Empiricus Research

Felipe Miranda: Qual foi o crime de Bettina?

20 mar 2019, 10:36 - atualizado em 02 abr 2019, 14:12

Por Felipe Miranda, CEO da Empiricus Research

Quem está na chuva é pra se queimar. Para um corintiano roxo, difícil esquecer Vicente Matheus. Talvez fosse o caso de agradecer à Antarctica pelas Brahmas que nos mandaram. Precisamos relaxar. Ah, com o monopólio da Ambev, a piada perdeu o sentido.

Vídeo: CEO da Empiricus explica campanha de marketing da empresa

Tentei mudar de assunto. Eu juro. Queria começar com Copom, Fed e os 100 mil pontos. Mas foi impossível.

Como talvez os quatro leitores suspeitem levemente, a Empiricus está, neste momento, lutando uma batalha. E digo batalha porque, para mim, isso se insere dentro da mesma guerra que travamos desde 2009. A bandeira em prol da verdadeira democratização dos investimentos no Brasil, de levar para a pessoa física, em escala, alternativas tão boas ou melhores do que aquelas antes restritas aos multimilionários e profissionais do mercado financeiro, é a mesma desde sempre. Tudo, claro, livre de qualquer conflito de interesses, contrariando as relações típicas da indústria financeira. Se, para isso, precisamos recorrer a um marketing barulhento, sim, nós topamos. Qual é a alternativa? Eu tentei por quatro anos. Falei para meia dúzia. Preguei no deserto.

O que está em jogo aqui não é apenas a Bettina, que, para mim, é simplesmente uma heroína — cara, qual a chance de eu, Felipe, ter suportado tudo isso aos 22 anos? De ter minha vida vasculhada, de ter desrespeitada minha privacidade e de continuar incólume? O marmanjo que hoje aponta o dedo acusando estava fazendo o que aos 22 anos? Tenho curiosidade genuína em saber, embora, claro, não vá invadir a privacidade alheia. Da minha parte, sou hoje apenas um fã, espectador admirado desse fenômeno. Bettina, o que você fez, nessa proporção e nessa abrangência, ninguém, absolutamente ninguém, fez na história do mercado de capitais brasileiro.

O que está em jogo, de maneira mais abrangente, é se as pessoas podem se expressar de maneira livre, da forma como quiserem em suas redes sociais ou em empresas de atividade eminentemente editorial quando o assunto é finanças e evolução patrimonial. Falando o português claro, a liberdade de expressão deve ser cerceada quando o assunto é finanças? Onde está escrito isso na Constituição? E, na eventualidade da resposta positiva, conviveremos com a censura, certo?


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Felipe Miranda quer te enviar um Termo de Compromisso por e-mail. O CEO da Empiricus está apostando com você que vai DOBRAR A SUA RENDA e coloca todos os termos da aposta sob o risco dele.

Confira os detalhes aqui.


Se a censura formal existisse, então a Bettina seria potencialmente cerceada. Mas cerceada pelo quê? Pelo crime de ter convidado as pessoas a clicarem num botão em que estava escrito “saiba mais”, para depois assistirem a uma série de três vídeos sobre ações? É disso que estamos falando? Nem sabemos qual o conteúdo dos três vídeos, nem o que ou se a Empiricus vai vender algo ao final do processo. Mas já condenamos pelo simples convite gratuito ao clique no “saiba mais”, feito numa chamada de 15 segundos. Julgada por convidar a saber mais.

Condenamos o conteúdo interno do livro pela capa e a culpa é do livro? Os quatro leitores sabem: eu estou aqui, todos os dias da minha vida, chamando a atenção para a necessidade de ser diligente, de ter um portfólio equilibrado e diversificado, de montar proteções, de focar o “asset allocation” (não dicas específicas), de como é difícil bater o mercado.

Respeito todas as críticas à Empiricus. Faz parte do jogo. De certo modo, a esta altura, acho que acostumei. Criei calos, as costas estão mais largas e a resistência está treinada — acho que é aquela ideia de remotamente atingido narrada pelo Malcolm Gladwell.

E se querem saber, eu talvez seja um dos maiores críticos da Empiricus. Uso as críticas construtivamente, cético sobre mim mesmo. Infernizo a vida de algumas pessoas aqui na direção da melhora, para levar a nossos assinantes simplesmente o melhor. E por muitas vez reconheço: nosso melhor não é suficiente. Erramos, erramos e erramos.

Agora, confesso: há momentos de grande desapontamento, em que a tentação de tergiversar sussurra em seus ouvidos como um anjo do mal. Em que você se olha no espelho e pensa: será que vale mesmo a pena? Será minimamente razoável tudo isso? Será que este país tem algum jeito, qualquer que seja?

Eu já conheço o processo. Sei como termina. E termina bem, porque o propósito fala mais alto no final. Da vocação a gente não escapa. Nossas almas têm seus próprios ancestrais. Essa é só a reação inicial; logo depois vem um espírito incandescente fervendo as entranhas para empurrá-lo para a frente. A tempestade passa. Premia a verdade, que é necessariamente filha do tempo. O jogo só termina quando acaba, de novo em referência a Vicente Matheus.

Estamos aqui por uma missão: ajudar a pessoa a investir melhor. E melhor não somente frente ao que ela mesma vinha investindo. Isso também, claro. Mas melhor ainda que esses ternos vazios que hoje nos apontam o dedo. Essa é a minha batalha pessoal. Com a devida humildade e, assumo, talvez muito ajudado pela sorte, temos conseguido. Não é uma opinião. É um fato objetivo. O desempenho de nossas carteiras sugeridas corrobora isso. Está tudo aí, medido e calculado, toda semana, público para quem quiser ver, conferir, mandar auditar. “Omolu, Ogum, Oxum, Oxumaré/Todo o pessoal/Manda descer pra ver/Filhos de Gandhi.”

Empiricus não é a empresa que eu fundei com meus sócios Caio e Rodolfo (ah, e como me orgulho deles! E de todos os nossos 250 colaboradores, em especial das mulheres; como tenho me orgulhado de “nossas” mulheres!) e onde eu trabalho. A Empiricus sou eu mesmo, metonímia e prosopopeia — embora, claro, hoje minha contribuição aqui, se é que há alguma, seja bastante marginal (arriscaria dizer negativa).

Admito que os últimos dias têm sido duros. Não pelo barulho e pela exposição em si. Jamais me furtei ou me furtaria a combater o bom combate. O que esta vida quer da gente é coragem. E você pode dizer o que quiser de mim, mas coragem não me falta. Criado na educação jesuíta, acredito que a coroa da justiça me está guardada, e não somente a mim. A segunda carta do apóstolo Paulo a Timóteo é clara: preserva a tua fé. E fé, na minha humilde visão, não necessariamente precisa ser aquela do catolicismo ou de qualquer outra religião, mas pode ser também na sua própria verdade, na sua missão neste mundo.

A dureza está em algumas barbaridades faladas contra a Empiricus em geral e contra a Bettina em particular. Argumentos completamente falaciosos, pronunciados por pessoas que não conhecem a Empresa nem a menina (me desculpe de coração se o termo “menina” não lhe soa bem, mas minha alma velha não consegue ver outra coisa neste momento além de uma menina — brilhante e espetacular, mas ainda assim, uma menina), mas estão prontos para destilar veneno em críticas  violentas, falaciosas, superficiais e invasivas.

Além da falta de respeito com a brilhante Bettina e do machismo de alguns idiotas (e aqui não há desculpa alguma para o uso do termo “idiotas”), tenho me surpreendido com os autoproclamados liberais brasileiros.

Que liberalismo é esse em que vocês acreditam?

Ao menos os ditos liberais não deveriam achar que a publicadora Empiricus, gostando ou não dela, deveria ser regulada pelas forças do livre mercado? Em qual livre mercado editorial vocês estão vivendo? Ou só vale a livre iniciativa quando ela atende ao seu gosto pessoal? Quem melhor do que os assinantes da Empiricus poderia julgar a nossa empresa?

Eu jamais emitiria uma opinião sobre a Red Bull porque não gostei da menção a dar asas. Seria um constrangimento. No mínimo, eu tomaria um Red Bull. Antes de falar que a Skol não desce redondo, eu beberia uma Skol. Seria um esforço grande, mas eu o faria.

Por favor, se me permite a ousadia, antes de tecer uma crítica sobre a Empiricus , conheça nossos produtos. Pergunte. Dê um passo mínimo além da superficialidade e do preconceito. Se você nunca leu uma publicação paga, se nunca assinou nada, é realmente difícil que sua opinião seja embasada. Esse seria meu único pedido. Dê-nos a chance de nos apresentar. Se resiste à leitura, tudo bem também. Pergunte àqueles que assinam nosso material qual tem sido seu retorno. Confira com eles se estão felizes ou tristes. Se essas pessoas ganharam ou não dinheiro com a gente. Se suas vidas melhoraram depois do tal “pecado original de clicar no saiba mais”.

Outra crítica dos inteligentinhos de plantão: “Se esse marketing fosse feito nos EUA, a SEC já teria mandado parar”. Nada mais falso e sem conhecimento do caso.

A SEC isenta as publishers de qualquer regulação especial. Por seu caráter eminentemente editorial, elas estão fora dos chamados “mercados fechados”, alheias à originação e distribuição de valores mobiliários. Logo, não pertencem ao ambiente regulado. Por lá, a garantia constitucional da liberdade de expressão está preservada.

Em outras palavras, a SEC, assumidamente, não tem nada a ver com isso. É claro que as publishers continuam sujeitas à fiscalização de crimes de mercado, como insider, front running, pump and dump, etc; como qualquer outra empresa ou pessoa.

Não custa lembrar: os EUA são o berço do copywriting, o modelo do marketing histriônico que a gente simplesmente copia. Por lá, há dezenas — talvez chegue a centenas — de Empiricus , fazendo as mesmas coisas, nos mesmos detalhes, tim-tim por tim-tim.

Não quero estar certo. Não quero convencer ninguém. Mas eu, Felipe, entendo que todos (tirando os bancos da jogada!) os envolvidos e impactados pelo nosso marketing, embora possam achá-lo chato, repetitivo e exagerado, com uma reação inicial crítica (eu mesmo tenho essa sensação), são, em termos práticos (no fundo é o que interessa, não?), diretamente beneficiados pelas nossas campanhas publicitárias.

Sem elas, teria sido impossível chamar a atenção de tantas pessoas para o assunto finanças. É justamente o modelo de impacto do copywriting que trouxe tantos assinantes para a Empiricus. E, num processo claro de endogeneidade e talvez metalinguagem, os maiores beneficiados da escala da empresa são os próprios assinantes, que deram escala à empresa. Com mais recursos (mais grana entrando), a Empiricus pode contratar os melhores profissionais e formar uma equipe grande (hoje ela é a maior do Brasil, incluindo aí a dos bancos; e, sim, tamanho de equipe faz diferença neste caso), investir em tecnologia, em treinamento das pessoas, em processos, etc.

E quanto mais investidores são assistidos pela Empiricus, mais gente faz cadastro e melhora suas aplicações nas corretoras, que passam a lucrar mais. E mais CPFs são registrados na B3, popularizando e democratizando esse mercado. A roda gira bonitinho para todo mundo.

“Ah, eu colhi resultados incríveis das publicações pagas de vocês. Acho as indicações ótimas, mas não gosto do marketing.” Humildemente, eu gostaria tanto que as pessoas entendessem que não dá para ter o primeiro sem o segundo… A qualidade da pesquisa tem relação direta e umbilical com o marketing — é o nosso marketing que permite ter a equipe que temos (ela é cara!), e é essa equipe que produz as publicações que geram tanto lucro para os nossos assinantes.

Além disso, a escala possibilita que a Empiricus seja relevante no mercado. E, sendo relevante, passamos a falar com todos os gestores de mercado, com o top management das companhias, com as entidades setoriais; ter acesso às melhores cabeças e ideias de investimento, o que obviamente ajuda muito em nossa pesquisa.

Há muita gente boa por aí e é um enorme privilégio gozar da rede de contatos que temos hoje. Se você soubesse o quanto ajuda conversa com esse pessoal… os gestores brasileiros, principalmente os de ações, são “world-class”. Há, claro, também gestores brilhantes de multimercados. Cheguei a escrever os nomes de três aqui. Apaguei, porque, neste contexto, passaria a impressão de que tenho acesso direto a todos eles, o que seria falso no caso. A verdade é que, na física, sou tímido e fico constrangido, tenho vergonha de conversar com esse pessoal.

Sobre essa relação com os gestores, eu preciso destacar o trabalho da Luciana Seabra. Pra mim, a Luciana é hoje simplesmente a figura mais importante de toda a indústria de fundos do Brasil. Admito que, sim, estou enviesado. Ela é minha sócia, minha amiga pessoal e sou um fã declarado do trabalho dela. De todo modo, é minha opinião sincera. Mas não precisa acreditar em mim. Pergunte aos gestores (por favor, as exceções que não a conhecem não vale; essas não deveriam opinar) o que eles mesmos acham da Lu.

Deixe-me falar sobre um exemplo muito atual, da prática, do jeito que a gente gosta. Você está vendo BTG Digital e Órama zerando as taxas de administração de seus fundos DI? Isso foi ótimo para o investidor, não foi? Ele, a ponta final, quem realmente interessa, foi bastante beneficiado — embora na Órama ainda haja cobrança de taxa de custódia (cheque no formulário de referência; no caso do BTG, também a custódia é zero) e isso talvez pudesse ensejar alguma eventual dúvida sobre a comunicação e o marketing da Órama, mas quem se interessa por isso, não é mesmo?

Esse movimento de zeragem das taxas dos fundos DI só foi possível graças ao trabalho de uma única pessoa: Luciana Seabra. Com isso, ela escreveu seu nome de forma indelével e definitiva no mercado de capitais brasileiro. Ela não apenas ajudou seus assinantes, não fez um ou outro banco/corretora se moverem. Ela ditou o movimento da indústria. Se preciso fosse, eu estenderia um tapete vermelho para a Luciana aqui.

E é claro que isso se deve, fundamentalmente, ao talento e à capacidade infinita de trabalho da Lu, mas jamais aconteceria se não fosse pela escala da Empiricus. Hoje, todas as corretoras (para usar o termo mais atual, os shopping centers financeiros) querem pescar no aquário da Empiricus e, para isso, usam dos mais variados subterfúgios para gozar de uma indicação favorável sobre o fundo disponível em sua plataforma. Isso só se dá porque o aquário é grande e cheio de peixes. Eu não tenho problema nenhum com isso. Ao contrário. Fico feliz, porque quem ganha é o investidor.

De toda essa história, após escrever essa Bíblia, uma coisa ficou na minha cabeça: das pessoas que criticaram a campanha da minha ídola Bettina, quais estavam realmente preocupadas com o interesse do investidor? E outra: qual delas fez algo pelo investidor no Brasil?

Enquanto uns choramingavam, outros nos deram uma chance. Permitiram-se colocar o pé na água e acreditar na Empiricus . Para sintetizar a coisa, recorro àquela que é nossa publicação mais completa: desde sua criação, a Carteira Empiricus (proxy grosseira para um fundo multimercado) oferece 212 por cento do CDI a seus assinantes. Encerro assim este assunto.

Para fechar a questão, os convido para assistir ao vídeo em que dou uma resposta aos críticos do nosso marketing.

O texto já está enorme, mas eu me sinto no dever de falar um pouco sobre Copom, Fed e ações. Perdoe-me pela extensão. Devo isso aos leitores, que querem mesmo é saber de ganhar dinheiro. Só peço a compreensão porque estamos ainda dragados pelo assunto “Bettina”.

Vamos lá, tentando ser mais lacônico (impossível!) agora.

1. Copom: não sei o que vai acontecer. Nunca sei. A verdade é que ninguém sabe. Há os que não sabem. E os que acham que sabem. O segundo grupo é bem mais perigoso. Mas identifico uma assimetria bacana aqui. Não deve cortar a Selic, mas pode dar a primeira sinalização para eventual redução lá na frente. Isso empurraria bem as taxas prefixadas para baixo. Sou um comprador de pré, principalmente os longos, porque a curva está muito empinada. Se não vier sinalização nesse sentido agora, você vai ganhando o carrego. Típica posição assimétrica de que eu gosto.

2. Fed: quase o mesmo discurso, mas com viés não tão “dovish”. Pode indicar que juro não sobe na velocidade que o mercado espera, enfraquecendo o dólar no mundo e estimulando fluxo para ativos de risco. Sou vendedor de dólares contra moedas emergentes no momento, indicando o real.

3. Ações: duas coisas na minha cabeça.

3.1 Rumo: ações apanharam ontem com guidance um pouco pior do que o esperado. Para ter crescimento, precisa ter capex. Ainda estou pensando num jeito diferente de fechar essa equação, mas ainda não encontrei. Taxa interna de retorno ronda 30 por cento. Vale mais como oportunidade de compra do que como motivo de preocupação.

3.2 BTG Pactual: definitivamente, mercado vai começar a pagar pelo Digital. E nesse ritmo de crescimento, negócio vai valer dezena de bilhão rápido. Quantas XPs podem ter ali dentro no futuro? Management é melhor (digo no geral, pois acho o Guilherme Benchimol bastante competente também) e goza da vantagem competitiva de ter banco acoplado (o caso do fundo DI é emblemático: BTG pode zerar taxa e ficar tudo bem; Órama tem que continuar pagando a Mellon como administrador — como competir?). Fragilidade do BTG Digital vai ser conviver com o modelo conflitado, por ter banco junto; e depois porque ele mesmo está fomentando o conflito ao enveredar para o caminho dos agentes autônomos (disse isso olhando nos olhos do Marcelo Flora e do André Esteves e por isso me sinto tranquilo em fazer a crítica também publicamente; fiz rigorosamente a mesma coisa no caso da XP — questão de isonomia e justiça).

Chega de Empiricus por hoje. Queria convidar para o belíssimo vídeo produzido pela Inversa, sobre a história de meu ídolo Ivan Sant’Anna, que se confunde com a história da própria B3. Clique aqui para saber mais. Será que eu posso convidar para esse “saiba mais”?

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