FBI poderia desbloquear iPhones de terrorista sem ajuda da Apple
O FBI pressiona a Apple para ajudar a agência a desbloquear os iPhones de um terrorista, mas o governo pode conseguir esse acesso sem a gigante de tecnologia, de acordo com especialistas em segurança cibernética e forense digital.
Os investigadores podem explorar uma série de vulnerabilidades de segurança – disponíveis diretamente ou por meio de provedores como Cellebrite e Grayshift – para desbloquear os celulares, disseram os especialistas em segurança.
Mohammed Saeed Alshamrani, autor de um ataque terrorista em 6 de dezembro em uma base naval na Flórida, tinha um iPhone 5 e um iPhone 7, modelos que foram lançados pela primeira vez em 2012 e 2016, respectivamente. Alshamrani foi morto e os aparelhos ficaram bloqueados, e o FBI teve que buscar maneiras de acessar os celulares.
“Um 5 e um 7? É absolutamente possível desbloqueá-los”, disse Will Strafach, um conhecido hacker de iPhone que agora comanda a empresa de segurança Guardian Firewall. “Eu não chamaria de brincadeira de criança, mas não é superdifícil.”
A avaliação não é compartilhada pelo governo dos EUA. Na segunda-feira, o procurador-geral dos EUA, William Barr, criticou a Apple, dizendo que a empresa não fez o suficiente para ajudar o FBI a desbloquear os iPhones.
“Estamos ajudando a Apple o tempo todo no COMÉRCIO e em muitos outros problemas, e eles se recusam a desbloquear telefones usados por assassinos, traficantes de drogas e outros elementos criminosos violentos”, disse o presidente dos EUA, Donald Trump, em um tuíte na terça-feira.
We are helping Apple all of the time on TRADE and so many other issues, and yet they refuse to unlock phones used by killers, drug dealers and other violent criminal elements. They will have to step up to the plate and help our great Country, NOW! MAKE AMERICA GREAT AGAIN.
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) January 14, 2020
Os comentários aumentam a pressão sobre a Apple para criar maneiras especiais para as autoridades acessarem os iPhones. A Apple não quis criar essas portas, dizendo que também poderiam ser usadas por criminosos.
De fato, Strafach e outros especialistas em segurança disseram que a Apple não precisaria criar uma porta para o FBI acessar os iPhones que pertenciam a Alshamrani.
Neil Broom, que trabalha com agências de polícia para desbloquear aparelhos, disse que a versão do software do iPhone 5 e iPhone 7 pode dificultar o desbloqueio dos aparelhos. Mas ainda seria possível.
“Se os telefones em particular estiverem em uma versão específica do iOS, pode ser tão fácil quanto uma hora e ‘boom’, estão dentro. Mas eles podem estar em uma versão iOS que não tem vulnerabilidade”, disse.
Na terça-feira, um porta-voz do Departamento de Justiça dos EUA disse que não tinha nenhuma atualização sobre os esforços do governo para desbloquear os dispositivos.
Na segunda-feira, a Apple disse que forneceu “todas as informações” relacionadas aos celulares por meio de serviços baseados na Internet, como o iCloud.
No ataque em San Bernardino, em 2016, o governo usou a tecnologia da Cellebrite para debloquear o iPhone e, se os especialistas em segurança estiverem certos, provavelmente também será o caso desta vez. Mas isso não deve solucionar o impasse entre o FBI e a Apple.
Está cada vez mais difícil para empresas como a Cellebrite desbloquearem iPhones, pois os aparelhos ficaram mais sofisticados, disse Yotam Gutman, diretor de marketing da empresa de segurança cibernética SentinelOne.
Desbloquear um iPhone 11, o modelo de smartphone mais novo da Apple, seria muito mais difícil, se não impossível, disse Strafach, da Guardian Firewall.