Fiagros: ‘Não são todos os fundos que vivem crise, mas dificilmente veremos novas emissões’
No ano passado, os Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais, os chamados Fiagros, registraram um crescimento de 103%, atingindo R$ 21,3 bilhões.
Essa forte alta ocorreu em meio ao momento desafiador para o agronegócio, com a queda nos preços das principais commodities agrícolas, que comprimiram as margens do setor. Também houve um aumento dos casos de inadimplência e pedidos de recuperação.
Fora esses fatores, a última safra foi marcada por oscilações climáticas, em função do El Niño, que provocou menores chuvas na porção central do Brasil, com quebra para a soja.
Os Fiagros vivem uma crise?
Na visão do sócio e gestor da Multiplica Crédito & Investimento, Utcho Levorin, não são todos os Fiagros que vivem uma crise.
“Os Fiagros que estão sendo afetados são os que financiam a safra e os fundos de terras. Com os preços dos grãos em baixa e quebra de safra em algumas regiões, tivemos impactos negativos no setor. Porém, vale salientar que o Brasil, pela extensão territorial, é difícil vermos uma crise de safra em todo o território nacional. O que ocorre no Rio Grande do Sul não necessariamente irá ocorrer em Rondônia”, explica.
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Apesar dos preços mais baixos para os grãos, Levorin ressalta que as perspectivas para a nova safra não são todas ruins, já que também houve uma queda para o custeio.
“Já as carteiras de Fiagros que financiam a cadeia de revendas não estão sendo afetadas. O que está ocorrendo é uma queda no preço da cota em bolsa. Com isso, o investidor acaba penalizando todos os Fiagros, independente de suas estratégias. Aqui vemos uma boa oportunidade para investir”, completa.
Riscos e chance para novas emissões
Entre os riscos para os fundos, Levorin vê um baixo risco para os Fiagros que financiam as cadeias de revenda. “Já os fundos que financiam a safra continuarão enfrentando problemas. Contudo, com a chegada da nova safra, haverá uma diminuição dos problemas, o que é benéfico. Podemos crer que o pior já passou”, avalia.
Por fim, Levorin enxerga pouco espaço para novas emissões de fundos em 2024, com os investidores receosos com o último ano safra do setor.
“No segundo semestre, podemos ter uma melhora no quadro, com a safra já colhida e o ‘fantasma da quebradeira’ afastado. Os Fiagros estão engatinhando, estamos começando o processo de crescimento desses fundos. Até 2035, dobraremos nossa safra de grãos, e o mercado de capitais será o maior financiador desse crescimento. Os Fiagros terão um papel de destaque nesse processo”, conclui.