Mercados

Fidelity e Aberdeen alertam para venda de títulos de curto prazo

25 fev 2021, 15:23 - atualizado em 25 fev 2021, 15:23
Ibovespa
Uma maior turbulência da curva de juros sinalizaria uma venda ordenada de ativos de países em desenvolvimento em algo muito mais turbulento (Imagem: Reuters/Paulo Whitaker)

Investidores de mercados emergentes têm reagido bem à onda vendedora dos Treasuries, mas, se a aposta de reflação atingir os títulos do Tesouro dos EUA de prazo mais curto, o impacto real ainda está por vir.

As apostas de crescimento econômico mais rápido sacodem o maior mercado de dívida do mundo na ponta longa da curva de juros. Agora, a Fidelity International e a Aberdeen Standard Investments estão de olho nos títulos com vencimento em até três anos, cujos rendimentos, juntamente com as notas de 10 anos, ainda não alcançaram certas máximas.

Uma maior turbulência neste ponto da curva sinalizaria um ritmo mais rápido do que o esperado de aperto monetário à frente e aumentaria a competição por capital global. Tudo isso tem potencial de transformar uma venda ordenada de ativos de países em desenvolvimento em algo muito mais turbulento.

Edwin Gutierrez, responsável por dívida soberana de mercados emergentes da Aberdeen Standard Investments, em Londres, diz que a ponta curta dos títulos do Tesouro dos EUA são motivo de atenção. Segundo ele, o fato de ter permanecido ancorada significa que as moedas de emergentes têm se mostrado relativamente resistentes em comparação aos mercados de crédito de países em desenvolvimento.

O Mizuho International vê uma taxa de 0,75% para títulos de cinco anos como o ponto de inflexão para condições financeiras internacionais mais apertadas, em comparação com cerca de 0,7% atualmente.

O rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA de dois anos caiu abaixo de 0,1% há duas semanas em meio à alta liquidez e permanece perto de mínimas históricas.

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Vulnerabilidade

As moedas de países em desenvolvimento sentiam o impacto dos rendimentos mais altos dos EUA na quinta-feira (Imagem: Reuters/Jose Luis Gonzalez)

Com o pronunciamento tranquilizador do presidente do Federal Reserve nesta semana, assegurando que o banco central dos EUA está muito longe de retirar os estímulos, estrategistas e investidores continuam otimistas em relação aos ativos de risco.

Mas a preocupação tem aumentado nas últimas semanas sobre a vulnerabilidade da classe de ativos historicamente volátil aos movimentos dos títulos de referência mundiais. As moedas de países em desenvolvimento sentiam o impacto dos rendimentos mais altos dos EUA na quinta-feira, com perdas lideradas pelo rand sul-africano, peso mexicano e lira turca.

“Se a onda vendedora dos títulos do Tesouro dos EUA for impulsionada pela ponta longa e uma narrativa de reflação em expansão, seria mais benigno para os mercados do que uma venda puxada pela ponta curta, o que sinaliza um potencial crescente para aumentos das taxas de juros do Federal Reserve”, disse Paul Greer, da Fidelity International, que administra cerca de US$ 700 bilhões.

Fundos de títulos de mercados emergentes registraram a primeira saída de recursos desde o final de setembro na semana encerrada em 17 de fevereiro, de acordo com a EPFR Global.

Cerca de US$ 317 milhões foram retirados desses fundos durante o período, disse a Goldman Sachs Asset Management em relatório. Os fundos em moeda local receberam entradas de US$ 484 milhões, de acordo com a empresa.

“A chave para saber se o mercado pode se ajustar a um ambiente de taxas crescentes é se o aumento é ordenado ou desordenado”, disse Todd Schubert, chefe de pesquisa de renda fixa do Bank of Singapore “A chave para o Fed é garantir que a alta não saia do controle e que o patamar de 1,5% (para os títulos de) 10 anos seja um nível psicológico-chave para observar no curto prazo.”