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Farmacêuticas iniciam ensaios de vacinas em gestantes

18 fev 2021, 11:20 - atualizado em 18 fev 2021, 11:20
Vacinas
Mulheres grávidas foram excluídas dos estudos de vacinas devido à falta de informações sobre segurança e risco potencialmente maior de eventos adversos, apesar dos apelos de muitos cientistas e médicos para a inclusão de gestantes (Imagem: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Desenvolvedores de vacinas contra a Covid-19 se preparam para iniciar ensaios em mulheres grávidas com o objetivo de provar que os imunizantes são seguros para gestantes.

A Pfizer e a parceira alemã BioNTech começaram os ensaios com sua vacina de RNA mensageiro em 4 mil mulheres nos últimos estágios da gravidez, de acordo com o site de registros de ensaios clínicos dos Estados Unidos. As empresas realizarão um estudo de estágio intermediário entre 350 voluntárias com 27 a 34 semanas de gestação para confirmar a segurança antes de passar para ensaios avançados entre mulheres com 24 a 34 semanas de gestação.

AstraZeneca e Johnson & Johnson planejam realizar ensaios nos próximos meses. É uma boa notícia para grávidas, que até agora têm enfrentado um difícil dilema: foram excluídas dos estudos de vacinas, porém são mais vulneráveis a casos graves de Covid-19. Alguns estudos também relacionaram a doença ao parto prematuro.

“Embora seja uma boa notícia que os ensaios de vacinas em mulheres grávidas estejam finalmente começando, os resultados desses testes provavelmente não estarão disponíveis antes do outono”, no hemisfério norte, disse Marian Knight, professora de saúde da população materno-infantil da Universidade de Oxford.

Mulheres grávidas foram excluídas dos estudos de vacinas devido à falta de informações sobre segurança e risco potencialmente maior de eventos adversos, apesar dos apelos de muitos cientistas e médicos para a inclusão de gestantes. Como resultado, EUA, Reino Unido e a Organização Mundial da Saúde desaconselharam a vacinação de mulheres grávidas, a menos que façam parte do grupo de alto risco, como profissionais de saúde da linha de frente.

O estudo da Pfizer-BioNTech será realizado nos EUA, Europa, América do Sul e África e se concentrará no terceiro trimestre da gravidez para minimizar o risco para bebês ainda em gestação, disse a BioNTech em comunicado por e-mail. As empresas não planejam avaliar se a vacina pode ter efeito preventivo para bebês após o nascimento.

A maioria das empresas também estabeleceu registros para monitorar participantes que conceberam após participarem de ensaios de vacinas. Astra e Universidade de Oxford disseram em painel nos EUA em janeiro que 21 mulheres dos ensaios ficaram grávidas após a vacinação, enquanto 23 que participaram dos estudos da Pfizer-BioNTech relataram no ano passado que estavam grávidas.

A diretriz atual do Reino Unido aconselha o adiamento da segunda dose da vacina se uma mulher de baixo risco engravidar após a primeira injeção.

Os ensaios de vacinas com crianças também só começaram nos últimos meses, e os primeiros dados são esperados em meados do ano. Embora as crianças geralmente não sofram de Covid grave, podem ser essenciais para prevenir a transmissão para pessoas vulneráveis, incluindo mulheres grávidas em casa.

Os Institutos Nacionais de Saúde dos EUA disseram na quarta-feira que iniciaram um estudo sobre os efeitos do remdesivir no tratamento da Covid-19 em mulheres grávidas. O antiviral da Gilead Sciences demonstrou acelerar a recuperação de casos graves e foi aprovado pelos EUA para uso em pacientes com Covid no ano passado.