Ferrovia bioceânica precisa do Brasil, mas Bolsonaro mira o Chile, diz ministro peruano
O governo peruano disse nesta quinta-feira que o projeto de construção de uma ferrrovia bioceânico, que atravessa a Bolívia, atualmente está no congelador devido à falta de interesse do Brasil, cuja participação é fundamental no empreendimento.
O ministro dos Transportes e Comunicações do Peru, Edmer Trujillo, disse em encontro com a imprensa estrangeira que o governo de Jair Bolsonaro está mais interessado em seu relacionamento com o governo chileno de Sebastián Piñera do que com a Bolívia e o Peru.
Em junho de 2019, os presidentes do Peru e da Bolívia comprometeram-se a preparar um estudo de viabilidade para construir uma ferrovia partindo do Brasil, em um corredor que ligaria a costa do Pacífico à costa do Atlântico e, dessa forma, impulsionaria o comércio com o mundo.
“O senhor Bolsonaro já não aposta tanto no lado boliviano e peruano; ele aposta no lado chileno. Então, o projeto está atualmente em espera para ver como é possível compor situações políticas”, disse Trujillo, em referência ao projeto da ferrovia bioceânica.
Anteriormente, o governo peruano havia dito que o plano ferroviário poderia custar cerca de 7,5 bilhões de dólares em território peruano e que o financiamento poderia vir da China, principal mercado das exportações da América do Sul.
Trujillo disse que, em várias reuniões entre os três países envolvidos no plano ferroviário, “não havia interesse do governo brasileiro” no corredor, em meio aos recentes problemas políticos na Bolívia.
“Estudos em território peruano mostram que precisamos ter necessariamente uma participação brasileira para viabilizar; caso contrário, o projeto não é viável”, disse Trujillo. “Isso significa incorporar o governo brasileiro”, afirmou.