Fim do coelho? Páscoa perde espaço no comércio enquanto ainda tenta se recuperar da pandemia; entenda
Já se foi o tempo em que os supermercados enchiam os corredores com ovos de Páscoa pendurados. Nos últimos anos, a data perdeu força nas vendas no comércio e o faturamento segue abaixo da pandemia.
Segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a projeção das vendas no varejo para a Páscoa deste ano é de 2,8% acima do ano passado, totalizando R$ 2,49 bilhões. O problema é que esse resultado ficaria 2,7% abaixo do nível pré-pandemia.
A Páscoa de 2020 registrou o pior resultado nos últimos 10 anos, afetada pelo período mais rigoroso de isolamento social. Desde então, o faturamento ainda não conseguiu voltar ao patamar do pré-pandemia.
Fonte: CNC
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Veja o que pode interferir nas vendas de Páscoa
Recuperação econômica
José Roberto Tadros, presidente da CNC, destaca que a Páscoa representa a sexta data comemorativa mais relevante do calendário do varejo nacional e que o setor conta com a recuperação econômica para retomar as vendas.
“Gradativamente, a retomada da economia vai se robustecendo e reaquecendo o varejo”, afirma. “A tendência é que as perdas provocadas pela pandemia sejam revertidas a partir da melhoria do contexto macroeconômico”, completa.
Vale destacar que o governo Lula decretou guerra ao Banco Central justamente por a autoridade monetária manter a Selic em 13,75% ao ano. Isso, segundo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, está atrapalhando na recuperação da economia brasileira e o mercado de crédito.
O crédito cada vez mais caro e a inadimplência são dois fatores que estão pressionando o varejo.
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Páscoa mais cara
Os produtos comuns para a época também estão mais salgados, sendo que um indicativo da expectativa do varejo para essa data costuma ser a importação de produtos típicos.
De acordo com registros da Secretaria de Comércio Exterior, tabulados pela CNC, a quantidade importada de chocolates, por exemplo, neste ano (2,76 mil toneladas), avançou 6,5% em relação ao ano passado, sem igualar as compras de 2020 (3,00 mil toneladas).
Por sua vez, outro produto tipicamente importado nesta época do ano, o bacalhau, acusa recuo de 32,7% nas quantidades importadas frente a Páscoa de 2022.
Segundo Fabio Bentes, responsável pela pesquisa da CNC, a valorização do real compensou parcialmente a alta nos preços internacionais desses produtos.
Às vésperas da Páscoa de 2022, por exemplo, a taxa de câmbio era de R$ 5,25 para US$ 1. Atualmente, houve recuo de quase 2% (R$ 5,15 para US$ 1). No entanto, o preço de importação do bacalhau subiu 85,9% e o dos chocolates, 10,9%.
“A queda nas importações do pescado, na contramão do aumento das quantidades importadas de produtos à base de chocolate, é um indício de que o varejo pode estar apostando na melhor saída de produtos mais baratos”, aponta.
Em relação à inflação, considerando o IPCA-15, a cesta de bens e serviços relacionada à Páscoa (chocolates, pescados diversos, bacalhau, bolo, azeite de oliva, refrigerantes, vinhos e alimentação fora de casa) está 8,1% mais cara do que a do ano passado.