FCStone vê entrega recorde de fertilizante no Brasil em 2020, mas reduz projeção
As entregas de fertilizantes aos agricultores do Brasil foram estimadas nesta quinta-feira em patamar recorde de 36,6 milhões de toneladas em 2020, alta de 1% ante 2019, com o setor de grãos impulsionando as aplicações, estimou a consultoria INTL FCStone.
Contudo, a FCStone reduziu previsão de entregas ao consumidor final do Brasil em 300 mil t na comparação com a estimativa inicial, citando uma situação menos favorável a produtores de algodão e cana, mais impactados que os produtores de grãos pela crise do coronavírus.
“Apesar de não impactar diretamente o mercado de adubos internacional, a pandemia do novo coronavírus instaurou um quadro de incerteza a nível mundial, influenciando as perspectivas de crescimento econômico de importantes consumidores do complexo NPK (nitrogênio, fósforo e potássio) e insumos”, disse.
A paralisação das atividades não essenciais, adotadas por diversos governos na tentativa de conter a disseminação da Covid-19, pode impactar setores nos quais as cotações permanecem em patamares mais baixos e menos rentáveis.
“Neste sentido, o nível de investimentos em fertilizantes por setores com custos de produção mais acentuados, como o cotonicultor e o sucroenergético, pode ser impactado, resultante da atual conjuntura dos preços internacionais das commodities e adubos mais onerosos no mercado interno.”
No que tange o setor de açúcar e etanol, especificamente, as recentes quedas nos preços internacionais do açúcar foram parcialmente compensadas pela forte apreciação do dólar frente ao real.
“Contudo, a receita das usinas sofre com a dinâmica do mercado de etanol, marcada por demanda arrefecida e preços baixos”, acrescentou a consultoria.
A FCStone destacou ainda que a taxa de câmbio brasileira atualmente impede que a queda das cotações internacionais do complexo NPK seja repassada completamente para o âmbito doméstico, “chegando a alterar a trajetória dos preços em semanas de desvalorização acentuada da moeda nacional”.
O Brasil importa a maior parte do fertilizante consumido. Em 2019, as importações somaram 29,5 milhões de toneladas, crescimento de 7,3% ante 2018, segundo dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda).
O consumo de fertilizantes no Brasil aumentou 2,1% em 2019 ante o ano anterior, segundo a Anda.