Fim do glifosato na Alemanha pode não prejudicar vendas do Brasil, mas há atenção com impacto no MPF
O banimento do glifosafo pela Alemanha a partir de 2023, despertando críticas da empresa da prata da casa Bayer, pode ser vista de dois ângulos do Brasil. Pelo menos no primeiro momento, pelo lado da soja, nenhuma preocupação quanto às exportações brasileiras, e pelo lado do algodão, certa atenção ao exemplo que pode ser seguido pelo Brasil.
A Alemanha não planta nada com o Roundup (marca comercial), patenteado pela Monsanto, hoje no guarda-chuva da Bayer, o que poderia levar o país a criar barreiras para produtos que o leva em suas origens e estimular outros compradores europeu.
O Brasil usa largamente o defensivo, hoje no centro de ações bilionárias nos Estados Unidos por danos possíveis danos à saúde, e com quase consenso entre ambientalistas, mas também amplamente defendido entre vários estudos científicos.
Para Bartolomeu Braz Pereira, presidente da Aprosoja Brasil, o “exagero e falta de conhecimento da Alemanha não atrapalhará em nada, mesmo porque se trata apenas de problemas comerciais revestido de críticas ambientalistas”. Ele lembra que o Vietnan proibiu durante um ano o uso do glifosato, por razões diferentes, e continuou comprado do Brasil.
Nem o recente episódio das queimadas, com severa crise entre Brasil e França – e até mesmo Alemanha num plano menos crítico – além dos questionamentos feitos à liberação acelerada de moléculas de agroquímicos pelo governo brasileiro, preocupam presidente da entidade que agrega produtores brasileiros. Não acredita que a questão do glifosato venha a somar.
Agora, se a Europa partir para esse confronto, que “fiquem sem a soja”, diz Braz Pereira. A Ásia garante a sobrevivência sem a Europa importando, avalia ele.
O complexo soja brasileiro participou com 30,4% dos US$ 17,8 bilhões que os europeus compraram do agronegócio do Brasil em 2018.
Já para o algodão não há ameaça direta alguma que possa ser usada pela Alemanha e de carona por outros países.
As exportações nacionais da fibra são mínimas para lá, mas o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, Milton Garbugio, “preocupa porque o Ministério Público pode querer trazer essa discussão para o Brasil, onde já não faltam críticas absurdas ao agronegócio”.
De acordo com o produtor do Mato Grosso, o bioma alemão é outro, o sistema de plantio é outro, mas nas lavouras tropicais não há como prescindir do produto.
Bayer
Dor de cabeça não falta à Bayer.
A multinacional alemã está em discussão na Alemanha, com o governo proibindo um dos carros-chefes da sua subsidiária Monsanto, o glifosato.
Nos Estados Unidos, alvo de ações de produtores que se dizem com a saúde prejudicada pelo manejo do produto durante anos. Algumas derrotas em instâncias menores foram registradas.
E no Brasil, agricultores que pagaram milhões de reais por royalties de sementes de soja e algodão à Monsanto ingressam na Justiça, contestando a validade das patentes, pedindo compensações.