Depois de um breve alívio, dólar fecha no maior nível desde janeiro de 2022, a R$ 5,58
Depois de interromper a sequência de altas na véspera, o dólar à vista (USDBRL) voltou a disparar nesta sexta-feira (28) e encostou em R$ 5,60 ao longo da sessão.
A moeda norte-americana fechou a R$ 5,5883, com alta de 1,47% no mercado à vista. Mais uma vez, o desempenho da divisa foi na contramão do desempenho do exterior.
As preocupações com o cenário fiscal pressionaram mais uma vez o real. A dívida bruta do Brasil subiu mais do que o esperado em maio, enquanto o setor público consolidado apresentou déficit primário maior que a expectativa, de acordo com dados divulgados pelo Banco Central nesta sexta-feira (28).
Além disso, a taxa de desemprego no Brasil caiu mais do que o esperado no trimestre até maio, chegando ao patamar mais baixo para o período em 10 anos, com o menor número de pessoas que buscavam uma ocupação desde 2015 e novo aumento da renda.
A taxa ficou em 7,1% no trimestre encerrado em maio, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado ficou abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de 7,3%.
Por fim, novas declarações do presidente Lula também movimentaram o dólar. O chefe do Executivo voltou a criticar o Banco Central e seu presidente, Roberto Campos Neto.
Em entrevista à rádio O Tempo, de Minas Gerais, ele afirmou que o atual patamar da taxa básica Selic, de 10,50% ao ano, é “irreal” diante de uma inflação que está controlada.
Ele também cobrou providências do BC sobre a taxa de câmbio. “Por que o dólar está subindo? Porque tem especulação com derivativos na perspectiva de valorizar o dólar e desvalorizar o real. E o Banco Central tem a obrigação de investigar isso”, disse Lula.
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Desempenho do dólar
Além da alta no pregão, o dólar avançou forte ante o real na semana e no mês. Confira:
- Na semana: +2,71%.
- No mês: +6,43%;
- No ano: +15,14%.
Motivo de preocupação do BC
Nesta sexta-feira, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse que há um cenário de rápida desvalorização do real e que a piora no câmbio é um fator que traz preocupação adicional para a política monetária.
Falando em evento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro, Galípolo afirmou que o tema que tem chamado mais atenção no momento é o câmbio, que deixa o Brasil “bastante descolado” de economias similares.
“O que há de novo é que a gente está assistindo a um cenário de uma evolução rápida da desvalorização do real perante ao dólar e tentando fazer uma comparação para ver o quanto essa performance pior, comparando com os pares, representa algum sinal adicional de atenção para a gente”, disse.
O diretor afirmou que uma das razões para a performance pior do real está na elevada liquidez do mercado brasileiro, o que acaba tornando o país uma “porta de saída” em momentos como o atual, de percepção que os juros nos Estados Unidos ficarão mais altos por mais tempo.
“Diversos elementos trazem preocupação, desde a piora que a gente tem nas implícitas — na diferença entre a taxa de juros nominal e real — , na questão do câmbio, com o real performando pior que seus pares agora, são vários desses elementos que trazem uma preocupação adicional para a política monetária”, afirmou.
*Com informações de Reuters