Fed alerta para potencial impacto de políticas de Trump na inflação, mostra ata do Fomc
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O banco central dos Estados Unidos (EUA), Federal Reserve (Fed), está preocupado com o impacto das políticas tarifárias do presidente de Donald Trump na inflação, mostra a ata da última decisão divulgada nesta quarta-feira (19).
Na primeira reunião de 2025, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) optou por manter os juros de referência norte-americanos estáveis. Com isso, a taxa se manteve no patamar de 4,25% a 4,50% ao ano.
Segundo os diretores, as possíveis mudanças na política comercial e de imigração, bem como a forte demanda do consumidor, têm potencial de dificultar o processo de desinflação.
O Comitê ainda destacou que as empresas do país informaram que devem repassar os custos das tarifas de importação aos consumidores. “Os contatos comerciais em vários distritos indicaram que as empresas tentariam repassar aos consumidores os custos mais altos dos insumos decorrentes de potenciais tarifas”, disseram.
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Os membros reafirmaram o compromisso tanto em apoiar o emprego máximo quanto em retornar a inflação à meta de 2%.
Por outro lado, eles citam quatro fatores que devem ajudar a aliviar os preços: desaceleração no crescimento nominal dos salários; expectativas de inflação de longo prazo bem ancoradas; crescente poder de precificação empresarial; e a postura ainda restritiva da política monetária.
Além disso, o Fed afirmou que, com a oferta e a procura de empregos praticamente em equilíbrio e à luz dos recentes ganhos de produtividade, as condições do mercado de trabalho dificilmente seriam uma fonte de pressão inflacionária em um futuro próximo.
Os diretores indicaram que suas futuras decisões levarão em conta os dados que ainda serão divulgados, incluindo leituras sobre condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas de inflação. Eles disseram que gostariam de ver mais progressos na inflação para voltar a ajustar os juros.
As tarifas de Trump
Desde que assumiu o poder, no dia 20 de janeiro, Trump já anunciou outras mudanças de tarifas sobre produtos importados pelos EUA.
No início do mês, o presidente americano anunciou uma tarifa de 25% sobre os produtos do Canadá e México. No entanto, os dois países ameaçaram uma taxação contrária e conseguiram um acordo que suspende as tarifas por 30 dias.
Já a China foi taxada em 10% e não conseguiu uma negociação. Com isso, já passaram a valer medidas retaliatórias do país asiático contra os EUA.
Ele também assinou uma série de decretos que impõem tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio, cancelando as isenções e cotas isentas de impostos para os principais fornecedores, Canadá, México, Brasil e outros países.
O governo americano ainda ameaçou taxar a Colômbia caso o país não recebesse os imigrantes ilegais deportados de volta para o país latino.
Além disso, o republicano anunciou novas tarifas recíprocas para países que fazem negócios com os EUA. É esperado que as taxas variem de acordo com cada país.
Já ontem (18), o presidente voltou aos holofotes e afirmou que pretende taxar automóveis “em torno de 25%”, além de importações semelhantes sobre semicondutores e produtos farmacêuticos. A medida deve ser anunciada oficialmente na próxima semana.