Federal Reserve tem ferramentas para evitar deflação nos EUA, assegura vice-presidente
O choque do coronavírus na economia dos Estados Unidos não levará o país a uma deflação prejudicial dada a resposta do Federal Reserve e seu poder de fazer mais, disse o vice-chairman do Federal Reserve, Richard Clarida, nesta segunda-feira.
“A demanda é impactada de maneira muito adversa. No líquido, é desinflacionária. Não acho que seja deflacionária. Acho que temos as ferramentas para manter a economia fora da deflação”, afirmou Clarida em entrevista à Bloomberg TV.
A distinção é importante. O Fed tem como meta uma taxa de inflação de 2% e um período de desinflação – onde os preços ainda estão subindo, mas em um ritmo mais lento – significa que ela está ficando ainda mais longe desse objetivo.
Porém, a deflação se refere a um problema mais crônico, em que bens e serviços estão ficando mais baratos, e tem sido associada a episódios econômicos mais graves, como a Grande Depressão. Com a queda dos preços, os salários tendem a recuar, e as famílias diminuem os gastos.
Clarida observou que, depois que as preocupações com o coronavírus se intensificaram em fevereiro e março, os analistas a princípio consideraram um choque potencial para a cadeia de suprimentos global devido ao seu impacto na manufatura chinesa.
Isso provavelmente faria com que os preços subissem.
Clarida disse que, em vez disso, foi um duro golpe para a demanda, que, embora profundo, é algo que ele acha que o Fed tem o poder de combater.
“Sempre achei que, se fôssemos afetados, seria um choque para a demanda agregada, e é isso que eu acho que é”, afirmou Clarida. “Estamos tentando compensar isso” com programas que incluem empréstimos a empresas menores e governos estaduais.
O Fed também reduziu sua taxa de juros para quase zero, e qualquer conversa sobre aumento está a “um longo caminho adiante”, disse Clarida.