Economia

Fazenda eleva projeções de inflação para 2025 e 2026, mantém crescimento

19 mar 2025, 10:22 - atualizado em 19 mar 2025, 18:04
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(Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

O Ministério da Fazenda elevou suas projeções para a inflação brasileira em 2025 e 2026, mantendo ainda as previsões para o crescimento do país nos dois períodos, informou a Secretaria de Política Econômica (SPE) nesta quarta-feira (19).

Segundo boletim divulgado pela SPE, a Fazenda passou a ver o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechando este ano com alta de 4,9%, ante avanço de 4,8% na projeção de fevereiro. Para 2026, o ministério prevê que a inflação será de 3,5%, de 3,4% anteriormente.

A secretaria afirmou que “pequenas alterações marginais no cenário esperado” influenciaram a mudança na projeção do IPCA neste ano, acrescentando que a expectativa é de desaceleração dos preços dos alimentos, estabilidade no custo de serviços e aceleração nos preços de bens industriais até o fim do ano.

Em fevereiro, o IPCA subiu 5,06% no acumulado em 12 meses, no que foi a primeira vez que a taxa ficou acima de 5% desde setembro de 2023 (5,19%).

No documento, a SPE ainda indicou que as medidas recentes adotadas pelo governo para conter o avanço dos preços dos alimentos e a manutenção da taxa de câmbio em torno de R$ 5,80 podem provocar uma melhora nas projeções.

O governo anunciou no início do mês que iria zerar a alíquota de importação de uma série de produtos alimentícios, como carne, café, açúcar e milho, como parte de uma série de medidas para reduzir os preços de alimentos. A medida entrou em vigor na sexta-feira (14).

O dólar, por sua vez, tem se desvalorizado de forma acentuada ante o real neste ano, acumulando uma queda em torno de 8%, em movimento que vem na esteira de perdas amplas que a moeda norte-americana tem registrado nos mercados globais.

Às 9h46 desta quarta, o dólar à vista estava em R$ 5,6815 na venda.

No cenário à frente, a partir de 2027, a expectativa é de que o IPCA fique mais próximo do centro da meta perseguida pelo Banco Central — 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Sobre o cenário externo, a SPE destacou que as certezas cresceram nos últimos meses, citando os Estados Unidos.

“Políticas do governo americano relacionadas à imposição de tarifas de importação, cortes de pessoal e restrições à imigração têm gerado tensões comerciais e geopolíticas, intensificando o quadro de incertezas e a volatilidade nos mercados globais”, apontou o relatório.

“O aumento do protecionismo tende a pressionar a inflação, porém esse efeito pode ser mitigado pelo impacto negativo da maior incerteza sobre a atividade.”

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Além da Inflação: projeções para o PIB

Em relação ao crescimento econômico, a Fazenda manteve sua projeção de fevereiro de que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro crescerá 2,3% neste ano, assim como não alterou a previsão de expansão em 2026, a 2,5%.

A secretaria apontou que a desaceleração da atividade esperada para este ano, depois do crescimento de 3,4% registrado em 2024, reflete a redução de estímulos dos mercados de crédito e trabalho, o patamar contracionista da política monetária e as incertezas geopolíticas e comerciais no exterior.

O Comitê de Política Monetária (Copom) divulgará sua próxima decisão de juros nesta quarta, com ampla expectativa de que os membros subam a Selic em 1 ponto percentual, a 14,25% ao ano, como já sinalizado pela própria autarquia.

reuters@moneytimes.com.br