Tem limite? Dólar à vista sobe a R$ 5,65, no maior patamar em mais de dois anos; veja cotação
Enquanto a cautela sobre o cenário fiscal não é dissipada, o dólar à vista (USDBRL) segue renovando os recordes na comparação com o real.
Nesta segunda-feira (1º), a moeda norte-americana terminou o dia cotada a R$ 5,6533, com alta de 1,16% no mercado à vista — o maior patamar desde 10 de janeiro de 2022, quando o dólar fechou a R$ 5,6742.
As preocupações com o cenário fiscal pressionaram mais uma vez o real, embaladas por novas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O chefe do Executivo voltou a criticar o Banco Central.
Em entrevista à Rádio Princesa, em Feira de Santana (BA), Lula disse que “quem quer o Banco Central independente é o mercado, que faz parte do Copom, que determina meta de inflação, que determina política de juros”.
Segundo ele, não se pode ter uma autoridade monetária que não está de acordo com o que a população quer. Ele disse que não dá para o presidente do BC, a quem se referiu como “cidadão”, ser mais importante que o presidente da República.
Além disso, o Boletim Focus mostrou a elevação das projeções para a inflação em 2024 e 2025. As expectativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano passaram de 3,98% para 4%.
Já para 2025, a aposta foi elevada de 3,85% para 3,87%. As projeções seguem acima do centro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 3% para 2024 e 2025, com intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.).
Mas a culpa não é só do Lula e da piora das expectativas para inflação, desta vez. O dólar acompanhou o desempenho no exterior, com o avanço dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, os Treasurys — que renovaram as máximas com a perspectiva de fortalecimento de Donald Trump na corrida eleitoral.
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Por que o avanço dos Treasurys valoriza o dólar?
Os Estados Unidos são a maior economia do mundo, e os títulos do Tesouro do país, principalmente os de longo prazo, são um “termômetro” dos investidores sobre a trajetória da economia norte-americana.
Sendo assim, os Treasurys são considerados o investimento considerado mais seguro do mundo. Então, em linhas gerais, quando o rendimento dos Treasurys aumenta, acaba atraindo capital de todo o planeta, inclusive aquele que está no Brasil.
O que, por outro lado, fortalecer o dólar — em relação a outras moedas —, já que a saída de recursos estrangeiros do Brasil, no caso, diminui o volume em circulação da moeda norte-americana no país.