Federal Reserve tem consenso incomum sobre manter o juro nos EUA; veja documento
Os formuladores de política monetária do Federal Reserve concordaram na reunião final de 2019 que as taxas de juros provavelmente permanecerão estáveis por “um tempo”, enquanto o banco central dos Estados Unidos se concentra em uma nova articulação de seu arcabouço de política monetária. (veja o documento abaixo)
A ata da reunião de política monetária do Fed dos dias 10 e 11 de dezembro, divulgada nesta sexta-feira, também mostrou que os membros do Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto) estavam se preparando para discutir mudanças na maneira como gerencia a liquidez nos mercados financeiros, incluindo um mecanismo de recompra.
As atas do Fed geralmente estabelecem campos opostos na discussão sobre a mudança na posição da política monetária durante o encontro em questão. Mas isso não aconteceu no documento referente à última reunião, um reflexo do firme consenso no banco central no fim de 2019 de que havia feito o suficiente para proteger a economia de uma desaceleração, cortando as taxas várias vezes naquele ano.
Veja a ata:
“Os participantes julgaram que seria apropriado manter a meta para a taxa de juros”, de acordo com a ata.
Da mesma forma, a ata observou que os formuladores de política consideraram o atual nível da taxa “como provável que permaneça apropriada por um tempo” enquanto a economia permanecer no caminho certo.
Ao mesmo tempo, os banqueiros centrais dos EUA estavam envolvidos no que se tornou uma longa discussão sobre como gerenciar melhor a política monetária.
Os formuladores de política monetária concordaram que não “reafirmariam” um comunicado sobre as metas de longo prazo do Fed em janeiro, que se tornou rotina nos últimos anos. “O Comitê planeja revisitar esse comunicado mais próximo da conclusão da revisão, provavelmente em meados de 2020.”
A ata também trouxe que vários formuladores de política propuseram discutir, em reuniões futuras, questões incluindo o “papel potencial” de um mecanismo permanente de acordos de recompra, bem como “o estabelecimento de taxas administradas” e a composição de longo prazo das participações do Fed em Treasuries.
Wall Street
Após um aperto surpresa nos mercados de financiamento bancário em setembro, no qual os custos de empréstimos de um dia para bancos chegaram a 10% –quatro vezes superior à taxa de empréstimos do Fed na época–, o Fed lançou operações diárias de liquidez para impedir que o sistema financeiro se deteriorasse.
Desde então, o banco central tem fornecido, diariamente, cerca de 50 bilhões de dólares em crédito de um dia e de curto prazo aos bancos por meio de operações compromissadas.
Em outubro, o Fed passou a expandir permanentemente o tamanho de seu balanço –e aumentar o nível de reservas bancárias–, adquirindo 60 bilhões de dólares por mês em títulos do Tesouro dos EUA.
O período de final de ano foi motivo de especial preocupação para o Fed e Wall Street, que normalmente veem um alto nível de demanda dos bancos para garantir reservas adequadas para fechar o ano.
No fim de 2019, o Fed injetou cerca de 250 bilhões de dólares para impedir que as taxas repetissem a espiral ascendente de setembro e parece ter frustrado o temido aumento nos custos de empréstimos.
Porém, depois de evitar um aperto de financiamento no fim do ano, as autoridades do Fed devem decidir por quanto tempo continuar as operações diárias de recompra e se devem implementar um mecanismo permanente em seu lugar. Eles também devem decidir quanto tempo manterão suas compras de Treasuries, atualmente previstas que continuem no primeiro trimestre.
Comentários anteriores dos membros do Fomc sobre o tema indicam que um amplo consenso sobre como proceder em ambas as questões pode ser difícil.