Fiagros sofrem primeiro baque; hora de se preocupar?
Em janeiro deste ano, a captação líquida dos Fiagros (Fundos de Investimento em Cadeias Agroindustriais) foi negativa em R$ 12,3 milhões, segundo dados disponibilizados pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
Houve quem se preocupasse com o ocorrido, pois desde agosto de 2021 o desempenho desses fundos foi sempre positivo e crescente.
No encerramento do ano fiscal de 2022, o patrimônio líquido dos Fiagros já era de R$ 10,3 bilhões, sendo que a captação em dezembro ficou positiva em R$ 679,7 milhões. Fevereiro, em termos de captação, foi ainda pior do que os meses anteriores com o levantamento de R$ 375,6 milhões em oferta pública de um único fundo.
Porém, as saídas de R$ 2,9 milhões foram bem menores do que as registradas em janeiro, o que é um bom sinal.
O resultado abaixo do esperado no primeiro bimestre, apesar de isso ser algo comum de acontecer em qualquer tipo de fundo durante sua existência, passou a impressão de que o desempenho pudesse ficar abaixo do esperado em 2023.
Mas o próprio vice-presidente da Anbima, Sergio Cutolo, explicou que isso não significa que os Fiagros começaram a performar mal.
O número de resgates superior ao de aportes é pontual e está diretamente relacionado às inseguranças macroeconômicas e eventos que afetam o setor como um todo. Realmente, o ano de 2023 começou um tanto turbulento. Principalmente para os bancos.
Em janeiro a divulgação do altíssimo endividamento das Americanas foi impactante. Várias instituições, algumas de grande porte, são credoras da varejista que deve mais de R$ 40 bilhões.
Depois veio a quebra do americano Silicon Valley Bank, do suíço Credit Suisse e, mais recentemente, o Deutsche Bank, da Alemanha, deu sinais de que também pode ficar insolvente. Ora, com tanta má notícia é natural que o investidor segure o dinheiro antes de aportar em qualquer ativo de renda variável.
E tanto é verdade o que o executivo da Anbima disse que o patrimônio líquido dos Fiagros que estava em R$ 10,3 bilhões em dezembro, saltou para R$ 11,1 bilhões em fevereiro.
Como se vê, esses fundos continuam a chamar a atenção dos investidores e, passado o susto das más notícias do ramo financeiro, a tendência é de aumento da procura por este tipo de investimento.
A expectativa da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é que até 2028 o patrimônio líquido dos Fiagros alcance a cifra de R$ 100 bilhões.
Essa previsão tem como base a rápida evolução desse tipo de fundo que entrou no mercado em agosto de 2021 e janeiro de 2022 já contava com 30 mil investidores pessoas físicas. Em novembro do ano passado já eram 160 mil investidores.
E, convenhamos, a crise do setor bancário que assusta é a mesma que dá fôlego aos Fiagros porque com a escassez de recursos nos mecanismos tradicionais de crédito, resta aos produtores rurais buscar formas alternativas de financiamento da produção.
E com absoluta certeza os Fiagros se apresentam como boa alternativa de crédito e, consequentemente, de oportunidade para investidores obterem boa rentabilidade.