deste ano, o economista-chefe da Ativa Investimentos, Etóre Sanchez, alertou para eventuais problemas que uma moeda comum entre Brasil e Argentina poderiam gerar na economia brasileira.
“A Argentina possui uma economia dolarizada, além de diversos outros problemas monetários. A criação de uma moeda comum nos moldes discutidos, muito provavelmente não refletiria o câmbio oficial argentino e seria muito mais vantajoso para exportação para o Brasil, mas pioraria muito a possibilidade de compra de produtos brasileiros pelos argentinos”, disse.
Além disso, a criação de uma moeda comum envolve o tamanho da economia de cada países e a atuação de cada banco central da região.