Feiras agro são retomadas prometendo até R$ 30 bi em negócios, máscaras, álcool em gel e candidatos
O canal de negócios da agropecuária brasileira, festeiramente aguardado a cada primeiro semestre e que foi interrompido com a pandemia, agora está sendo retomado com direito a movimentar, brincando, entre R$ 25 e R$ 30 bilhões. Com máscaras e álcool em gel, até onde se poderá controlar os milhões de participantes e públicos, as feiras já começaram a mostrar a que virão em 2022.
Entre grandes e famosas, e outras menos mas importantes regionalmente, o calendário pode ser destacado com 15 eventos entre os mais representativos, descontando-se a Show Rural Coopavel, que já ocorreu, e a Expoinel Minas, que está rolando até domingo.
As feiras que acontecem de abril em diante, nos dois últimos anos foram produzidas apenas online – entre as quais uma das principais, a Agrishow, de Ribeirão Preto -, o que não deve ser visto como comparativos de negócios gerados entre produtores de máquinas, insumos e tudo o mais que se imaginar em tecnologias e serviços com os produtores rurais.
O que vale mesmo é o presencial. Só a Show Rural (7 a 11), movimentou R$ 3,2 bilhões somente com expositores e nas rodadas de negócios, R$ 500 milhões a mais que a do ano retrasado, informou o presidente da cooperativa de Cascavel, Dilvo Grolli.
Desconta-se, nesta e nas demais, os serviços que pegam carona, que vão de vendas de chapéus e badulaques de toda sorte, às praças de alimentações.
Agro cresceu na pandemia
Os recordes que deverão ser batidos, em todas as frentes, além de condicionados à retomada física dos eventos, também estão dirigidos pelo avanço do agronegócio nestes dois anos loucos da covid.
Assim, por exemplo, a diretora de feiras da Informa Markets, promotora da Agrishow (25 a 29 de abril), já tem confirmada a presença de 800 marcas e presença de público acima de 150 mil pessoas, quando se conta, ainda, o fluxo de estrangeiros, inclusive fora da América do Sul.
Dos R$ 2,9 bilhões negociados na última, de 2019, cifras maiores são dadas como certas.
Lá da pequena Não-me-toque, no Rio Grande do Sul, que ainda não saiu da seca brava, espalhando prejuízos para produtores de soja e milho, entre outras cadeias – até o arroz, na região Sudoeste -, o empresário Nei César Manica não perde a esperança na Expodireto Cotrijal.
Uma das mais famosas do Brasil e do estado, ao lado da Expointer (a única do segundo semestre), em 2020 teve comércio de R$ 2,65 bilhões, 10% sobre a de 2019, a feira da cooperativa Cotrijal, presidida por Manica, já fechou mais dos que os 573 estandes do evento do ano I da pandemia.
Como tamanho não é documento, a CoplaCampo, que acontece semana que vem em Piracicaba, as previsões são de superação. Arnaldo Bortoletto, presidente da Coplacana, promotora do jovem evento (8 anos), não arrisca valores esperados, mesmo porque eles não procuram fazer esse levantamento junto aos expositores, mas com mais de 70 marcas presentes, a geração de negócios superará 2020.
Romaria de candidatos
As próprias cooperativas, que são as grandes promotoras, acabam multiplicando suas receitas a partir dos eventos. A Coplacana, por exemplo, com 31 filiais no Brasil, entra em 2022 representando as máquinas Massey Ferguson em várias cidades num raio de 200 kms de Piracicaba.
Do mesmo modo que o faturamento com negócios tradicionalmente é sempre crescente entre uma feira e outra, ano a ano, com e, principalmente, sem crise econômica, o destaque é o dinheiro que circula nas cidades e regiões.
Daí que a expectativa festeira dos agentes do agronegócio nacional se estende aos prefeitos, governadores e o comércio e serviços locais. Por sinal, em ano de eleições presidenciais, a romaria de candidatos está garantida
Em Ribeirão Preto, por exemplo, quem precisar de um hotel para o período, esquece. Já estão fechados desde o segundo semestre de 2021. Nem motéis se encontram disponíveis.
A estimativa dos organizadores da Agrishow é balizada pelos R$ 70 milhões que ficaram na cidade em cinco dias de 2019.
Show de faturamento é distribuído para as empresas de transportes. As aéreas agradecem também essa retomada presencial das exposições, num momento em que o patamar pré-pandemia das viagens de negócios ainda não foi atingido.
Vamos a um pedaço do calendário:
CoplaCampo – 21 a 24 de fevereiro – Piracicaba (SP)
Expodireto Cotrijal – 7 a 11 de março – Não-me-toque (RS)
Farm Show – 15 a 19 março – Primavera do Leste (MT)
Femec Minas – 22 a 25 março – Uberlândia (MG)
Show Safra – 22 a 25 março – Lucas do Rio Verde (GO)
Tecnoshow Comigo – 4 a 8 de abril – Rio Verde (GO)
Norte Show – 19 a 22 de abril – Sinop (MT)
Expozebu – 30/4 a 8 de maio – Uberaba (MG)
Bahia Farm Show – 31/5 a 4 de junho – Luís Eduardo Magalhães (BA)
Expointer – 27/8 a 4 de setembro – Esteio (RS)