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Felipe Miranda: B3 atinge 1,5 milhão de investidores pessoa física, mas o que isso significa?

30 out 2019, 10:58 - atualizado em 30 out 2019, 10:58
“Encerramos 2018 com 814 mil CPFs na Bolsa e, portanto, basicamente devemos dobrar em um ano”, afirma Felipe Miranda

Por Felipe Miranda, CIO da Empiricus Research

Soube ontem que o número de pessoas físicas na B3 atingiu 1,5 milhão. Ainda é pouco perto dos 210 milhões de brasileiros e indica clara subpenetração em qualquer comparação internacional razoável. Mas é uma conquista e merece ser comemorada. “Permita-se pequenas comemorações, é importante para marcar as coisas”, aprendi com a tia Glória.

Encerramos 2018 com 814 mil CPFs na Bolsa e, portanto, basicamente devemos dobrar em um ano. Talvez ainda mais significativo seja que essa grande onda parece ser estrutural, com espaço para durar anos, quem sabe toda uma década. De acordo com meu amigo Henrique Bredda (você já parou pra pensar que o Alaska é maior do que a Dynamo?), podemos encerrar 2020 com 3 milhões de pessoas na B3.

É uma conquista de todo o Brasil. Deriva, em grande medida, de fundamentos de cunho macro e setoriais, naquilo que o gênio André Esteves (talvez o maior gênio que já conheci) batizou de “financial deepening”.

O juro baixo, a inflação controlada, a plataforma de reformas em prol da consolidação fiscal, a perspectiva de retomada do crescimento econômico, o prognóstico de melhora do ambiente de negócios e coisas dessa linha pavimentam a via para o desenvolvimento do mercado de capitais e, por conseguinte, para a migração do investidor pessoa física em direção aos investimentos mais sofisticados, fora da poupança, dos PICs, dos títulos de capitalização, dos CDBs dos bancões e de outras esquisitices semelhantes.

Há também todo um ecossistema mais favorável, com maior acesso à informação e à educação financeira, e desenvolvimento tecnológico que simplificou em muito o processo de abertura de conta, envio de ordens e acompanhamento das carteiras (embora ainda falte um app realmente redondo de consolidação de portfólio; deixa isso pra depois).

Antes, abrir conta em corretora era mais difícil do que reescrever o tratado de Tordesilhas. Agora, você pode fazê-lo em cinco minutos com uma selfie e um retrato da sua CNH pelo celular.

Apesar do macro bastante favorável, dois atores merecem destaque especial. Primeiro, a própria B3. Por uma razão óbvia. Ela é a anfitriã da coisa toda. É lá que está o tal 1,5 milhão de pessoas (Imagem: Alberto Ruy/MInfra)

Apesar do macro bastante favorável, dois atores merecem destaque especial. Primeiro, a própria B3. Por uma razão óbvia. Ela é a anfitriã da coisa toda. É lá que está o tal 1,5 milhão de pessoas.

Por mais que o ambiente favoreça, entendo que a mudança do management e um foco crescente (embora ainda não seja assim aqueeele foco) no investidor de varejo fizeram (e fazem) a diferença. Com todo respeito ao Edemir, não há comparação com o Gilson.

E preciso nominalmente citar o Felipe Paiva — pode parecer estranho (de fato, é meio bizarro), mas essa é a primeira vez em que a Bolsa goza de uma pessoa realmente dedicada ao varejo. Hoje, até poderia apostar na privatização da B3.

Desculpe, não resisti à piada. Brincadeiras à parte, precisamos reconhecer os méritos da Bolsa, aqui representada nominalmente pelo Gilson e pelo Felipe, embora todos saibamos de toda a equipe por trás disso. As conquistas nunca são individuais e aqueles que ficam nos bastidores muitas vezes contam muito mais. Parabéns e obrigado por isso.

Outro ator fundamental é a XP. Ninguém fez mais pelo investidor pessoa física no Brasil. Boa parte desse 1,5 milhão de investidores se deve à XP. E se aqui eu aponto críticas aos conflitos de interesse típicos de seu modelo de negócios, essas são apenas filigranas perto da admiração geral nutrida pelo que lá foi construído e pelo que, termos líquidos, foi feito de positivo pelo investidor brasileiro

Talvez, quem sabe, um dia entendam que a admiração irrestrita é ruim e denota ingenuidade; críticas pontuais em meio a elogios gerais são, ou deveriam ser, percebidas como construtivas, em especial quando verdadeiras e faladas de forma direta, olhos nos olhos.

Portanto, como um participante do mercado de capitais e como alguém nascido e criado nesse ambiente, deixo o registro: XP, parabéns e obrigado também.

Ninguém fez mais pelo investidor pessoa física no Brasil do que a XP Investimentos (Imagem: Facebook)

Acho que sei bem meu lugar no mundo. Sou apenas um rapaz latino-americano, sem amigos importantes e com família no interior. Mas tenho ouvido muitos discos, conversado com pessoas e hoje vejo a Empiricus com 365 mil assinantes.

É pouco perto das nossas pretensões — tenho aqui comigo meu sonho grande, compartilhado apenas com os mais próximos — e do que podemos ser, mas é razoável perto de 1,5 milhão. Assim, gostaria de deixar minhas impressões sobre esse processo, num papo reto com você, investidor.

A coisa mais importante que gostaria de falar: embora estejamos vivendo a nossa Grande Migração, o investidor é bem diferente dos gnus do serengeti africano. Ele pode ser leigo, mas é bastante inteligente. E, aliás, a pessoa física é bem menos oportunista do que boa parte do alocador, ávido por taxas de rebates e frenético com observações da distância do fundo alocado e sua marca d’água.

Se você fala para o investidor que determinado ativo tem risco elevado e muita volatilidade, que pode causar-lhe ferimentos graves e, portanto, somente uma fatia muito pequena do capital pode ser alocada ali. A grana da pinga, não a do leite. Basta você falar de um jeito que ele entenda. Se ele é leigo, adote uma linguagem leiga. Se você fala de forma técnica com alguém que não é técnico, a burrice é sua, não dele.

Tenho bode de financistas ou jornalistas cuja primeira palavra a esse respeito é: “cuidado”, “isso é preocupante”, “precisa ser cauteloso”. Quanta penitência! Essas pessoas parecem, no fundo, odiar o mercado financeiro, estão focadas mais nos seus perigos e riscos do que na capacidade disso realmente transformar positivamente a vida das pessoas.

Aquele novo rico que odeia pobre sendo capaz de viajar de avião, como se “os bons investimentos” pudessem pertencer exclusivamente a uma casta de indivíduos superiores da qual, claro, ele faz parte, talvez seja o seu grande representante.

Quando feito adequadamente, o mercado financeiro pode representar uma fonte adicional (e importante) de construção patrimonial e de geração de renda, paralela à sua atividade profissional original, das pessoas (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

Óbvio que há riscos, mazelas e sustos no meio do caminho. O mercado financeiro é tão somente uma metonímia da vida real, composto por pessoas e empresas da… vida real. “Olhe, se eu fosse você, caro bebê, não viria para essa vida não, porque envolve muitos riscos, tem que ter cautela; fique aí mesmo na companhia de Hades.” Ora, “viver é muito perigoso”, já nos ensinou Riobaldo.

E, posso falar por mim, ainda prefiro estar vivo do que morto.

Quando feito adequadamente, o mercado financeiro pode representar uma fonte adicional (e importante) de construção patrimonial e de geração de renda, paralela à sua atividade profissional original, das pessoas. É fonte de aumento de patrimônio, crescimento pessoal e familiar e, muitas vezes, até mesmo desenvolvimento econômico.

Uma boa carteira de ações de dividendos, por exemplo, pode ajudar a pagar o seguro saúde de sua mãe idosa. Os proventos dos fundos imobiliários podem pagar o MBA em Columbia da sua filha.

O aumento de patrimônio via investimentos certeiros pode se traduzir em mais consumo e essa maior demanda pelos seus produtos pode fazer as empresas contratarem mais. Essa maior contratação derruba o desemprego e faz a economia girar.

O desenvolvimento do mercado de capitais é bom para um país. A sofisticação dos investimentos (feita devidamente, já falo sobre isso) é boa para as pessoas.

Evidentemente, se você é novo na B3, precisa estar de olhos atentos, como em qualquer outra atividade. Aliás, se você é velho, também, porque os velhos costumam inclusive ser mais perigosos; acham que “entenderam o jogo”. Se começou ganhando, então, piorou, porque haverá uma enorme tendência a se achar um super-herói. A grande metafísica das coisas é que não há metafísica em nada. Essa é a maior lição sobre os super-heróis.

Evidentemente, se você é novo na B3, precisa estar de olhos atentos, como em qualquer outra atividade (Imagem: pixabay)

Algumas coisas essenciais:

1 – Entenda que a renda variável varia. Por mais que o ciclo seja muito positivo para os ativos de risco brasileiros, como de fato me parece ser o caso, haverá choro e ranger de dentes no meio do caminho.

Sustos, sobressaltos, obstáculos, momentos em que vai parecer que não dará certo fazem parte do jogo. Esteja preparado, psíquica e financeiramente para isso. Jamais aloque em ativos de risco um dinheiro que você vai precisar em algum momento do horizonte tangível. De novo, o dinheiro da pinga, não do leite.

Até mesmo o investidor mais conservador pode ir para a Bolsa, basta calibrar adequadamente o tamanho de suas posições. Quanto você tolera perder sem se machucar? 1%? Então, ótimo. Comece com 1% em ações.

2 – Volto à questão dos super-heróis. Eles não existem, tá? Desencane de tentar adivinhar a hora certa de comprar e vender ações, fundos ou títulos do Tesouro. Ninguém sabe a hora de comprar e vender.

As séries financeiras obedecem a caminhadas aleatórias no curto prazo, a processos estocásticos, sem que consigamos identificar um padrão. Compre coisas boas e no preço certo — é o máximo que podemos fazer. Vale para você e também para seu gestor preferido. Não o superestime. Ele está no mesmo ambiente de incerteza e aleatoriedade que você. Acima de tudo, por favor, duvide de mim.

3 – Se você entendeu o processo pelo qual o Brasil está passando (caso contrário, volte ao terceiro parágrafo), talvez tenha percebido o ciclo positivo em curso no mercado de capitais brasileiro.

A valorização dos nossos ativos nos próximos anos tende a ser intensa. Tudo que você precisa fazer é não fazer cagada. Compre um bocado de boas ações em preços certos, um naco de títulos públicos de longo prazo e espere quieto por cinco anos. Isso vai ser surpreendente, eu aposto com você. Se estiver na dúvida sobre o que comprar, não invente moda — cuide de sua hiperatividade de outra forma.

Matricule-se num curso de teatro, vá fazer aula de canto e de piano, contrate um bom personal trainer. Não invente moda com seu dinheiro. O mercado financeiro é para investidores, não para modistas (embora as modistas sejam também bem-vindas, com o mindset de não inventarem moda por aqui, claro).

Comece por BOVV11 ou por bons fundos de ações. Há excelentes por aí. Entre fechados e abertos, citando alguns rapidamente (desculpe se esqueci alguém, já são 9h34): Dynamo, Atmos, Squadra, JGP Equity, SPX Equity, Leblon Equities, Núcleo, Brasil Capital, Velt, Equitas, Vinci, Alaska, HIX, Apex, Oceana, Constellation, Athena.

Se você é um desse 1,5 milhão de pessoas ou está no próximo 1,5 milhão para B3 até o fim de 2020, talvez eu possa lhe ajudar um pouco mais.

A Empiricus foi criada justamente para auxiliar as pessoas em suas decisões de investimento, a partir de uma equipe grande (são 35 pessoas só pesquisando as boas ideias) e não conflitada. Nosso único objetivo aqui é fazer você ganhar dinheiro, sem nenhuma taxa oculta, nenhum rebate, nenhuma corretagem. Zero.

Hoje, somos a única equipe grande atuando de forma independente (a Eleven Financial também faz um trabalho que eu respeito, mas está focada no mercado institucional, não no investidor pessoa física). E, por isso, acredito realmente que podemos te ajudar.

Com a boa informação, você pode fazer investimentos de qualidade surpreendente. Com a certeza de que somos o melhor lugar possível para lhe transmitir boas ideias para seu dinheiro e diante desse dia histórico para nosso mercado de capitais, hoje trago uma promoção inédita aqui.

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Gostaria muito de pedir esse voto de confiança para você, certo de que sua vida como investidor pode mudar a partir disso. São apenas R$ 5. Seja muito bem-vindo à B3, seja muito bem-vindo à Empiricus.