Opinião

Felipe Miranda: O que quero dizer com Empiricus Fase 2? E onde você se encaixa?

02 out 2019, 10:52 - atualizado em 02 out 2019, 10:52
Felipe Miranda
Colunista discorre sobre reinvenção da Empiricus e missão de democratizar investimentos sem conflito de interesses (Imagem: Empiricus Research)

Talvez você tenha visto ontem o vídeo em que a Bettina, em nome da Empiricus, pede desculpas pela falta de clareza sobre aquela famigerada propaganda com ela de protagonista, viralizada junto com as águas de março.

Ao que parece, rendeu inclusive a notícia mais lida no site da Folha. Confesso certa perplexidade com tamanho interesse às vezes notado no tema “Empiricus”. Somos tão pequenos e irrelevantes diante dos poderosos bancos e corretoras. Seja como for, lá estamos liderando ao menos este ranking. Vai entender…

Coincidentemente — e foi coincidência mesmo, no máximo sincronicidade junguiana, sei lá —, a Bettina fez aniversário na última terça-feira. Agora, ela tem 23 anos (uau!).

Eu não me lembro bem onde eu estava com 23 anos, o que já é um sinal de meus hábitos, mas estou certo de estar à época alguns (vários) passos atrás em minha própria evolução patrimonial. A situação financeira lá em casa não ajudava, é verdade, mas isso é conversa para outro dia.

Volto à questão central. Lá em março, ainda que eu mesmo tenha vindo publicamente, sucessivas vezes, esclarecer que a Bettina não saiu de um patrimônio de 1 mil reais para 1 milhão de reais em três anos apenas investindo em ações, tendo ocorrido outros aportes no meio do caminho, o fato é que nós erramos.

Precisávamos ter deixado isso mais claro já naquele anúncio de 10 segundos no YouTube, mesmo àqueles que não atenderam ao pedido de apenas clicar para saber mais.

Bettina volta agora. Primeiro, para se desculpar, institucionalmente. Depois, para mostrar a Empiricus em uma nova e importante fase.

O que quero dizer com esta fase 2? E o que você tem a ver com isso?

Desde março, passamos todo esse tempo nos preparando. Melhoramos nossos processos internos, contratamos mais analistas, reformulamos todas as etapas de revisão de cada material que sai daqui, criamos e desenvolvemos uma bem estruturada área de compliance, mantivemos reuniões públicas e construtivas com a CVM, contratamos um brilhante diretor de comunicações focado em elevar o nível de nossas relações institucionais (um talento reconhecido de grande agência de PR), avançamos em tecnologia por meio dos passos iniciais, ainda incipientes admito, para a criação de um “Empiricus Labs”, reestruturamos nosso portfólio de produtos de modo a nos ater mais à nossa vocação: gestão de carteiras focadas em longo prazo, com uma maior inclinação para ações.

Talvez o ponto mais sensível, porém, seja outro e aqui se encaixa cirurgicamente o novo vídeo da Bettina: adotamos uma nova postura nas nossas cartas de vendas.

Chegamos até aqui basicamente escorados no modelo de long copywriting de nossos sócios norte-americanos, os maiores publicadores de newsletters financeiras do mundo, com 4 milhões de assinantes pagantes (sim, é isso mesmo) e presença, sob o mesmíssimo modelo, em 20 países.

O que terá nessa nova postura?

Em resumo, ainda que continuemos ligados ao “long copy”, a nova abordagem está inteiramente associada à capacidade de boas ideias de investimento transformarem vidas, à qualidade da nossa equipe de 34 especialistas, ao track record de nossas sugestões e, mais importante, ao impacto que causamos na vida das pessoas que nos assinam. No final do dia, é isso que importa.

Como em qualquer outra empresa de consumo & varejo (antes de ser uma empresa de conteúdo financeiro, somos uma empresa de varejo, pensada para a pessoa física), o marketing pode até ser parte importante da estratégia, mas é apenas uma parte. A questão verdadeiramente relevante, para qualquer empresa, é se, ao consumir seu produto, o consumidor (no nosso caso, o investidor) está em melhor ou pior situação.

É exatamente isso que queremos mostrar: o quanto podemos causar de benefício na vida do investidor, algo verdadeiramente transformacional.

E o que, na minha opinião, a Empiricus — e só a Empiricus — pode trazer de benefício ao investidor?

1. Informações de alta qualidade, fora do radar e alheio ao consenso, livre de conflitos de interesse.

Quem é quem no mercado financeiro? Cerca de 85 por cento do dinheiro dos brasileiros ainda está nos grandes bancos. E, em termos práticos, a orientação para investimentos, quando há alguma, é feita pelo gerente daquele banco.

O gerente, claro, como qualquer outra pessoa, tem meta para bater, boleto para pagar e bocas para alimentar. Então, é natural que, obedecendo à estrutura de incentivos (e isso não é culpa dele), ele vá oferecer aos correntistas o melhor produto para o banco, não para o investidor.

Não há alinhamento entre as coisas. O conflito de interesses impede que chegue ao investidor as melhores alternativas para seu próprio bolso.

Em resposta ao sistema financeiro altamente concentrado e oligopolizado, vieram as corretoras independentes. Ótimo. Excepcional evolução. Seu nome está escrito de forma indelével na história do mercado de capitais brasileiro. Parabéns aos envolvidos, de coração. Contudo, ainda há dois problemas aqui.

Fora dos bancos, há várias tentativas de corretoras e uma verdadeira plataforma de investimento. Na prática, temos quase um monopólio fora dos bancos; o resto é mera tentativa — basta ver os fees de distribuição e estruturação em renda fixa (mais sobre isso abaixo). Talvez mude no futuro — tomara, aliás. Mas essa é a realidade hoje.

Além desse monopólio, há outra questão relevante. Quem orienta o investidor hoje é o agente autônomo — ainda que, por exigência regulatória, ele não possa recomendar investimentos, todos nós sabemos como funciona na prática.

Ele não recomenda, mas sugestiona, indica, orienta, aconselha, empurra. Fique com o verbo de sua preferência. O vendedor é também o aconselhador, desafiando o princípio básico de que “quem parte e reparte fica com a melhor parte”.

De novo, há uma estrutura de incentivos que tende a inclinar o assessor de investimento a sugerir aplicações cujas taxas e rebates remuneram a ele mesmo, não o investidor. O agente autônomo é uma gigantesca evolução frente ao gerente do banco, mas não resolve a essência do conflito, apenas reduz o problema.

Precisamos caminhar para um modelo em que a figura do consultor seja o centro. Aí, sim, teremos uma estrutura de incentivos alinhada com os interesses do investidor. Enquanto isso não acontece, apenas temos o modelo “Gerente 2.0”.

Em termos práticos, não há como confiar em recomendações de investimentos de dentro do sistema financeiro tradicional, pois elas podem estar obedecendo a uma outra agenda.

“Ah, então vou basear meus investimentos no meu youtuber favorito.” Numa boa, preciso explicar essa? Isso faz algum sentido pra você?

Precisamos delinear uma linha muito bem marcada entre uma equipe robusta, séria, grande e dedicada de pessoas de outros indivíduos que, sozinhos, ligam uma câmera em casa e saem falando de finanças. Eles, em si, podem ser ótimos, dedicados e inteligentes.

Mas não há como competir em termos de boa informação com uma equipe de algumas dezenas de pessoas. Não há super-heróis ou supergênios nesse nosso mercado. Papo reto aqui: não há como montar um baita time de research, como temos aqui, por menos de 10 milhões de reais por ano. Simplesmente, não dá.

2. Um foco obstinado em gestão de portfólio

Talvez você até possa encontrar uma ou outra boa dica de ação ou título de renda fixa por aí. Acredito nisso. Mas o que importa de verdade para sua construção patrimonial é o “asset allocation”, a boa alocação entre as mais variadas classes de ativos.

Escolher entre Bolsa e dólar é muito mais relevante do que entre Itaú e Bradesco. Até 90 por cento da evolução patrimonial pode ser explicada pelo asset allocation.

Cada vez mais, insistimos num discurso em prol de portfólios diversificados e balanceados. Todo investidor, do mais conservador ao mais arrojado, deve ter ações, renda fixa, fundos imobiliários, moeda forte em sua carteira. Conforme seu perfil e horizonte temporal, vai calibrar apenas o sizing entre essas coisas.

Agora, por exemplo, temos cerca de 40 por cento indicados para aplicar em ações em portfólios arrojados, porque estamos muito otimistas com Bolsa. Não precisa inventar muita moda.

Compre a maior parte em BOVV11 e um naco de SMAL11. Se você for muito conservador, mesmo assim deve comprar Bolsa? Sim, compre 5 por cento da sua carteira. Não vai matar nem morder.

Hoje, nosso asset allocation está bem pesado em Bolsa e juros longos, que entendo ser os melhores cavalos para surfar o atual bull market estrutural no Brasil, naquilo que André Esteves, com a sagacidade de sempre, batizou de “financial deepening”.

Tudo isso só faz sentido, porém, dentro de uma carteira, protegida com alguma coisa perto de 10 por cento em dólar e ouro.

Temos hoje na Carteira Empiricus o principal produto da Casa e, sinceramente, desconheço outro portfólio em todo o mercado que tenha gerado tanto retorno ao investidor, com esse nível de risco, do que ela. Pode ter sido sorte. Pode não se repetir à frente. Pode entregar tudo amanhã. Mas aconteceu. E ninguém vai tirar isso do bolso de quem a seguiu.

Agora, por meio de nossa parceria com a Vitreo, de que me orgulho muito, temos outros portfólios balanceados. Arrisco dizer que o FoF SuperPrevidência é a melhor alternativa disponível entre todas para previdência, incluindo aqui os private bankings e as grandes gestoras de fortuna.

O FoF Melhores Fundos tem uma diversificação formidável entre os melhores gestores de recursos do país. E o Carteira Universa tem por objetivo perseguir a Carteira Empiricus — ele acaba de superar a marca de 500 milhões de reais sob gestão e deve ser fechado em 700 milhões de reais, de modo que, diante do rápido ritmo de captação, sugiro agilidade aos interessados.

3. Evitar os riscos escondidos da baixa volatilidade

Nós somos diferentes de todo o resto do mercado brasileiro em relação à volatilidade. Partilhamos da mesma visão da Artemis Capital: a volatilidade é apenas um instrumento da revelação da verdade. Por vezes, há mais risco naquilo que não tem vol, justamente porque os fatores de risco estão escondidos sob o tapete.

Aquilo que você não enxerga, os “unknown unknowns” de Donald Rumsfeld, é muito mais perigosos do que aquilo que você enxerga. Ninguém escorrega numa casca de banana que está vendo à sua frente. Como diz Nassim Taleb, você precisa amar a volatilidade.

Deixe-me ser claro sobre um ponto: há hoje no Brasil uma bolha no mercado de crédito, em particular em ativos e fundos ligados a infraestrutura.

Por conta desse monopólio supracitado na originação e distribuição desses papéis, quem está se apropriando de todo o excesso de retorno ligado ao crédito privado não é o investidor, a ponta final, aquele que financia e realmente fomenta o desenvolvimento do mercado de capitais, mas, sim, o estruturador, que está levando fees da ordem de 5 por cento na cabeça.

Assim, chega um spread totalmente amassado ao investidor final — eu escrevo isso e o pessoal fica bravo, porque vê risco à sua enorme e desproporcional remuneração; desculpem, meus caros, vocês mesmos sabem que é verdade, nem acreditam o tanto de dinheiro que estão ganhando nesse nicho.

O investidor precisa resistir à tentação de ganhar um “deltinha” sobre o CDI sem volatilidade. Ele é atraído por esse pequeno excesso de retorno, aparentemente sem risco. O problema é que o spread de crédito no Brasil não compensa. Precisamos apostar centavos para ganhar dólares; nunca fazer o contrário.

4. Humildade epistemológica

Essa talvez seja a nossa maior diferença. Nós sabemos que não sabemos. Assumimos isso. E se trata de uma baita vantagem. Assim, a gente nunca concentra, nunca se alavanca, evita grandes erros que podem expulsar as pessoas do jogo (podemos, sim, cometer erros, e de fato cometemos vários, mas sempre pequenos e em menor frequência).

A gente se belisca toda hora, sabe que acertos momentâneos não significam nada, podem ter derivado apenas da sorte e podem ser entregados do dia para a noite, no primeiro momento em que baixarmos a guarda.

Vale também para o nível empresarial. Sabe quanto vale a opinião das pessoas aqui, mesmo a minha? Zero. Zero mesmo. Institui a chamada ditadura do teste na Empiricus.O teste manda. Fica o que dá resultado, sem julgamentos a priori.

Opiniões e provas do próprio ponto prestam apenas para alimentar o ego, o maior inimigo do investidor. E se teve uma coisa que aprendi neste ano foi a importância de, como empresário e gestor, administrar egos.

Diante de um mundo que insiste em ser ininteligível, só nos resta perseguir assimetrias, sempre perguntar o quanto podemos perder na hora ruim frente ao que podemos ganhar na hora boa. Ganhar muito nos acertos e perder pouco nos erros.

Admitir para si que esse jogo é difícil pra caramba. E que cada dia pode ser uma nova fase. É sempre um Day One, mesmo na fase 2. Nós mudamos, sim, e bastante. Mas o ímpeto pela perseguição obstinada pelas melhores oportunidades de investimento é o mesmo de sempre.

Como diz Mickey a Rocky Balboa, a pior coisa que pode acontecer a um lutador é ser domado. Os Rolling Stones nunca serão os Beatles. Sabe por quê?

Ora, porque eles são os Rolling Stones.