Perspectiva Semanal

Semana de decisão de BCs terá primeira dobradinha Fed e Copom do ano

29 jan 2023, 16:00 - atualizado em 27 jan 2023, 14:58
Federal Reserve
Decisões de bancos centrais marcam a semana da virada de mês, com destaque para a “Super Quarta” do Fed e do Copom, seguida da “Super Quinta” europeia (Imagem: REUTERS/Jonathan Ernst)

A semana que marca a virada do mês ganha destaque para os mercados pelas decisões de bancos centrais. Os BCs dos Estados Unidos (Fed), do Brasil (Copom), da Inglaterra (BoE) e da zona do euro (BCE) reúnem-se logo no início de fevereiro. 

O destaque fica com a “Super Quarta”, quando acontece o primeiro “Fompom” do ano. Neste dia, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve e o Comitê de Política Monetária do BCB anunciam suas respectivas taxas de juros em um intervalo de poucas horas. 

E essa coincidência irá se repetir outras cinco vezes ao longo de 2023. Em março, maio, setembro, outubro e dezembro, ambos os Comitês voltam a se reunir nos mesmos dias. Não por acaso, em fevereiro, tem ainda a “Super Quinta” europeia um dia depois. 

Porém, cada autoridade vive um momento distinto no atual ciclo de política monetária. Enquanto o BC inglês e o BCE ainda apertam os juros a dose de 0,50 ponto porcentual (pp), cada, o passo do Fed e do Copom são mais incertos.

De um lado, a expectativa nos EUA é de redução no ritmo de alta dos juros, para 0,25 pp. Se confirmada, será a segunda desaceleração seguida. Afinal, em dezembro o Fed elevou a taxa em 0,50 pp, vindo de quatro altas consecutivas de 0,75 pp entre junho e novembro de 2022.  

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Fed e Copom: o que vem depois da pausa?

Depois disso, ainda se espera um ajuste residual de 0,25 pp, seguido de uma pausa estendida da taxa dos Fed Funds. Aliás, o Copom vive exatamente esse momento de manutenção dos juros por um período prolongado – depois de ter elevado a Selic por 12 vezes, no mais longo ciclo desde 1999.

A diferença é que enquanto a expectativa para o Fed é de cortes agressivos a partir de meados deste ano, aqui, cresce a previsão de uma taxa básica estacionada nos atuais 13,75% por ainda mais tempo. Mais que isso, o próximo passo do Copom pode ser para cima – e não para baixo. 

Com isso, as declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, e o comunicado do Copom, ambos após os respectivos anúncios no dia 1º, tendem a ajudar a traçar o plano de voo. Porém, o cenário à frente é nebuloso, sujeito a falhas operacionais na condução da taxa de juros – e na dinâmica dos mercados.

Mercado se decide antes

Afinal, ainda que os dados recentes apontem para uma resiliência da economia norte-americana, em algum momento, a atividade dos EUA deve parar, ficando à beira da recessão. Isso porque o aperto dos juros já feito pelo Fed ainda não se reflete nos lucros corporativos, a inflação não baixou para níveis aceitáveis e o desemprego ainda não subiu. 

O mesmo acontece no Brasil, que parece já ter caído no precipício, desprovido de uma nova âncora fiscal. Ainda assim, os “gringos” mantêm um apetite voraz pelo prêmio de risco no Brasil, dando ritmo ao Ibovespa. O ingresso de recursos externos na B3 abriu o debate sobre o dólar vir abaixo de R$ 5,00 em breve. 

Só que essa janela de oportunidade para os emergentes pode se fechar assim que os ventos favoráveis vindos do exterior mudarem de direção. Aliás, vale lembrar que a China volta nesta semana da longa pausa pelo feriadão do ano novo lunar de número 4.721, regido pelo Coelho.

O animal, que na sabedoria popular chinesa rege um período favorável à tranquilidade e à prosperidade, neste ano é associado à água. Esse elemento básico de característica líquida garante a fluidez necessária ao dinheiro. Mas onde é mesmo que se diz que “contra fluxo, não há argumento”?