Fed mantém juro estável e quer reduzir compras de títulos de dívida pública
O Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos) manteve as taxas de juros estáveis nesta quarta-feira em sua primeira reunião de política monetária do ano, com o chefe do banco central dos EUA apontando para um contínuo crescimento econômico moderado e um mercado de trabalho “forte”, não dando nenhum sinal de qualquer mudança iminente nos custos de empréstimos.
“Acreditamos que a atual postura da política monetária é apropriada para apoiar o crescimento econômico sustentado, um forte mercado de trabalho e a inflação retornando ao nosso objetivo simétrico, de 2%”, disse o presidente do Fed, Jerome Powell, em entrevista coletiva após a decisão unânime do banco central de manter a principal taxa de empréstimo overnight da economia entre 1,5% e 1,75%.
Ele observou sinais de que o crescimento econômico global estava estabilizando-se e diminuindo as incertezas em torno da política comercial, fatores que fundamentam as decisões do Fed de reduzir os juros em três oportunidades no ano passado.
Mas, acrescentou, “permanecem incertezas sobre as perspectivas, incluindo as colocadas pelo novo coronavírus”. O surto do novo tipo de vírus na China tem levado a temores de uma desaceleração adicional na segunda maior economia mundial.
“Estamos monitorando a situação com muito cuidado”, disse Powell, acrescentando que, embora as implicações do surto para a produção da China sejam claras, é “muito cedo” para determinar seu efeito ou impacto global nas perspectivas econômicas norte-americanas.
A declaração do Fed, destacando os sólidos ganhos de emprego, além do baixo desemprego, pouco foi alterada em relação à divulgada após a reunião do Comitê em dezembro.
“O Fed permanecerá em espera no futuro tangível, enquanto o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e a inflação não se movam para fora das bandas às quais estamos presos, ancorados em torno de 2%”, disse Chris Gaffney, presidente de mercados mundiais no TIAA Bank.
O Fed não forneceu novas orientações sobre sua prática atual de comprar 60 bilhões de dólares por mês em títulos do Tesouro dos EUA para garantir liquidez de curto prazo adequada aos mercados de financiamento bancário.
Mas Powell disse, em coletiva de imprensa, que o Fed provavelmente vai reduzir esse montante no período abril-junho, quando o total de reservas no sistema bancário provavelmente estará adequado.
Depois disso, compras seriam feitas e o balanço do Fed seria expandido na medida necessária para assegurar que o nível de reservas dos bancos permanecesse “amplo”, ele disse.
Os formuladores de política monetária do Fed estão discutindo como e quando encerrar as compras temporárias de Treasury bills (papéis de curto prazo), em andamento desde outubro, e que tipo de substituição permanente poderia ser usada para garantir que o banco central mantenha o controle sobre as taxas de juros.
O rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA caiu enquanto Powell falava, ao mesmo tempo que os índices de referência dos mercados de ações dos EUA desistiram da maior parte de seus ganhos no dia. O dólar ficou praticamente estável em relação a uma cesta das principais moedas de parceiros comerciais.
Ajuste técnico
Em uma decisão relacionada, o Fed elevou a taxa de juros que paga aos bancos por excedente de reservas em 5 pontos-base, para 1,60%, um ajuste técnico que, segundo as autoridades, visa manter a taxa das “federal funds” no centro do intervalo da meta.
A decisão sobre a taxa de juros era amplamente esperada, com dados econômicos recentes mostrando a economia a caminho de um crescimento contínuo e nenhum sinal de que inflação está subindo rápido a ponto de representar um risco que o Fed possa precisar enfrentar via custos mais altos de empréstimos para desacelerar a economia.
O Fed cortou os juros três vezes no ano passado para reforçar uma economia afetada por guerras comerciais e estabeleceu um padrão alto para quaisquer mudanças adicionais nas taxas.
O presidente do Fed, Jerome Powell, disse que uma “reavaliação material” das perspectivas econômicas seria necessária para qualquer mudança.
A avaliação do Fed sobre os gastos das famílias se enfraqueceu ligeiramente de um “ritmo forte” em seu comunicado de dezembro para um “moderado”. O Fed também observou que o investimento fixo das empresas e as exportações “permanecem fracos”.