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Fiagros: Conheça as diferenças no risco de se investir em CRA ou terras

20 jul 2022, 19:52 - atualizado em 20 jul 2022, 19:53
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“Ainda não está tão evidente o que esperar dos fiagros sob o ponto de vista do risco intrínseco”, diz David Camacho (Imagem: Jaelson Lucas/Agência de Notícias do Paraná)

Em nosso último artigo, comentamos sobre algumas das garantias que adicionam mais segurança aos CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) ativos que compõem as carteiras dos fiagros de papel.

Já está claro para quem investe no mercado de capitais que existem diferentes perfis de fundos dedicados ao agronegócio. Porém, o que ainda não está tão evidente é o que esperar desses produtos sob o ponto de vista do risco intrínseco. E é esse o ponto que pretendo esclarecer neste artigo.

Primeiramente, analisar o perfil de risco de qualquer ativo muitas vezes pode ser mais complexo do que parece. Por isso, o ideal é que essa avaliação seja feita por profissionais com amplo conhecimento no assunto.

De forma geral, os fiagros captam os recursos dos investidores e, conforme a estratégia e mandato do fundo, alocam em duas principais classificações: dívida ou equity. Saiba mais sobre esses dois tipos de ativos:

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Fiagros que investem em dívida

CRA, CRI com lastro imobiliário no agronegócio e debêntures de empresas do setor.

Empresas que buscam crédito no mercado via emissão de títulos de dívida têm como objetivo alavancar recursos. Esse dinheiro pode ser usado para uma melhor acomodação do fluxo de caixa da empresa, ampliando o capital para giro, ou para investir em infraestrutura, imobilizados, equipamentos e até mesmo para refinanciar dívidas emitidas anteriormente (já que no Brasil o cenário econômico muda rapidamente).

“Analisar o perfil de risco de qualquer ativo muitas vezes pode ser mais complexo do que parece”, explica Camacho (Imagem: Divulgação/ Devant)

Nesses casos, antes de investir em crédito, é importantíssimo identificar se a empresa possui bons fundamentos, histórico, governança e alta previsibilidade de geração de receita.

Também é imprescindível que ela esteja inserida em um mercado com boas perspectivas, com sólida base de clientes, entre outros pontos de atenção.

Essa análise, somada às garantias presentes nessas operações, colocará a empresa e, consequentemente, o ativo em uma régua de risco de crédito que oscila entre o high grade e o high yield. É importante relembrar que ativos de dívida possuem remunerações limitadas, pactuadas no momento da emissão do título.

Ainda assim, conceitualmente, por mais high yield que os papéis de crédito sejam, eles expõem o investidor a um risco menor quando comparado aos investimentos em equity.

O que muitos não sabem é que nessa modalidade de investimento, o credor possui prioridade de pagamento, ou seja, em uma eventual recuperação judicial da empresa devedora, investidores de títulos de dívida recebem antes dos de equity. Além disso, há a possibilidade de execução das garantias envolvidas.

Fiagros que investem em equity

Terras para desenvolvimento de atividades relacionadas ao agronegócio, propriedades rurais, fazendas para valorização de capital e arrendamento.

Diferentemente dos ativos de dívida, para o equity não há limites no quesito remuneração. Alguns investimentos podem inclusive proporcionar altos e consistentes retornos.

Existem duas modalidades comuns para a aquisição dos ativos: buy to lease e sale & leaseback. Em ambos há efetivamente a compra da propriedade pelo fundo para que os arrendatários cultivem produtos agrícolas.

Funciona como uma espécie de aluguel cuja receita estará vinculada ao produto cultivado (exemplo: soja e milho). A receita obtida com as produções é distribuída aos cotistas do fundo como rendimentos.

Ainda nesse formato, há a possibilidade da valorização da propriedade imobiliária rural no longo prazo, motivada por itens mercadológicos, macroeconômicos, entre outros.

Para investimentos em equity, a análise fundamentalista utilizada para ativos de dívida também é eficiente. Mas a dinâmica no caso de fracasso da produção ou até mesmo de recuperação judicial do arrendatário pode trazer prejuízos significativos e permanentes ao fundo, pois o processo para a tentativa de recuperação do capital investido pode não se concretizar e o investidor pode ser obrigado a simplesmente realizar o prejuízo.

David Camacho é sócio-fundador e gestor na Devant Asset. No mercado financeiro há mais de dez anos, adquiriu experiência em funding estruturado e em emissões de produtos offshore (bonds, securitizações, empréstimos sindicalizados) na tesouraria do Santander. Em seguida, atuou nas áreas de operações, análise de investimentos, asset allocation e gestão de fundos exclusivos para clientes UHNW e Institucionais com cerca de R$ 9 bilhões na Vinci Partners. No Grupo RTSC, foi portfolio manager de crédito privado e renda fixa, sendo gestor dos fundos Devant desde o início, em 2016. Formado em administração de empresas pelo Insper, possui a certificação CGA.

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