Mercados

Fed: Mercados têm respiro após ata, mas alívio não deve durar, avaliam especialistas

25 maio 2022, 17:19 - atualizado em 25 maio 2022, 17:19
Federal Reserve
Apesar da reação positiva dos mercados à ata do Fed, esse “respiro” provavelmente acabará cedo, diz especialista (Imagem: Reuters/Chris Wattie)

O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, divulgou há pouco a ata da última reunião das autoridades monetárias do país, realizada no início do mês.

O tom do documento é rígido, mas veio em melhor forma do que o mercado estava esperando, avalia Marcelo Oliveira, analista e fundador da Quantzed. No mercado de ações norte-americano, os índices locais voltaram a ampliar os ganhos logo após a publicação da ata.

Autoridades do Fed concordaram na reunião que uma elevação de 0,5 ponto percentual na taxa de juros norte-americana era necessária para conter a crescente inflação.

Os juros dos EUA foram elevados para uma faixa de 0,75-1%. A revisão em 0,5 ponto percentual foi a primeira dessa dimensão em mais de 20 anos.

No documento liberado nesta quarta-feira (25), o Fed disse que, apesar do declínio no panorama geral de atividade econômica no primeiro trimestre, os gastos domésticos e os investimentos fixos empresariais seguiram com força.

“Os ganhos de trabalho têm vindo robustos nos últimos meses, e a taxa de desemprego caiu substancialmente. A inflação permaneceu elevada, refletindo a manutenção do desequilíbrio entre oferta e demanda, o aumento nos preços de energia e maior pressão de custos”, comunicou a ata.

As autoridades voltaram a mencionar as consequências da invasão da Rússia na Ucrânia, citando as “tremendas complicações humanitárias e econômicas para o povo ucraniano”. Elas também citaram os lockdowns na China, que devem agravar ainda mais as disrupções na cadeia de suprimentos.

O Fed ainda sinalizou que mais ajustes de 0,5 ponto percentual devem ocorrer nas próximas reuniões, em junho e julho.

Alívio de hoje do mercado vai durar?

Apesar da reação positiva dos mercados à ata do Fed, esse “respiro” provavelmente acabará cedo.

O especialista da Quantzed afirma que os mercados vão voltar a cair, uma vez que “o cenário mundial ainda é muito desafiador e tudo está mudando”.

“É só um respiro, nada muda. A dinâmica ainda é muito desafiadora para o Fed. O mercado sabe que vai ter muita drenagem de liquidez ainda. Não dá para se animar nesse respiro”, comenta.

Oliveira destaca que o Fed enfrentará um período ainda mais conturbado nos próximos meses, com a chegada do verão no país.

“No verão, a inflação de serviços será muito pressionada devido à demanda reprimida de muita gente que tem viagem contratada, independente da crise”, comenta. “Esse setor vai para cima de contratação temporária, o que vai bombar mais a economia”.

Segundo Rodrigo Simões, especialista em finanças e economia e professor da FAC-SP, a intenção pelo Fed de realizar novas elevações não é novidade, e parece que o mercado financeiro já precificou este impacto futuro.

Elevação de 0,75 ponto percentual fora da mesa?

Marco Caruso, economista-chefe do Banco Original, tem uma leitura mais dovish (menos agressiva) sobre a ata, com as autoridades falando “só de 50 pontos-base”.

“Nem teve uma discussão sobre uma elevação mais expressiva – ou seja, os 75 pontos-base estão fora da mesa”, diz.

A ata do Fed indicou que a redução do balanço de US$ 9 trilhões em junho segue como medida para mitigar a inflação. Caruso destaca, no entanto, que as autoridades monetárias são sensíveis à ideia de que o processo machucará os mercados, e por isso não devem realizar um aperto muito abrupto.

Além disso, o documento sugere que o ciclo de aperto não iria muito além do fim do ano.

“No fim do ano, depois de entregue todo o aperto, o Fed estaria bem posicionado para avaliar os efeitos. Para muitos, o ciclo não iria muito além de dezembro deste ano”, acrescenta o economista.

Com colaboração de Renan Dantas

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Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
diana.cheng@moneytimes.com.br
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.