Trump asfixia Irã, petróleo sobe, mas Petrobras cai; Ibovespa fica estável
O retorno do feriado foi marcado por poucas notícias de impacto em relação à tramitação da reforma da Previdência no Congresso. Os investidores estão aguardando as modificações do texto da reforma após acordo do governo com o Centrão na semana passada para evitar que não houvesse a admissibilidade do texto na CCJ. A expectativa é quanto a desidratação da proposta original do governo vai subtrair a economia pretendida de R$ 1,1 trilhão em 10 anos.
O anúncio do novo texto será nesta terça-feira e a admissibilidade vai ser debatida e votada em audiência na CCJ no mesmo dia às 14h30. O governo demonstra otimismo, de acordo com o vice-presidente Hamilton Mourão. O Palácio do Planalto prevê a aprovação do texto com uma margem amplamente favorável.
Se o plano interno pouco alterou a avaliação do risco do investidor, restou acompanhar a movimentação do exterior, apesar do feriado nas principais praças europeias. Dia foi marcado pela cautela, sob a expectativa da enxurrada de balanço de empresas listadas em Nova York nesta semana.
Além disso, questões geopolíticas deram a tônica, especialmente no mercado internacional do petróleo, com a renovação das máximas de 2019 após os EUA anunciarem que não vão renovar as isenções dadas aos importadores de petróleo do Irã, país que está sob sanções dos americanos.
O Ibovespa ficou a primeira parte da sessão no vermelho, mas durante a tarde chegou a passar dos 95 mil pontos. No entanto, o índice perdeu força e encerrou com uma leve alta de 0,01% a 94.588,06 pontos. O dólar oscilou pouco ao longo do dia e subiu 0,08% a R$ 3,9328.
Governo Trump asfixia de vez a economia iraniana
Os iranianos estão sob sanção econômica após o presidente dos EUA Donald Trump cumprir sua promessa de campanha, em maio do ano passado, e retirou os americanos do tratado que limitou o programa nuclear do Irã.
O objetivo, segundo Trump, é sufocar a economia iraniana, mas permitiu, em novembro, exceção para que alguns países continuassem com as compras do petróleo dos aiatolás até maio deste ano. A Casa Branca, hoje, anunciou que não vai renovar as concessões.
Há, desta forma, perspectiva de uma diminuição à oferta no mercado internacional de petróleo, pressionando os preços. Além da tensão EUA-Irã, os touros do petróleo apostam em sanções à Venezuela, a escalada do conflito na Líbia e os efeitos do corte da oferta dos países-membros da OPEP e aliados para apostar em uma escalada de preços ainda maior.
Com isso, o petróleo WTI, negociado em Nova York, encerrou o dia em alta de 2,58% a US$ 65,72, enquanto o Brent, referência mundial e cotado em Londres, subiu 2,99% a US$ 74,12. Resta os bears torcerem para que o receio de desaceleração econômica se concretize e reduza a demanda pelo ouro negro e, consequentemente, derrube os preços.
A PETR4 caiu 0,58% a R$ 27,44 mesmo com o petróleo favorável no exterior, enquanto a PETR3 teve uma pequena subida de 0,36% a R$ 30,87. Questionamentos sobre a real autonomia da estatal estão no radar dos investidores, que monitoram a possibilidade de uma greve dos caminhoneiros na semana que vem e se o governo pode, novamente, interferir na política de preço da petrolífera.
Nesta tarde, ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e o da Infraestrutura, Tarcísio Gomes, se reuniram com a categoria para ouvir as reivindicações.
Guerra das maquininhas de cartões
A PagSeguro (NYSE:PAGS) anunciou nesta segunda-feira que vai realizar pagamento instantâneo para transações com cartões em débito e crédito, tanto em compras à vista como parceladas, para todos os 4,1 milhões de clientes ativos.
O pagamento é válido também para as transações em finais de semana e feriados. A medida é mais um capítulo da guerra das adquirências de cartão de crédito, após Rede e Safrapay anunciarem redução da taxa de antecipação.
Se os empresários agradecem a concorrência entre as maquininhas de grandes bancos e as fintechs, o mesmo não deve ser dito dos investidores, que vê as empresas do setor apertarem cada vez mais as margens para garantir e expandir participação de mercado e, consequentemente, reduzindo parcela dos recursos destinados aos proventos.
Com isso, as ações do setor tiveram novo dia no vermelho, com exceção da própria PagSeguro. A Cielo (CIEL3) sofreu mais um duro golpe caiu 2,79% a R$ 8,02 no Ibovespa. Em Nova York, a PagSeguro subiu 1,50% a US$ 25,68, enquanto a Stone cedeu 2,23% a US$ 25,92.
Outras ações
A Vale (VALE3) perdeu 2,43% a R$ 51,30 pressionada pelo noticiário envolvendo potenciais desdobramentos do desastre do rompimento de barragem em Brumadinho (MG) no fim de janeiro. Reportagem do Valor Econômico traz que o relator da CPI de Brumadinho no Senado pretende propor em seu relatório final um aumento no imposto conhecido como Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem), espécie de royalty pago pelas mineradoras, para 10%.
A BR Distribuidora (BRDT3) saltou 2,93% a R$ 23,20 em meio a noticiário de que a Petrobras vai vender participação na distribuidora de combustíveis. A estatal afirma que estuda as melhores alternativas e não descarta oferta de ações, reduzindo seu controle de 71% para menos de 50% sobre a empresa.