Finanças Pessoais

Femme Economicus: Nós não vamos pedir licença

14 fev 2019, 16:19 - atualizado em 14 fev 2019, 16:20

Por Elaine Fantini, jornalista – siga no Instagram

No último dia 05 de fevereiro foi lançado oficialmente o Financial Feminism Brasil (#FinancialFeminismBr ou simplesmente #FFBR). Movimento que surgiu do incômodo em perceber o baixo número de mulheres no mercado financeiro, como investidoras e como profissionais.  

As discussões sobre finanças e investimentos têm estado cada vez mais na pauta feminina, porém não saber por onde começar ainda é o maior entrave para as mulheres. Para lançar o movimento, foi realizado o primeiro encontro organizado por investidoras para investidoras, em que todas as palestrantes foram mulheres e o público exclusivamente feminino interessado no assunto.

Tivemos vagas esgotadas em apenas quatro dias, com fila de espera. E a grata surpresa de conseguir uma sala maior nos 45 do segundo tempo para realizar o encontro. Cerca de 60 mulheres estiveram presentes. E se tivesse mais espaço, teríamos mais.

Quantos eventos sobre investimento, organizados pelos grandes nomes do mercado financeiro, você já foi e que, pelo menos, metade do público era formado por mulheres? Eu, nenhum.

Vimos nos últimos anos uma multiplicação dos canais on-line que falam sobre o tema usando uma linguagem mais didática, sem os jargões do mercado financeiro. Investimento passou a também ser conversa de bar. Ainda assim, as mulheres se sentem inseguras para dar o primeiro. Como investidoras somos apenas 22% na Bolsa (B3) e não chegamos a 30% no Tesouro Direto1. O #FFBR vem para facilitar a experiência das mulheres nessa jornada, mostrando que este lugar também as pertence.

E pertencimento tem a ver com identificação. Algo que não é fácil encontrar nas atividades core do mercado financeiro. Como profissionais de bancos de investimento as mulheres representam 35% dos funcionários; analistas CPNI, 15%; profissionais CPF®, 23%, e com CFA®, apenas 11%1. O Financial Feminism Brasil não é um movimento de embate, mas sim de inclusão. Há uma necessidade urgente de ações positivas para incentivar a entrada das mulheres nesse universo.

Recentemente, a Itali Collini, co-fundadora do movimento, compartilhou comigo e a Mariana Ribeiro (outra co-fundadora) o depoimento de uma caloura de economia, que se dizia desestimulada a seguir na carreira por percebê-la muito machista. Teme ser prejudicada nas entrevistas de emprego, por acharem que ela não é capaz. A vontade dela é trabalhar como trader ou analista de investimentos. Mas sente que ser mulher pode impactar nisso.

De onde ela tirou essa ideia? Por que ela pensa assim? Quem falou essas coisas para ela? Você, mercado financeiro, mesmo que não verbalmente. Sua imagem não está nada boa entre as mulheres. Essa caloura é apenas uma de muitas profissionais que não se sentem bem-vindas no seu universo. Algumas mudanças que já estão sendo implementadas, mas que tal acelerar esse processo?

Fato é que não vamos esperar as portas se abrirem para entrarmos. Não vamos bater, nem pedir licença. Estamos chegando com força, com conhecimento, com vontade. E estamos levando muitas mulheres conosco. Acesse aqui o manifesto do #FFBR e entenda mais sobre o movimento.

Por fim, um agradecimento especial a todos que fizeram possível o evento do dia 05. Os patrocinadores, Rodrigo Luiz, Sheltered Capital, e Monica Saccarelli, Diin. Às parceiras, Victoria Giroto e Ana Baraldi, Invista como uma Garota; Rejane Tamoto, Vamos Planejar; Nina Silva, Movimento Black Money; Elisa Rosa, Nosotras; Fabíola Fonseca, Mulheres do Café.

Fontes: B3, Tesouro Direto, Catalyst, CFA Institute, CFP Board, Apimec.

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