Internacional

Fed não reduzirá compra de ativos antes de 2022, dizem economistas

22 jan 2021, 15:23 - atualizado em 22 jan 2021, 15:23
Federal Reserve
O Fomc fará a primeira reunião de 2021 nos dias 26 e 27 de janeiro, uma semana após a posse do presidente Joe Biden (Imagem: Reuters/Chris Wattie)

O alto escalão do Federal Reserve se reúne na próxima semana e provavelmente adiará quaisquer mudanças em seu programa de compra de títulos até 2022, quando poderá começar uma redução gradual. A expectativa foi apontada por economistas sondados pela Bloomberg News.

Cerca de 88% dos 40 profissionais que responderam a um questionário entre 15 e 20 de janeiro afirmaram que o próximo movimento do comitê de política monetária (Federal Open Market Committee ou Fomc) será reduzir as compras gradualmente, em vez de aumentar o ritmo.

O Fomc fará a primeira reunião de 2021 nos dias 26 e 27 de janeiro, uma semana após a posse do presidente Joe Biden, que está pedindo US$ 1,9 trilhão em estímulo fiscal extra para ajudar a economia devastada pelo coronavírus.

O suporte adicional, além do pacote de US$ 900 bilhões aprovado pelo antecessor Donald Trump, aumentou as perspectivas de crescimento e inflação e melhorou as perspectivas para o desemprego, de acordo com a pesquisa.

A distribuição de duas vacinas nos EUA, o apoio fiscal mais robusto após os democratas assumirem o controle do Congresso e a continuidade do suporte monetário levaram à melhora das previsões de investidores para a economia dos EUA este ano. O rendimento do título do Tesouro com prazo de 10 anos subiu este mês para o maior nível desde março.

“O destravamento da demanda reprimida, impulsionada pelas políticas monetária e fiscal, eleva os riscos para o crescimento e a inflação no segundo semestre de 2021 e em 2022”, afirmou a economista Lynn Reaser, da Universidade Nazarena de Point Loma, na Califórnia, em resposta ao questionário.

O que dizem os economistas da Bloomberg…

“A Bloomberg Economics alerta para que os próximos movimentos não sejam interpretados como uma migração das autoridades para uma estratégia de saída tão cedo. O Fed procederá com extrema cautela para garantir que o chamado taper tantrum de 2013 não se repita.”

Muitos dos participantes revelaram que alteraram suas projeções devido ao estímulo fiscal. Quase todos elevaram as perspectivas de crescimento econômico, o que inclui o gasto público. Mais da metade afirmou que os recursos adicionais influenciam suas previsões de desemprego e quase 50% disseram que isso acarretaria variação em suas estimativas para a inflação no final deste ano.

O comandante do Fed, Jerome Powell, e colegas sugeriram que não enxergam qualquer razão para mexer nas compras de títulos ou nos juros tão cedo. “Agora não é hora de falar sobre saída”, disse Powell em um discurso online em 14 de janeiro.

No mês passado, o Fomc prometeu a continuidade das compras mensais de US$ 120 bilhões em ativos até que haja “substancial progresso adicional” em direção às metas de emprego e inflação. Os economistas participantes da pesquisa da Bloomberg não esperam que as metas sejam atingidas por um bom tempo.

O objetivo do Fed tem sido evitar volatilidade desnecessária, como o episódio que ficou conhecido como taper tantrum, em 2013. Na ocasião, o então presidente da instituição, Ben Bernanke, sinalizou uma retirada antecipada do programa de compra e os rendimentos dos títulos do Tesouro dispararam. A redução do programa de fato, em 2014, transcorreu sem solavancos.

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