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Fed fechará 2024 com ‘volta da vitória’, mas cenário para 2025 segue dúbio com Trump no poder, diz especialista da Avenue

17 dez 2024, 18:52 - atualizado em 17 dez 2024, 18:52
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(Imagem: REUTERS/Joshua Roberts)

O mercado já está certo de que o Federal Reserve (Fed) deve cortar a taxa de juros dos Estados Unidos (EUA) em 0,25 ponto percentual (p.p.) na reunião desta quarta-feira (18) – do intervalo de 4,50% a 4,75% para 4,25% a 4,50%. A ferramenta CME FedWatch, inclusive, mostra que há 95,45% de chances de um ajuste dessa magnitude. 

Para o coordenador de alocação e inteligência da Avenue, José Maria da Silva, a última decisão do ano deve se concretizar como a “volta da vitória” do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc). Diante de uma “economia saudável”, o Fed provará que conseguiu o tão almejado pouso suave (soft landing) e segue no processo de normalização da política monetária, que continua relativamente restritiva.

Silva destaca que a economia norte-americana segue em crescimento, o desemprego se aproxima das mínimas históricas e a inflação está perto da meta, apesar do núcleo ainda pressionado por moradia e seguros de automóveis.

“Em um cenário que era desafiador, o Fed conseguiu efetivamente controlar a inflação e voltar a cortar os juros e sem ter que reduzi-los de uma magnitude altíssima de forma acelerada, o que provavelmente resultaria em uma recessão ou em um cenário mais agressivo na economia”, diz.

Segundo o especialista, em entrevista ao Money Times, o corte de 0,25 p.p. é certeiro, uma vez que não há necessidade de um ajuste maior. “Se Fed continuar cortando muito, pode alimentar um aumento de inflação, que não é o desejado”, afirma.

Além disso, com a eleição de Donald Trump para a presidência dos EUA, há novas variáveis na mesa do Comitê que exigem cautela – uma vez que as propostas do republicano envolvem estímulo fiscal e outras questões inflacionárias.

Silva diz ainda que o Fed perderia espaço para reduzir os juros em um eventual cenário de recessão, se optasse por abaixar a taxa para cerca de 3% agora. “Se acontecer algo recessionário na economia, continua tendo espaço para estimulá-la através de corte de juros. Mas não é algo que alguém tenha na mesa neste momento”, diz.

“O Fed está em uma situação confortável, eles estão em um nível onde tem um juro real interessante, que está restritivo, sem ser muito restritivo.”

O Fomc divulga sua decisão para a política monetária amanhã (18), às 16h (horário de Brasília). O presidente da autarquia, Jerome Powell, concede entrevista coletiva na sequência, às 16h30.

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Cenário dúbio para 2025

Segundo o especialista da Avenue, o cenário volta a ficar dúbio no ano que vem. “O Fed tem mantido uma postura de data dependency, o que gerou um grau de cautela frente às possíveis políticas implementadas pela administração Trump”, afirma.

Tais medidas podem ser mais inflacionárias, além de possivelmente pressionarem o emprego no país – o que exigiria uma resposta monetária. Entre as propostas estão: redução de imposto sem controle de arrecadação, novas tarifas e deportação.

Após o corte na última reunião de 2024, Silva – assim como o mercado – espera que o Fed opte por uma pausa nos cortes, para apenas na segunda reunião de 2025 decidir se dá continuidade ao ciclo ou não.

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“Devemos ter um corte agora e, depois, o Fed vai entrar em pausa, com a próxima reunião logo em janeiro – até lá não vamos ter muita informação nova. A próxima reunião será somente em março, quando já vamos ter três meses de Trump e saberemos mais ou menos sua abordagem em relação à economia”.

O especialista também não descarta um risco de alta nos juros em 2025, apesar de não ser seu cenário base. “Um cenário em que a economia dos Estados Unidos se mantém altamente resiliente, o desemprego continua baixo e essas políticas tarifárias são implementadas gera uma inflação para cima e o Fed vai ter que começar a considerar voltar a subir juros.”

Editora-assistente
Editora-assistente no Money Times e graduada em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Entrou para a área de finanças e investimentos em 2021.
giovana.leal@moneytimes.com.br
Editora-assistente no Money Times e graduada em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Entrou para a área de finanças e investimentos em 2021.