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Fim das maquininhas? Por que a PagSeguro (PAGS34) derreteu 23% – e levou a Stone junto

09 jun 2022, 14:32 - atualizado em 09 jun 2022, 23:56
PagSeguro
Neste ano, o PagSeguro acumula queda de 52% em meio à elevação dos juros, que impactou diretamente a companhia (Imagem: PagSeguro/Divulgação)

A ação do PagSeguro (PAGS) derreteu 23% na sessão desta quinta-feira na Nasdaq, a bolsa de tecnologia dos Estados Unidos. Também negociada em NY, a StoneCo (STNE) caiu 14%. No Brasil, a Cielo (CIEL3) caiu 0,27%.

Mas o que explica esse tombo, mesmo com o crescimento de 29% do lucro líquido no primeiro trimestre, para R$ 350 milhões?

De maneira geral, analistas gostaram do que viram no primeiro trimestre.

Mesmo assim, o BTG Pactual, que possui neutralidade para a companhia, diz que apesar da ação estar sendo negociada a múltiplos atraentes, a qualidade do lucro preocupa.

“Com a taxa Selic provavelmente permanecendo alta mais tempo, junto com os investimentos fluindo para resultados futuros por meio de D&A (data & analytics), vemos espaço para mais rebaixamento do lucro”, argumenta.

O BTG recorda que a ação chegou a cair abaixo de US$ 10, mas recentemente voltou para o patamar de US$ 17 “com a volatilidade insana dos mercados”.

As despesas também são um ponto de atenção, já que saltaram 54% ante o quarto trimestre, somando R$ 621 milhões e 26% acima do esperado do BTG.

Neste ano, o PagSeguro acumula queda de 52% em meio à elevação dos juros, que impactou diretamente a companhia.

Como foram os números do PagSeguro?

O Itaú BBA classificou os números da PagSeguro como positivos, com a melhora de 66% das receitas, impulsionadas por uma maior taxa de aceitação e maiores alavancagem operacionais.

O lucro líquido de R$ 350 milhões também superou o esperado pelo BBA (R$ 311 milhões).

“A orientação (guidance) exige um crescimento contínuo do lucro líquido, apesar das margens líquidas mais baixas”, colocam os analistas Pedro Leduc, William Barrajard e Mateus Raffaelli.

Eles destacam ainda que o volume total de pagamentos (TPV) subiu 60%, enquanto a base de comerciantes ativos cresceu 5%. Segundo o BBA, isso é consequência de:

  1. esforços de captação de clientes mais seletivos em geral;
  2. fim natural de comerciantes nos últimos doze meses após a pandemia;

Para o Bank of America, as cifras foram boas, suportados pela reprecificação, forte crescimento do TPV e menor alíquota de impostos, que compensaram o forte aumento no custo de captação.

O banco lembra que o PagSeguro adicionou 1,7 milhão de usuários, enquanto a base de clientes de adquirência permaneceu estável no trimestre, refletindo o foco em clientes rentáveis.

Já as despesas cresceram 14 vezes, impactadas pelo aumento da Selic e expansão dos volumes de crédito (cada fator contribuiu com cerca de metade do aumento).

O UBS recorda que a PagSeguro se beneficiou de benefícios fiscais relativos a investimentos em inovação e tecnologia e regimes tributários diferenciados para empresas no exterior.

De acordo com a empresa, a maioria dos reajustes de preços já foram implementados até abril, mas ajustes adicionais não estão são descartados (Imagem: Diana Cheng/Money Times)

Projeções do PagSeguro

Com seu resultado, o PagSeguro também divulgou as projeções para 2022. A companhia espera atingir uma receita total de R$ 3,5 a R$ 3,7 bilhões e um TPV de R$ 83 a 85 bilhões, com lucro líquido superando os R$ 370 milhões.

De acordo com a empresa, a maioria dos reajustes de preços já foram implementados até abril, mas ajustes adicionais não estão são descartados, dependendo dos aumentos das taxas de juros.

Na visão do BBA, as projeções são positivas, apesar das margens líquidas caírem 40 bps (pontos-base), o que mostra a pressão sobre a margem líquida não acabou, mas foi reduzido por meio de uma combinação de esforços de receita e custos.

“Os lucros líquidos, por sua vez, já estão em expansão. Isso cria uma base sólida para a expansão do lucro líquido em 2023 por meio das margens, à medida que as taxas básicas de juros caem no Brasil”, destaca.

O que fazer com o papel?

O Bank of America manteve a recomendação de compra, com preço-alvo de US$ 27.

Segundo o banco, a PagSeguro deverá apresentar tendências operacionais de melhoria ao longo do ano, apoiadas pela repactuação bem-sucedida do produto de pré-pagamento, que deve mais do que compensar os custos de financiamento mais altos.

O BBA vê crescimento da PagSeguro, com a ação em avaliações atraentes. A recomendação é outperformance, ou acima da média do mercado, com preço-alvo de US$ 28.

UBS e BTG mantiveram a indicação neutra.

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