Fim do ‘publipost’? CVM estuda regulamentar atividade de influencers financeiros
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) considera regulamentar a relação comercial entre influenciadores financeiros e participantes do mercado de valores mobiliários, segundo estudo divulgado nesta quarta-feira (19).
O material foi feito pela Assessoria de Análise Econômica e Gestão de Riscos (ASA) da autarquia, a partir da metodologia de Análise de Impacto Regulatório (AIR).
A recomendação regulatória é de que a CVM estabeleça uma regra que imponha aos seus regulados para sempre destacar quando contratarem um influenciador digital – ou seja, se os influenciadores estão sendo remunerados para divulgar o conteúdo patrocinado a respeito de valores mobiliários.
O assunto ainda vai passar pelo processo normativo, com abertura de audiência pública e, posteriormente, edição de norma. O tema está pautado para consulta pública na Agenda Regulatória de 2023 da CVM. Conforme a comissão, os assuntos da pauta são debatidos com o mercado após a elaboração da análise de impacto regulatório.
Bom funcionamento do setor
José Antônio de Souza, analista na ASA/CVM, diz que todo participante autorizado pela CVM a atuar no mercado de capitais deve cumprir as normas do regulador. Isso é primordial para o bom funcionamento e a integridade do setor, segundo ele. A mesma conduta também deve ocorrer para os contratados dos regulados, destaca.
Bruna Luna, chefe da ASA/CVM, diz que o objetivo é informar o público investidor de que aquela orientação está sendo emitida por conta de um contrato entre o influenciador e um regulado da CVM. “Transparência ao investidor faz parte da boa conduta no mercado de capitais e deve ser zelada e praticada por todos que atuam nele”, afirma.
A recomendação da ASA na AIR está em linha com o que já é feito, em especial, nos Estados Unidos, em que esse tipo de ação já é muito disseminada, prezando pela transparência das informações.
Influenciadores
O tema ganhou grande importância nos últimos anos por conta do aumento no número de investidores que começaram a investir de forma mais ativa em valores mobiliários, além do crescimento igualmente expressivo dos influenciadores financeiros.
Ao lado do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD), a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) desenvolveu o Relatório FInfluence, um mapeamento para entender a fundo quem são os novos atores que falam sobre investimentos, checar como eles se comportam e qual é o nível de influência sobre suas audiências.
A terceira edição da pesquisa confirma o protagonismo dos influenciadores digitais na difusão da educação financeira no Brasil. Juntos, 255 perfis monitorados somavam 94,1 milhões de seguidores em junho de 2022, um crescimento de 27% em relação aos 74 milhões da primeira versão da pesquisa.