Felipe Paletta: Por que tranquilidade é tão importante na hora de investir
“Não. Não perde tempo ligando para esse cliente não. Foca nesse top 30, por favor.”
Quando entrei no mercado financeiro, informação de qualidade para o investidor individual, a mim e a você, praticamente inexistia.
Carta dos gestores de fundos de investimento? Só sendo muito curioso ou conhecendo alguém experiente para achar.
Ligação do seu assessor de investimentos? Esquece.
Se você não tivesse mais de R$ 300 mil na conta da corretora, estaria fadado a receber em seu e-mail somente os documentos e informativos exigidos pelos órgãos reguladores.
Caso você enviasse uma dúvida mais técnica para a caixa de entrada da corretora com R$ 1 mil na conta, era muito provável que recebesse uma resposta somente um mês depois.
Ah, e provavelmente com diversos erros, já que – com certeza absoluta – a resposta não seria de um profissional experiente.
Mas, felizmente, as coisas mudaram radicalmente.
Neste sentido, a tecnologia facilitou enormemente a vida dos investidores individuais.
Basta jogar na conta da corretora o valor mínimo de investimento de qualquer aplicação e, em um microssegundo, você começará a ser bombardeado com conteúdo gratuito, sugestões de alocação, sala de trade ao vivo e por aí vai…
Claro que os investidores com mais grana continuam sentando na janela, mas a primeira classe nunca esteve não próxima da econômica.
Agora, confesso que o que mais tem me irritado nos últimos meses são os e-mails que vira e mexe aparecem na minha caixa:
“Estamos passando apenas para lembrar que há saldo disponível em sua conta. Não deixe ele parado.”
Desculpe-me, sei que esse tipo de lembrete pode ajudar, afinal todo mundo sabe que dinheiro parado não rende, mas essa aceleração tem muito mais a ver com os objetivos da corretora do que com os seus próprios interesses.
Afinal de contas, seu dinheiro parado não gera corretagem.
Liquidez imediata é muito melhor do que liquidez diária!
Imagine a seguinte situação: você transferiu para a conta da sua corretora R$ 10 mil e que esse valor represente 10% do seu patrimônio a investir.
Você está em dúvida sobre o que fazer.
“Compro mais ações ou compro ouro para me proteger?”
Não é uma decisão fácil, então você leva uns dias para refletir.
Talvez duas semanas.
Como qualquer analista, com certeza diria que o racional seria deixar essa grana no Tesouro Selic ou em um fundo DI sem taxa de administração até que tomasse a decisão, mas sei que nem toda decisão é estritamente racional e que muitas vezes queremos o saldo livre para conseguir colocar em prática uma oportunidade relâmpago.
E não tem nada errado com isso.
Liquidez imediata é muito melhor do que liquidez diária, pode apostar.
Com a taxa de juros rendendo 2,25% ao ano, descontando IOF e Imposto de Renda da aplicação em Tesouro Selic por 15 dias – que ainda demora um dia útil para cair na conta após o resgate – seu retorno líquido seria de míseros 0,005%.
Isso significa que deixou de ganhar 50 centavos ao deixar os R$ 10 mil parados na conta. E mesmo se os juros fossem para 10% ao ano, você estaria renunciando a apenas R$ 2,20.
Eu mesmo costumo passar alguns dias refletindo sobre o que fazer com um novo aporte e confesso que sempre funcionou muito bem.
Sempre que cedi, tentando não deixar o dinheiro parado, tomei decisões equivocadas.
Mas preciso dizer que também limito essa regra a 20% do meu patrimônio.
Se o valor que estiver na conta da corretora representar mais de 20% do meu patrimônio investido, deixo em um fundo DI ou no Tesouro Selic até que tome a decisão de onde investir.
Você tem alguma estratégia particular na hora de investir? Então me manda no e-mail ideias@inversa.com.br.
E outra dica que posso dar é: separe o seu patrimônio investido em três caixas:
Um para a famosa reserva de emergência, uma para um plano de aposentadoria privada de longo prazo e outra para um portfólio de investimento mais diversificado – que inclusive pode ter investimentos sem risco, como estratégia de alocação.
Elaborei, inclusive, um relatório completo que explica em detalhes a diferença dessas estratégias e trago uma sugestão de alocação para o momento de acordo com o seu perfil.
Ah, e discuto bastante a decisão recente do Tesouro Direto de isentar a taxa de custódia para o Tesouro Selic em investimentos de até R$ 10 mil.
Afinal, o que vale mais a pena agora: Tesouro Selic ou Fundos DI?
Gostou dessa newsletter? Então me escreva no e-mail ideias@inversa.com.br.
Um abraço e até a próxima!