Fibria quer se unir à Arauco na Eldorado
A Fibria, maior companhia de celulose do mundo, planeja firmar sociedade com a chilena Arauco na Eldorado, que pertence à J&F, holding dos irmãos Batista, apurou o “Estado”. A companhia chilena assinou acordo de confidencialidade no dia 16 com a empresa de celulose dos donos da Friboi para possível compra e é apontada como favorita para ficar com o negócio.
Também interessada na Eldorado Brasil, a Fibria pretende tornar-se acionista da Arauco, afirmaram fontes a par do assunto. O Estado apurou que a gigante nacional está aguardando o avanço das negociações entre as duas empresas. Se o negócio for fechado, a Fibria pretende discutir possível sociedade com a chilena, afirmaram fontes a par do assunto. Com dívida de cerca de R$ 8 bilhões, a companhia dos irmãos Batista é cobiçada também pela Suzano Papel e Celulose, da família Feffer.
O valor do negócio é estimado entre R$ 11 bilhões e R$ 12 bilhões, se incluído o endividamento. A empresa, contudo, faz mais sentido à Fibria, que tem o grupo Votorantim e o braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDESPar, como principais acionistas. A fábrica da Eldorado fica também em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, onde a Fibria tem seu complexo industrial instalado.
A chilena Arauco não tem uma participação relevante no mercado brasileiro de papel e celulose – a compra da Eldorado seria a porta de entrada da companhia no País. O grupo, com sede no Chile, tem uma unidade produtora no Uruguai em parceria com a empresa Stora Enso, uma das maiores produtoras da Europa. Em 2007, a companhia sueco-finlandesa já tinha vendido ativos no Brasil à companhia chilena. A Fibria, por sua vez, tem sociedade com a Stora Enso na Veracel, com unidades no Brasil.
O fato de a Arauco e a Fibria terem acionistas em negócios estratégicos abre espaço para uma possível sociedade entre as duas companhias, segundo uma outra fonte. A Arauco contratou o banco Santander para assessorá-lo na operação. A Fibria tem com o assessor o banco Morgan Stanley. Procurada, a Fibria não comenta o assunto. A Arauco não retornou os pedidos de entrevista. Mais ativos à venda. As negociações para a venda da Eldorado estão avançadas, segundo fontes próximas à companhia.
Além da empresa de celulose, o grupo deve receber propostas na primeira quinzena de julho para o negócio de lácteos Vigor, que tem a mexicana Lala, as americanas Pepsico e Coca-Cola, as francesas Lactalis e Danone como potenciais interessadas, conforme informou o Estado. Na segunda-feira, o fundo Cambuhy, da família Moreira Salles, sócia do Itaú Unibanco, firmou contrato de confidencialidade para comprar a Alpargatas. A Itaúsa, empresa de investimento dos Setubal, deve acompanhar o Cambuhy nesse investimento.
O Gávea Investimento, de Armínio Fraga, também pode entrar como parceiro, segundo fontes familiarizadas com o assunto. Com exceção da Vigor, que tem os bancos Bradesco e Santander contratados pelos donos do JBS, os outros ativos à venda da companhia estão sendo negociados diretamente com Joesley e Wesley.
Leniência
No fim de março, o grupo assinou acordo de leniência com o Ministério Público Federal concordando em pagar R$ 10,3 bilhões. Fontes afirmam que o grupo quer levantar cerca de R$ 20 bilhões com a venda de ativos para preservar seus negócios de carne, sobretudo fora do Brasil.
O grupo informou ao mercado que também irá vender a Moy Park, da Irlanda, de carnes processadas e negócios de confinamento de gado. A venda da Seara também não estaria totalmente descartada. Há duas semanas, anunciou a venda de ativos do Mercosul para o frigorífico concorrente Minerva, por US$ 300 milhões, mas a operação foi barrada pela Justiça Federal de Brasília. Procurada, a J&F não comenta o assunto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
(Por Mônica Scaramuzzo)