Empiricus Research

Felipe Miranda: Uma longa caminhada em tempos de patinete

06 mar 2019, 14:27 - atualizado em 06 mar 2019, 14:27

Por Felipe Miranda, CEO da Empiricus Research

O segredo para se investir bem não é tão oculto assim, tampouco exige habilidades sobrenaturais.

Funciona exatamente como uma longa caminhada. Você, investidor, deve colocar um pé na frente do outro, outro pé na frente de um, repetindo o movimento por uma quantidade indefinida de vezes.

Sob um ponto de vista estritamente técnico, a tarefa é razoavelmente simples. Até mesmo um rato é capaz de comer uma montanha por meio do acúmulo de pequenas mordidas sucessivas.

Onde está o desafio, então? Por que não encontramos bons investidores a cada esquina?

Não tem a ver com tropeços, é claro. Os tropeços atrapalham e, às vezes, até nos ajudam a acordar e retomar o foco. Tropeços simplesmente fazem parte de toda longa caminhada.

O desafio está na persistência.

Muitos associam persistência a uma espécie de sacrifício, mas não é o meu caso. A persistência, para mim, depende do tamanho de um desejo.

Qual é o tamanho do seu desejo de enriquecer? Esse é o mesmo tamanho de sua persistência como investidor.

O desafio, portanto, está em acordar a cada manhã e colocar um pé na frente do outro, outro pé na frente de um.

Em longo prazo, o mercado é a balança que tira dinheiro de uma multidão de ansiosos para dar dinheiro a um seleto grupo de persistentes.

Há um jeito fácil de saber se você faz parte desse grupo seleto.

Estamos todos sentados na sala de cinema, as luzes se apagaram e o filme vai começar. É o filme que conta a história dos investidores milionários, óbvio candidato ao Oscar. Mas algo estranho acontece, de tal forma que o filme não se inicia prontamente.

Minutos passam, estouram vaias e reclamações, o público vai se levantando e deixando a sala. Querem o dinheiro do ingresso de volta.

Agora você é a única pessoa restante no cinema, e o filme começa.

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Estados em crise financeira poderão se financiar tomando dívida junto a bancos privados estrangeiros.

Não é uma solução estrutural, nunca se resolve dívida com mais dívida. Mas é mil vezes melhor do que pactuar empréstimos subsidiados com BNDES, Caixa ou Banco do Brasil.

Quanto ao custo dos empréstimos, ao lastro e à expectativa de adimplência, o mercado por si há de resolver. Bancos privados estrangeiros não carecem de paternalismo.