FGC demora, em média, 1 mês para ressarcir investidor; veja o quão segura está a renda fixa
O FGC (Fundo Garantidor de Crédito) leva, em média, um mês para poder pagar investidores e credores de títulos bancários (CDB, LCA, LCI, etc.), explica Daniel Lima, diretor-executivo do FGC, ao Money Times.
No caso mais recente de liquidação de instituições financeiras feito pelo Banco Central, em torno de 54 mil investidores que emprestaram dinheiro à BRK Financeira e Portocred, por meio de títulos de renda fixa, terão direto a receber valores do FGC.
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Segundo Lima, não é possível cravar com exatidão, se o investidor de fato receberá a cobertura de até R$ 250 mil por CPF em cada instituição financeira em até 30 dias corridos.
“Hoje em dia o prazo de pagamento varia em função do tempo necessário para o liquidante compilar a lista de credores, uma vez que o FGC consegue iniciar os pagamentos em até dois dias após o recebimento dessas informações”, salienta o diretor do FGC.
A pedido do Money Times, o FGC ajudou a esclarecer algumas das dúvidas mais comuns entre os investidores de renda fixa agora, que coincide com sinais de uma eventual crise de crédito no Brasil.
Veja a seguir os principais trechos da entrevista que Daniel Lima, diretor-executivo do FGC, concedeu ao Money Times com exclusividade:
Money Times – O que o investidor de renda fixa precisa fazer para receber valores do FGC?
Daniel Lima – Os depositantes e investidores de Associadas liquidadas pelo Banco Central devem, em um primeiro momento, realizar o cadastro básico (usuário e senha) no aplicativo do FGC.
O objetivo dessa primeira fase é recolher informações cadastrais, de forma que possamos acelerar o efetivo processo de pagamento, que só se inicia depois que o FGC recebe a lista de credores enviada pelo liquidante da instituição indicado pelo Banco Central.
Depois desse cadastro inicial, o beneficiário da garantia deve ficar atento para a notificação sobre as próximas etapas do processo de pagamento. O investidor que conta com a cobertura do FGC nos títulos bancários pode fazer todo o processo digitalmente, no conforto de sua casa.
Money Times – É possível traçar uma média de prazo para pagamentos do FGC ou depende de caso a caso?
Daniel Lima – Antes do lançamento do aplicativo, que aconteceu em outubro de 2020, o FGC iniciava o pagamento cerca de 15 dias após receber as informações do liquidante, pois era necessário produzir um edital para direcionar os beneficiários das garantias a agências bancárias, às vezes bem distantes de suas casas, para que pudessem assinar os documentos físicos e receber os valores.
Nas últimas liquidações, em média, o FGC recebeu a lista de credores cerca de três semanas após a decretação da liquidação. Com isso, o prazo médio total para início do processo de pagamento foi de aproximadamente um mês. Mas reforço: cada caso é um caso, pois tem suas particularidades e desafios operacionais.
Money Times – Qual a percepção do FGC em relação a uma eventual crise de crédito no Brasil, já que grandes marcas vem revelando estarem em dificuldades financeiras?
Daniel Lima – O que cabe ao FGC é estar preparado financeira e operacionalmente para enfrentar eventos de liquidação ou para realizar operações de assistência junto às nossas Associadas, de forma que seja minimizado o custo para a sociedade. Estamos prontos para atuar se a necessidade se apresentar, contribuindo, assim, para a estabilidade do Sistema Financeiro Nacional (SFN).
Money Times – Qual é o nível de preocupação do FGC em relação ao seu nível de cobertura frente aos títulos bancários (CDB, LCA, LCI, etc.) emitidos no mercado?
Daniel Lima – Monitoramos constantemente a evolução de risco do sistema, a partir do contato direto e da busca de informações junto às associadas, Banco Central e outros agentes de mercado.
Também desenvolvemos modelos e testamos cenários de estresse do mercado para avaliar a adequação das reservas do Fundo. A conclusão é que o FGC tem reservas suficientes para lidar com cenários severos de crise.
O patrimônio do Fundo superou a marca de R$ 108 bilhões, enquanto a sua liquidez total (incluindo o Fundo de Resolução, o qual é mais uma reserva de liquidez) supera R$ 96 bilhões. Essa liquidez é suficiente para desempenharmos nossa função na rede de proteção ao Sistema Financeiro Nacional.