AgroTimes

Fiagros: Rendimentos dos fundos podem cair junto com a Selic?

14 jul 2023, 12:16 - atualizado em 14 jul 2023, 12:16
dividendos, empresas, resultados, ações, Renda fixa fiagros
Além disso, cenário atual sobre créditos preocupa investidores, que parecem enxergar nos fiagros boas perspectivas pela resiliência do agro (Imagem: Pixabay/@alexsander)

O advento de uma nova realidade para a economia brasileira, com a possibilidade de queda da taxa básica de juros (Selic) já a partir da próxima reunião do Copom, tem sido muito discutido pelo mercado.

E os investidores com títulos em Fiagros, atentos às mudanças do panorama macroeconômico, estão de olho nas possibilidades de ganhos proporcionadas pelos respectivos fundos.

Os movimentos da Selic impactam toda a estrutura econômica do país, e, neste cenário, os Fundos de Investimentos em Cadeias Agroindustriais também sofrem consequências.

É preciso ponderar que muitos Fiagros têm seus ganhos indexados ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI) que, por sua vez, está ligado ao patamar da taxa básica de juros definido pelo Banco Central.

Assim, o corte nos juros irá impactar sua rentabilidade em termos nominais, o que vai ser recorrente em todos os investimentos ligados ao CDI, principal indexador para ativos de renda fixa.

Por serem investimentos de longo prazo e, por definição, contarem com riscos mais elevados, os Fiagros, em geral oferecem o ganho CDI +, ou seja, a rentabilidade do CDI mais uma taxa de juros que dependerá dos ativos que compõem o investimento.

Portanto, a primeira conclusão é que, apesar da queda da Selic, a rentabilidade proveniente do investimento em Fiagro ainda será maior que a ofertada por outras opções do mercado.

E aqui, é claro que estamos falando de forma generalizada, sem entrar caso a caso.

Cenário atual para o crédito

Ao mesmo tempo, é interessante observar a questão do risco de crédito do cenário atual. A Selic elevada por tanto tempo, mesmo diante da queda da inflação, provocou um aumento dos juros reais, impactando o caixa de muitas empresas, vide a agonia do setor varejista.

Taxas altas demais podem até fazer os olhos do investidor brilharem, mas não se pode deixar de observar que o risco é proporcional ao retorno. A probabilidade de a empresa que tomou um crédito a custo alto vir a inadimplir é maior.

Outro ponto importante é a performance do setor de agronegócios, que cresceu consideravelmente nos últimos anos e tem alavancado safras recordes, bem como puxado a alta do Produto Interno Bruto (PIB).

Para ilustrar, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) acaba de divulgar a nova projeção do valor adicionado (VA) do setor agropecuário para 2023. Os pesquisadores revisaram de 11,6% para 13,2% a estimativa de crescimento para o setor.

O motivo da mudança foi o desempenho do primeiro trimestre acima do esperado.

O que fazer?

Como se pode perceber, o setor se mostra mais resiliente em cenários adversos e é demandante de crédito, o que traz oportunidades para os fundos que financiam o agro, ainda mais em cenário de juros mais baixos.

No entanto, é preciso ponderar que a performance do Fiagro depende totalmente da escolha de seus gestores, baseada na análise do crédito a ser concedido.

Desta forma, cabe ao investidor separar o joio do trigo e tomar todo o cuidado na escolha do ativo que irá compor seu portfólio.

Recomenda-se critério e uma análise apurada antes de aportar o capital. O Fiagro supre uma importante lacuna, a saber: prover recursos a um dos setores mais importantes da economia. Mas seu sucesso depende de uma boa gestão.

Em outras palavras, em um cenário de juros em queda, é preciso alinhar rentabilidade e segurança de forma a deixar o investidor tranquilo com sua alocação de longo prazo.

Compartilhar

TwitterWhatsAppLinkedinFacebookTelegram
Sócio e gestor da MAV Capital
Formado em Administração de Empresas pela Universidade de São Paulo, André Ito tem mais de 20 anos de experiência no mercado financeiro. Além de sócio responsável pelo time de Structured Finance e DCM na XP Investimentos ele também atuou em Investment Banking no BTG Pactual e como superintendente comercial dos bancos Pine e Pan. Além disso foi sócio responsável pelo Corporate Desk do Banco BBM.
andre.ito@moneytimes.com.br
Linkedin Site
Formado em Administração de Empresas pela Universidade de São Paulo, André Ito tem mais de 20 anos de experiência no mercado financeiro. Além de sócio responsável pelo time de Structured Finance e DCM na XP Investimentos ele também atuou em Investment Banking no BTG Pactual e como superintendente comercial dos bancos Pine e Pan. Além disso foi sócio responsável pelo Corporate Desk do Banco BBM.
Linkedin Site
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar