Fed se prepara para atualizar cenários com inflação ditando as regras
O Federal Reserve, depois de correr atrás da inflação durante a maior parte do ano, olhará para o futuro até 2025 em novas projeções nesta semana, que mostrarão mais completamente a profundidade e a duração da “dor” econômica que os formuladores de política monetária do banco central esperam ser necessária para parar o atual aumento dos preços.
A história até agora não é bonita.
O ritmo dos aumentos de preços, que segundo a medida preferida do Fed está em mais de três vezes sua meta de 2%, quase não se moveu diante do conjunto mais rápido de altas das taxas de juros nos EUA em cerca de 30 anos.
As projeções –que devem ser publicadas juntamente com o comunicado de política monetária do Fed, às 15h (de Brasília), na quarta-feira– mostrarão o quão agressivamente as autoridades do banco central dos EUA acham que as taxas de juros devem subir para responder à onda inflacionária e quais rachaduras econômicas eles veem aparecendo em termos de crescimento mais lento ou desemprego mais alto.
As esperanças de uma “aterrissagem suave” –uma desaceleração da inflação em direção à meta de 2% sem recessão– podem não ter desaparecido: os integrantes do Fed dificilmente projetarão uma recessão econômica total, mesmo que as perspectivas compiladas em setembro se estendam em um ano, neste caso até 2025.
Fora do Fed, no entanto, há uma sensação crescente de que um pouso suave é improvável. Alguns analistas estimam que a taxa de desemprego, que atingiu 3,7% em agosto, pode precisar subir até 7,5%.
Um fim à vista?
As projeções econômicas atualizadas darão a indicação mais clara até agora do senso dos formuladores de política monetária do Fed sobre o ponto final para os juros –informação importante para investidores que tentam avaliar ativos ou compradores de imóveis que se perguntam quanto uma hipoteca pode custar no próximo ano.
Algumas autoridades ultimamente têm se esquivado de discutir o assunto em detalhes, cautelosos em estabelecer expectativas para depois terem de mudar de marcha.
As novas projeções, no entanto, incluirão estimativas anônimas de cada funcionário do Fed para em que ponto a taxa de juros deve estar ao fim de 2022 e nos três anos seguintes.
O chamado “dot plot” (gráfico de pontos) das estimativas dos sete membros do Conselho de Diretores do Fed e 12 presidentes de bancos regionais também inclui perspectivas para desemprego, inflação e crescimento econômico.
Enquanto a inflação continuar a se mover para os lados em vez de para baixo, no entanto, eles enfrentam um dilema sobre aumentar as taxas de juros para níveis ainda mais altos do que os atualmente previstos ou esperar que os aumentos já sinalizados acabem fazendo o trabalho.
Paciência ou uma arrancada final?
O viés por enquanto pode ser para a paciência. Um aumento de 0,75 ponto percentual dos juros na quarta-feira, que é o que os mercados esperam amplamente, seria o terceiro consecutivo “extraordinariamente grande”.
Autoridades têm sido que em algum momento vão diminuir o ritmo para fazer um balanço de como a economia está respondendo aos fortes incrementos nos custos de empréstimos.
A questão para os formuladores de política monetária do Fed é quão “restritivas” as taxas de juros precisam ser para controlar a inflação e como eles saberão que chegaram a esse ponto, dado que o impacto dos aumentos das taxas pode não ser sentido por meses.
As projeções divulgadas há três meses traçaram um caminho amplamente benigno, com a taxa básica de juros terminando o próximo ano em cerca de 3,8% e a inflação, pela medida preferida do Fed, caindo para cerca de 2,6%.
A diferença de 1,2 ponto percentual entre esses dois números, a chamada taxa “real” de juros ou ajustada pela inflação, mostrou o Fed se curvando à necessidade de uma política monetária mais rígida.
Qualquer coisa além de aproximadamente 0,50 ponto percentual é considerado restritivo.
Mas esse leve toque no freio foi visto como adequado para derrubar a inflação, com a taxa de desemprego devendo subir para apenas 3,9% em 2023 e a 4,1% em 2024, enquanto a estimativa para o crescimento do PIB permaneceu em 1,7%, próximo ao que o Fed considera como tendência de longo prazo.
O progresso decepcionante da inflação desde então, no entanto, levou o chair do Fed, Jerome Powell, a dizer no mês passado que manter os preços sob controle significaria “um período sustentado de crescimento abaixo da tendência” e um mercado de trabalho “abrandando” –um sinal de que as próximas estimativas podem mostrar pelo menos uma aterrissagem irregular, se não uma queda total.
Tendo esperado para começar a aumentar as taxas de juros, apenas para ver a inflação acelerar, “as consequências de ser enganado por um abrandamento temporário da inflação podem ser ainda maiores agora se outro erro de julgamento prejudicar a credibilidade do Fed”, disse recentemente o diretor do Fed, Christopher Waller.
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