Dólar

Após renovar a máxima do ano mais uma vez, dólar fecha em alta a R$ 5,66

02 jul 2024, 17:43 - atualizado em 02 jul 2024, 17:43
dólar
(Imagem: REUTERS/Ricardo Moraes)

Os motivos para a contínua valorização do dólar ante o real não mudaram nesta terça-feira (2). Mais uma vez, a moeda norte-americana ganhou forças com a briga travada entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Banco Central (BC) — que tem gerado desconforto e insegurança no câmbio e nos juros.

O dólar à vista (USDBRL) encerrou o dia com alta de 0,20%, a R$ 5,6648 — um pouco abaixo da máxima intradia e na contramão do desempenho da moeda no exterior. Durante a tarde, a divida norte-americana alcançou a cotação de R$ 5,7009, com avanço de 0,84% no mercado à vista.

Na reta final do pregão, os ganhos da moeda dos Estados Unidos ante o real diminuíram em meio a rumores nas mesas de operação de que o BC estaria consultando Tesourarias de bancos sobre eventual intervenção no mercado de câmbio.

O que mexeu com o dólar hoje?

Mais cedo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a recente alta do dólar preocupa e que é preciso “fazer alguma coisa” para contê-la, em entrevista à Rádio Sociedade, em Salvador. “Obviamente que me preocupa essa subida do dólar. É uma especulação, há um jogo de interesses especulativos contra o real nesse país”, afirmou.

O presidente, porém, evitou detalhar qual medida será tomada “porque senão estarei alertando meus adversários”.

A fala de Lula passou a pesar sobre os negócios ao longo da manhã e as cotações do dólar ganharam força. Profissionais do mercado afirmaram que a possível intervenção do governo no câmbio gerava receios — em especial, a possibilidade do uso do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para segurar a escalada da moeda norte-americana.

“O ponto do IOF tem efeito contrário, ampliando a fuga de capital. Toda vez que o governo cogita usar o imposto, o que ocorre é a saída de capital para outros países, para paraísos fiscais”, comentou Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

A alta do dólar também teve contribuição de do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que fez novas declarações, em evento do Banco Central Europeu (BCE), realizado em Portugal. 

Ao lado do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, e da presidente do BCE, Christine Lagarde, Campos Neto disse que o risco de liquidez, em um cenário de juros e endividamento altos no mundo, é maior do que o precificado pelo mercado. 

Além disso, ele afirmou que Banco Central tem que ficar fora da “arena política”, argumentando que o tempo mostrará que o trabalho da autoridade monetária é técnico.

Para tentar apaziguar os ânimos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a alta do dólar é um ‘problema de comunicação’ a jornalistas.

“Eu acredito que o melhor é fazer [para conter o movimento de alta do dólar] é acertar a comunicação tanto em relação à autonomia do Banco Central quanto ao arcabouço fiscal. Não vejo nada fora disso”, disse Haddad nesta manhã (2), em Brasília.

“A comunicação sobre a autonomia do BC e a rigidez do arcabouço é o que vai tranquilizar as pessoas. O problema é mais de comunicação do que qualquer outra coisa”, afirmou o ministro.

*Com informações de Reuters 

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