Fed pode estar cada vez mais longe de cortar os juros; entenda más notícias dos dados de varejo
Os cortes nos juros americanos parecem estar cada vez mais distantes. Dessa vez, os dados que ajudam a entender os próximos passos do Federal Reserve (Fed) são os de varejo e do mercado de trabalho americano.
As vendas no varejo americano apresentaram uma recuperação menor do que a esperada para fevereiro, com os gastos dos consumidores desacelerando durante o primeiro trimestre do ano, enquanto a inflação aumenta.
A combinação na desaceleração econômica com um aumento maior do que o esperado nos preços aos produtores pode significar que o Fed está longe de cortar os juros ainda em junho, data que está entre as apostas do mercado.
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Chris Low e Mark Streiber, da FHN Financial, afirmaram à Bloomberg que “Quando o Fed estiver contemplando uma série de cortes nas taxas e for confrontado com um crescimento econômico subitamente mais lento e uma inflação subitamente mais rápida, eles responderão sempre às novas notícias do lado da inflação”.
Já Gino Olivares, economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, destaca que os resultados do PPI, tomados em conjunto com os resultados dos preços ao consumidor (CPI), ambos de fevereiro e divulgados esta semana, superaram as expectativas pelo segundo mês consecutivo, e deixam algumas dúvidas em relação à continuação do processo de desinflação nos Estados Unidos.
“Precisaremos esperar até a semana que vem para conhecer a interpretação que o Comitê de Política Monetária (FOMC) do Federal Reserve fará desses resultados. No entanto, a leitura predominante é que provavelmente será necessário mais tempo para que o FOMC possa, com segurança, iniciar o ciclo de afrouxamento monetário”, afirma.
Vendas no varejo e dados de emprego preocupam Fed
As vendas no varejo aumentaram 0,6% em fevereiro, de acordo com o Bureau of Labor Statistics, enquanto os dados de janeiro foram revisados para baixo, com as vendas caindo 1,1%, ao invés de 0,8%.
A inflação tem recuado, mas a preocupação dos economistas, ao observar os últimos dados divulgados pelo governo norte-americano, é que o progresso está estagnado, ou possivelmente começando a inverter.
O mercado de trabalho também relatou dados fortes, que corroboram a probabilidade do Federal Reserve demorar para realizar os cortes de juros.
Os pedidos de seguro-desemprego nos EUA foram inferiores em comparação com os dados inicialmente relatados.
O CME FedWatch Tool, ferramenta que analisa as probabilidades de cortes nas taxas de juros, mostra uma chance de 1% de reduções na próxima reunião do Fomc, marcada para o dia 20.